Ontem foi dia dos mercados operarem diante de grande pessimismo em função de uma penca de notícias negativas e fatores adversos. Logo cedo, o FMI (Fundo Monetário) anunciou suas novas projeções de PIB para o ano de 2020, todas mostrando piora da situação. Segundo o FMI, o PIB global de 2020 deve encolher 4,9%, de previsão anterior de -3%.
Na sequência, o PIB estimado para os EUA é de contração de 8% (anterior em -5,9%), na zona do Euro queda de 10,2% e mesmo a China positiva em 1% foi reduzida de +1,2%. Para o Brasil, o órgão estima que a contração do PIB será de 9,1%, de previsão anterior de -5,3%. Aqui, o Bacen ainda trabalha com contração do PIB de 6,4%.
Mas não foi só isso, ao longo do dia ainda tivemos a influência de fatores como a segunda onda de contágio pela covid-19, principalmente na Alemanha e nos EUA, com fechamento de áreas e comércio (lojas da Apple no Texas, por exemplo) dirigentes regionais do FED falando sobre as incertezas da recuperação, mas dizendo que o segundo semestre será melhor.
Conflitos entre os EUA e a China, com os EUA colocando a gigante de tecnologia Huawei na lista de empresas controladas por militares chineses. Trump também deu o tom dizendo que pode tarifar produtos da Europa, entendendo que levam muita vantagem no comércio com os EUA, e por conta disso, dólar se valorizando frente outras moedas do mundo. Aqui não foi diferente, com o dólar em boa alta e voltando para R$ 5,32.
Aqui, boa notícia só depois de pregão encerrado com a aprovação pelo Senado do marco regulatório de saneamento que pode carrear bons investimentos um pouco mais para frente, sendo esse o melhor projeto da área de infraestrutura.
Já hoje, o BCE (BC europeu) anunciou operação Repro de recompra de títulos para dar liquidez aos bancos centrais fora da zona do euro. Na Alemanha, o índice GFK de confiança do consumidor de julho observou melhora para -9,6 pontos, vindo de -18,6 pontos e acima do que estava sendo previsto. Com isso, mercados da Ásia operaram majoritariamente em queda, com Xangai em alta de 0,30%. Europa operando também no negativo nas aberturas, mas tentando passar para o campo positivo e futuros dos EUA com viés negativo.
Aqui, a Bovespa não deveria perder o patamar de 90 mil pontos, mas ainda está meio longe disso, pois encerrou em queda de 1,66%, e com índice em 94.377 pontos.
No mercado internacional, o petróleo WTI era negociado em queda de 1,08%, com o barril cotado a US$ 37,60. O euro era transacionado em queda para US$ 1,12 e o ouro e a prata na Comex em queda. Commodities agrícolas na Bolsa de Chicago com comportamento misto
Aqui, o IBGE na PNAD identificou que já foram transferidos R$23,5 bilhões em auxílio emergencial e o governo vai alongar esse benefício por mais dois ou três meses, porém, possivelmente com valores progressivamente menores. O INCC de junho registrou aceleração para 0,32%, vindo de anterior em +0,21 e o Bacen falando agora repete termos da ata da última reunião do Copom.
O dia é de agenda cheia e com capacidade de influir na tendência dos mercados. Teremos a divulgação do IPCA-15 de junho, com a prévia da inflação do mês, o Relatório Trimestral de Inflação, reunião do Conselho Monetário Nacional e a ata do BCE. Nos EUA teremos a terceira aproximação do PIB do primeiro trimestre de 2020.
Como dissemos, os mercados buscam alguma recuperação nesse início de manhã, e o mesmo pode acontecer por aqui, mas vamos depender dos dados anunciados e comportamento dos mercados no exterior. A expectativa é de Bovespa ainda começando no campo negativo, dólar pressionado e juros na dependência do IPCA-15, mas com viés de alta para os vencimentos mais distantes.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado