“Faça o inesperado. O previsível é tedioso. O previsível é desprezível”. Steve Strauss
Você costuma escutar o outro? E, se sente escutado? Pense bem. Para falarmos sobre uma escuta qualificada a compreensão da realidade do outro ou da sua há de brotar dessa troca. Porém, não é o que costuma ocorrer nas conversas (termos um espaço de liberdade e de autenticidade, aceitação e compreensão).
E, por que isso acontece? Podemos pensar que não fomos educados para escutar e, sim, para responder. E isso implica nos colocarmos na conversa, de alguma forma e de várias maneiras: dando conselhos, interrogando, julgando, contando a sua história, positivando a situação, contando piada ou mudando de assunto. Todas essas estratégias, chamadas de bloqueios da empatia, por melhor intencionadas que sejam, rompem o fluxo da conversa e não geram conexão, transformação, inovação ou aprendizado.
Segundo a filósofa Scarllet Marton “Toda dificuldade de comunicação se dá porque ao invés de conversar baseados em argumentos, nós nos deparamos o tempo todo com convicções”. Podemos pensar que essa ausência de escuta tem muito a ver com a nossa necessidade de controle, maior inimigo da conexão e também do medo do desconhecido e do que possa a vir a ser conhecido, ou seja, uma ameaça.
A escuta tem como elementos fundamentais a presença, a curiosidade, a humildade e a aceitação da realidade do outro. Isso não quer dizer necessariamente concordar e, sim respeitar. A escuta é uma habilidade que pode ser desenvolvida e treinada. Aprender a escutar o outro produz o chamado “paradoxo mágico”, segundo Mari Goulston, é quando a conexão acontece.
E isso se dá pelo atendimento de uma necessidade humana universal: sermos vistos e considerados. Quando isso ocorre, aumenta a probabilidade de sermos escutados, na sequência. Segundo o mediador de conflitos, Willian Yuri, a escuta é a parte esquecida da conversa. Muitos ainda pensam que comunica bem quem fala bem, no entanto, “Multidões são movidas por grandes oradores mas vidas são transformadas por grandes ouvintes”.
Vivemos a era da incompreensão.
Como podemos aprender a compreender? Para o filósofo Edgar Morin, podemos ensinar a compreender. A arte da escuta vem com esse convite de um olhar para a realidade do outro. Como se disséssemos: me mostra o teu mundo, a tua casa. O conceito de hospitalidade diz muito com o acolhimento amoroso que a escuta propõe. Que sejamos bons hóspedes quando formos convidados a conhecer a casa do outro. Segundo Ana Diskin, nos potencializamos quando somos respeitados.
Escutar é um espaço de ser e, ao mesmo tempo, de reafirmar a nossa interdependência.
Uma oportunidade de inovar, criar, aprender ou sustentar.
É através de uma escuta qualificada que desfazemos os “nós”que criam laços entre “Nós”. Se a gente se escuta, há encontro na convergência e, igualmente, na divergência.
“Mudar a maneira como você ouve significa mudar a maneira como experimenta os relacionamentos e o mundo. E se você muda isso, você muda, bem, tudo”. Otto sharmer
Fica o convite:
Faça o INESPERADO: ESCUTE, com presença, curiosidade, humildade e aceitação da realidade do outro.Você vai se surpreender.
Goreti Pereira
É facilitadora em comunicação não violenta pelo Instituto Tiê. Mentora e palestrante. É produtora de conteúdo no Instagram e Linkedin, com selo TOP Voice Comunicação. É co-autora no livro Conexões Construtivas