Hoje em dia vivemos em um mundo muito mais evoluído, mais aberto, mais inclusivo. Mas ainda temos um longo caminho a percorrer para que a equidade de gênero não seja uma escolha que coloque um peso enorme nas costas das mulheres que decidem investir na sua carreira profissional de forma mais focada e intensa.

Hoje em dia nós somos profissionais, mães, esposas, donas de casa, responsáveis pelas finanças de casa, responsáveis pela escola dos filhos, muitas vezes responsáveis por cuidar também dos nossos pais, das plantas de casa e dos animais de estimação. As responsabilidades são quase infinitas, e a pressão que colocamos em nós mesmas tende a ser diretamente proporcional.

O equilíbrio de todos os pratos é muito difícil, e geralmente deixamos cair alguns deles. Seja nos cuidados com a nossa própria saúde (tanto física quanto mental e até mesmo financeira), seja não investindo em hobbies ou em atividades que nos tragam prazer.

Para que as mulheres profissionais consigam quebrar estes círculos viciosos, uma das principais ferramentas a que temos acesso é estruturar uma rede de apoio. As redes de apoio nos ajudam tanto no âmbito pessoal quanto no profissional para que se consiga dar conta de todas estas demandas sem incorrer em culpas ou cair na síndrome da impostora. Algumas dimensões dessa rede de apoio são centrais para que ela funcione de forma harmônica:

  • Família: Membros da família, como pais, cônjuges, irmãos e filhos, são as bases estruturais de uma rede de apoio. Desde suporte emocional, auxílio nas atividades do dia a dia e flexibilidade para lidar com responsabilidades familiares. Se nos espelharmos nas composições familiares de antigamente, onde a vida era muito mais comunitária do que atualmente, conseguimos tirar bons ensinamentos de como fazer. É só perguntar para uma avó, mãe ou tia como funcionava esta rede na época em que elas eram jovens e crianças.
  • Profissionais que apoiam a família no dia a dia: ter alguém de confiança para cuidar da sua casa e dos seus filhos é um dos fatores determinantes para o sucesso de uma rede de apoio. Creches, babás, serviços de limpeza, empregados domésticos ou cuidadores ajudam a aliviar o peso das responsabilidades domésticas, permitindo que as mulheres dediquem mais tempo às suas carreiras, à família ou às suas atividades pessoais.
  • Amigas(os) pessoais:  eles exercem um papel vital na rede de apoio pessoal, pois com eles geralmente a mulher consegue se abrir mais, ser mais espontânea, e consegue compartilhar seus medos e inseguranças. São aqueles que estão ao seu lado em todos os momentos, nos bons e nos ruins, e geralmente é de onde vem os melhores conselhos.
  • Mentoria e aconselhamento: Contar com pessoas experientes que já viveram situações muito parecidas com as que você está vivendo proporciona um estímulo e ao mesmo tempo um empurrão para que as mulheres consigam enfrentar desafios importantes de carreira, principalmente em ambientes muito masculinos, como é o de finanças, em que eu me encontro.
  • Networking: este tópico é praticamente “chover no molhado”, pois todos sabemos da importância do networking em nossas carreiras. Então apenas faça! Coloque uma meta de fazer contato com uma pessoa por semana que você não tenha falado nos últimos meses. E essa meta acaba no final virando um hábito. Com ele podemos criar conexões poderosas e acessar diversas oportunidades de carreira. Dica: tenha sempre um/uma colega de trabalho no seu trabalho atual com quem você possa contar com a sua ajuda nas mais diversas situações (e seja esse porto seguro para ele/ela também).
  • Associações de profissionais com perfil e desafios semelhantes ao seu: para que tentar inventar a roda quando podemos contar com associações cada vez mais relevantes, como é o caso da W-CFO Brasil, grupo do qual faço parte e que promove a integração de executivas de finanças com o objetivo de apoio mútuo, promoção da diversidade e inspiração para novos profissionais? A rede de apoio oferece um ambiente de empoderamento, onde as mulheres podem se sentir apoiadas e encorajadas a buscar seus objetivos profissionais. A troca de histórias de sucesso e insucesso fortalece ainda mais as nossas carreiras, além de nos dar mais força para a promoção da igualdade de gênero nas organizações.
  • Profissionais de saúde mental: ter um profissional como um psicólogo ou terapeuta nos ajuda a lidarmos com questões emocionais, comportamentais e mesmo com estresse de forma mais objetiva e estruturada, promovendo nosso autoconhecimento e bem-estar mental.

Se precisar, peça ajuda

Em resumo, uma rede de apoio é algo pessoal e único para cada mulher e cada momento de vida. Mas é algo que nos torna mais resilientes frente aos desafios, que nos dá clareza de quais caminhos seguir e nos dá segurança de que fizemos as escolhas certas.  Não é demérito pedir ajuda, não é demérito demonstrar fragilidade. Ao contrário, quanto mais abertas e sinceras nós somos, melhor vai estar formada a nossa rede de apoio.

Eu, como profissional que tem como base o planejamento financeiro e estratégico, acredito que uma rede de apoio pensada e repensada tende a ter muito mais sucesso e a ser muito mais relevante em nossas vidas. Não leva muito tempo, comece colocando essas perspectivas e criando metas simples e atingíveis para cada uma delas. Nunca vai sair tudo como planejado, mas vamos estar muito mais preparadas para o que a vida nos trouxer de desafios.

Por  Sabrina Torgan – Formada em Economia, com um MBA em Estratégia pelo INSPER. Com mais de 20 anos de sólida carreira no Brasil em industrias de diversos setores, ocupou cargos de liderança em planejamento financeiro e estratégico e em finanças em empresas como IBM, Gerdau, Alibem, Hertz Farma e agora atua no ecossistema de startups como CFO da biotech chilena PhageLab

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