Em um país como o Brasil, onde a imprevisibilidade não é exceção, mas regra, fazer Relações com Investidores (RI) é mais do que uma função técnica — é uma arte de comunicar com propósito, clareza e resiliência.
Ao longo dos últimos anos, vivenciamos juros altos e baixos, reveses políticos, desvalorização cambial, eleições polarizadas, choques externos e surpresas domésticas. Ainda assim, o Brasil nunca deixou de ser um país de grandes oportunidades — justamente por ser, também, um país de grandes desafios.
Nesse contexto, o profissional de RI ocupa um lugar estratégico e delicado: precisa ser ponte entre o que acontece dentro da companhia e as expectativas (muitas vezes pressionadas) de quem está fora. Seu papel vai muito além de divulgar resultados ou coordenar o guidance. É sobre manter o investidor engajado mesmo quando a maior parte das variáveis está fora do controle da empresa.
Comunicação como ferramenta de confiança
A confiança é construída na constância e na coerência. Num cenário volátil como o nosso, o investidor valoriza quem comunica com transparência, sem promessas vazias ou jargões técnicos que escondem a realidade.
Fazer RI no Brasil exige:
- Escuta ativa: entender o que o mercado está perguntando — mesmo quando a pergunta não é dita.
- Clareza de narrativa: traduzir movimentos complexos em mensagens compreensíveis e acionáveis.
- Empatia estratégica: antecipar reações, preparar o Board, ajustar a comunicação conforme o público — do institucional estrangeiro ao acionista pessoa física.
- Firmeza emocional: especialmente quando se comunica resultados aquém do esperado ou mudanças relevantes na estratégia.
Um país desafiador, mas cheio de potência
Sim, o Brasil é desafiador. Mas quem atua em RI no país também aprende, na prática, a comunicar sob pressão, adaptar a mensagem ao cenário e encontrar o timing certo para contar a história certa.
É nesse caldeirão de desafios que se formam os melhores comunicadores financeiros — aqueles que unem técnica, sensibilidade e estratégia para gerar valor via narrativa.
Em tempos difíceis, a boa comunicação não é um extra. É um diferencial competitivo.
Quem domina essa arte tem mais chance de manter o investidor ao lado, mesmo quando o vento vira contra.