Uma ideologia, no sentido filosófico, seria o estudo de uma ideia; entraria no campo da conceituologia, e até da doutrina, no primeiro aspecto um conceito base a ser trabalhado pelo individuo, no segundo aspecto uma teoria especial útil ao conhecimento. O problema é que usualmente a ideologia se fez mais na política, demonstrando, pois, não o respeito ao conceito e a uma doutrina necessariamente, mas à IDEIA VICIADA, pronta a ser praticada, sob quaisquer FINS, MEIOS e MÉTODOS. Não interessa o ponto de vista racional, que analisa as relações dos fatos, muito menos a verdade da aplicação ou do conteúdo, que é o âmbito lógico, tão pouco a questão emocional, moral, de violência, de certo ou errado, de princípios de vida, de costumes sociais, o que interessa é a ideia acima de tudo. O que fez transformar o conceito de “ideologia” numa ideia hegemônica, viciada, não passível de dialética, mas sobretudo defendida sob quaisquer meios de aplicação, desprezando o aspecto racional, lógico, emocional, moral, e até social, apenas para se DEFENDER AQUELE PONTO DE VISÃO. Em suma, a ideologia é uma forma de ideocracia, um extremismo, absolutismo de ideias. Ideologia virou um tipo de poder de alienação de ideias. O que nominamos de ideia viciada, sem conteúdos lógicos e científicos, conquanto seja tratada acima de quaisquer meios, para atingir um fim, que mesmo sendo má as formas, ou contraditórias as técnicas, deve ser aplicada a ideia acima do aspecto emocional, moral, racional, etc. A ideologia se fez com esta matiz de ideia totalitária, infelizmente.

Diferente é uma ideia teórica, que pode ser contestada, pode ser aplicada, pode ser melhorada, e não é aquele vício retórico, aquela verborragia, que sob quaisquer vestes se APLICA UMA MESMA COISA que transmite elementos contraditórios ou maus. Assim na economia, grandes autores fizeram estudos sobre o fenômeno patrimonial ou capitalístico, seja sob diversos carizes, seja sob milhares de métodos, sempre procurando entender o fenômeno econômico. Uma base que tivemos foi o ensaio teórico de Adam Smith, que por mais que tivesse falhas, estudava contundentemente os fenômenos econômicos, sociais, culturais das nações, fazendo entender como a riqueza dos povos se sustenta, e como pode ser usada para a prosperidade.

 Por mais que a maioria dos ideológicos critiquem Adam Smith, este autor não tinha vontades pessoais de poder, desejos de vingança, desejos de hegemonia, desejos partidários, desejos políticos, vontades de cobrança das “dívidas humanas”, muito menos planos ditatoriais, ao contrário, Smith é um pensador no conceito tradicional do termo, uma pessoa que faz uma análise profunda, um estudioso, um investigador, um acadêmico, um autodidata, que analisa a riqueza como fenômeno, e não como uma forma de poder. 

A visão da liberdade comercial começando com Smith, evoluindo com Malthus, Ricardo, depois Mill e diversos outros, colimou-se em criar uma teoria que permitia juntar o uso da riqueza humana para a melhoria da sociedade, e não para a divisão da mesma, tanto é que hoje os países livres, com mais livre comércio e livre empresa, são os que possuem OS MELHORES ÍNDICES DE QUALIDADE DE VIDA.

A questão da pobreza é relativa de acordo com a produção. Assim, se a produção do país cresce, considerando o respeito aos costumes sociais, à moral, à ética, mormente, evolua qualitativamente e quantitativamente, transmite-se o crescimento da renda por pessoa (per capita) transferindo-se o total para cada um. Embora o método dedutivo seja falho em alguns pontos, neste caso ele não erra: um PIB (Produto Interno Bruto) crescente, acima do crescimento da população, faz reduzir a pobreza e aumentar a prosperidade, evoluir o ganho das compras e reduzir a inflação. O resultado é o aumento da poupança interna, do capital das empresas, do emprego, e claro, do potencial do salário mínimo. Em outras palavras faz crescer absolutamente o potencial financeiro de vida das famílias dos cidadãos, reduzindo a pobreza, ou transformando um pobre de um país rico, num rico de um país pobre.

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É simples a análise: quando pegamos um país como os Estados Unidos que um pobre lá pode ganhar 17 vezes mais que um pobre no Brasil (o PIB de lá é de 134 trilhões de reais, o nosso é de 8 trilhões), considerando o que seria um produto interno agregando qualidade de vida financeira ao cidadão, atrelada a um ganho moral, social, cultural, econômico, entre outros mais na vida dos mais simples, concluímos que crescer o capitalismo destrói o volume de pobreza, ou se elimina a perda financeira das famílias, traduzindo em maior distribuição de renda para todos.

No fundo, a pobreza é relativa, se o PIB cresce ela começa a reduzir-se, todavia, fica sendo um valor maior que o anterior, logo, esta é a consequência de não se conseguir destruir a pobreza pois o PIB é limitado, ao passo que se pode controlá-la, o que é dar dignidade a todos os que trabalham, e este é o objetivo primaz de toda gestão nacional.

Os contrários à doutrina liberal foram os socialistas utópicos com Owen, Fourier, Simon, Blanc, Proudon e os socialistas “científicos”; todavia, caindo na mesma visão ideológica, que deveria existir uma associação que unisse a todos, mas quem não quisesse deveria ser agregado À FORÇA. Isso criou um tipo de AUTORITARISMO, que é visto obviamente em algumas partes dos socialistas utópicos, e boa parte da obra de Marx e Engels. No socialismo utópico havia a visão de um “albergue social”, na visão de Marx e Engels este “albergue” era o próprio Estado, e o meio para o Estado conseguir chegar nesta visão bonita mas com método falso, era a apropriação da propriedade privada. Logo, os marxistas pregam a taxação progressiva de impostos a ponto do Estado ser o dominador de tudo vagarosamente, ou seja, o Estado seria o todo-poderoso, com propostas de REVOLUÇÃO, que só poderia ser concretada por meio de DITADURAS. 

A colocação de um “fim belo”, todavia, sob meios autoritários, transformaria a proposta, mesmo que hipotética, num tipo de ideia extrema. Neste caso usando da força, e pela força, se alcançaria um fim. Ideologia como igual a Ideocracia. O problema é que nos países com “amor à justiça social” que não respeitaram os meios reais, técnicos, metodológicos, para se alcançarem o mesmo fim, o resultado foi inverso: os “salvadores” da nação deles, se transformaram nos “porta vozes iluminados”, da “palavra divina”, e construindo uma ditadura, foram donos dos países deles. O resultado é o que vemos hoje: não houve uma aplicação concreta, benéfica, e com realidade do fim desejado por parte daqueles que aplicaram seja em parte, seja totalmente, seja literalmente ou conotativamente as ideias socialistas, e o resultado sempre foi o aumento de pobreza, pela absorção da propriedade privada por conta do Estado, e claro, com um partido, de uma linha, geralmente a comunista, dominando ideologicamente os demais e as instituições do Estado que passam a ser aparelhadas sob a mesma ideia.

A formação da ideologia a partir dos autores do socialismo utópico e científico, prejudicou e muito as assertivas, pois, em vez de caminharem na estrada da cooperação – a mesma finalidade mais adequada na visão de Mario Ferreira dos Santos -, com o uso racional da riqueza, pregaram uma “nova pátria” que deveria haver um “dono”, eles mesmos, os “iluminados”, cuja forma não poderia se concretizar a não ser por uma ditadura.

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Não interessava se os meios fossem ilógicos, irracionais, psicopáticos, ou amorais, tinha que se aplicar a ideia sob quaisquer meios, e os resultados foram os piores possíveis: o real genocídio social com o controle alienado das cabeças, a destruição da democracia e dos direitos do cidadão, a destruição da economia e o aumento da pobreza, a ditadura aplicada porque a ideologia só a firma evitando as ideias diferentes, e a população escrava do Estado e do partido.

Nenhum deles conseguiu contradizer que o caminho da prosperidade humana não poderia passar pela riqueza, o que deveria ser o verdadeiro palco do debate, ou da concretização da antítese científica em prol do melhoramento da gestão da riqueza. Todavia, conseguiram na mera objeção, tendo o poder nas mãos, CONCRETIZAR O AUMENTO DA POBREZA HUMANA, DA MISÉRIA, junto à destruição total da democracia, com o povo sendo escravo do partido ideológico que estava à frente da ditadura.

Isso é ciência? Não! Isso é um tipo de projeto de poder. Ideologia neste sentido jamais pode ser conhecimento científico ou racional, pois, ele não permite a dialética, mas apenas atenta para o absolutismo de ideias e vedação do contrário. Então, quando a ideia é passiva de força, de domínio político, e de criação de um totalitarismo, a teoria vira ideologia, destruindo o meio social na sua aplicação, constituindo ideia falsa porque impede pela força política e pelo poder estatal, a condição de um melhoramento social, criando-se ditadura com o seu meio.

Em outras palavras, chamar as teorias legítimas econômicas de “ideologia”, sendo que não o são, e do outro lado as possibilidades de teoria não existem, mas somente ideologia, constitui inversão e acusação falsa de quem é partidário da ideologia, e não admite a verdade teórica e científica do outro lado. Isso é o que vemos no mundo atual no debate político e econômico vorazmente. Especialmente no mau epíteto que dão à teoria de Adam Smith.  

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