A pandemia do novo coronavírus tem sido teimosa com as ações das empresas de educação na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Mesmo com o tema de casa em dia, companhias como a Cogna (Kroton e Anhanguera) e a Yduqs (Estácio), outrora no rol das prediletas dos investidores, têm enfrentado quedas bruscas desde o início da pandemia. O adiamento da volta às aulas e o receio de cancelamentos maciços nas matrículas neste ano explicam por que as notas do setor mergulharam no vermelho nos últimos meses.

“Em 2020 o problema do segmento é a paralisação em razão da crise sanitária”, resume Bruno Mazzoni, analista de Investimentos do Clube dos Dividendos. Algumas empresas, além disso, já vinham em dificuldades em seus resultados, muito em razão da alavancagem nos últimos anos, quando o setor atravessou momento de forte expansão, e da mudança de perfil do ensino superior, cada vez menos irrigado com financiamento público e mais calcado no Ensino A Distância (EAD), geralmente menos rentável.

O consultor de investimentos André Musso lembra que mesmo empresas educacionais que têm o foco no EAD têm sofrido nos últimos anos. Ele cita o exemplo da SER Educacional, cujas ações caíram de R$ 28 para R$ 16 ao longo de 2020:

“A empresa até tem o patrimônio crescendo, receita também, mas há quatro anos não sai do lugar, o lucro não cresce de forma consistente. O ROI que já foi de 30% está em 10%, e em quatro dos últimos dez anos dá resultado negativo”, descreve Musso.

O setor educacional no Brasil movimenta R$ 174 bilhões todos os anos, e em abril, já com o efeito do coronavírus, teve índice de inadimplência elevado, de 26% – sete pontos percentuais acima de um ano atrás. Além do problema do coronavírus, desafia as companhias as constantes mudanças regulatórias e as sucessivas crises econômicas.

A Yduqs, com seu intenso apetite para fazer aquisições, também tem sofrido, e a ação caiu de R$ 49 para R$ 35 em 2020. No ano passado, o resultado da empresa foi 30% menor do que o anterior.

Bruno Mazzoni exemplifica os anos de dificuldade mencionando a Cogna. No ano passado, a empresa já havia sinalizado que não entregaria resultado interessante, com margem abaixo de 10%. No primeiro trimestre deste ano, o resultado veio com déficit e alta dívida líquida. Desde o início do ano, a ação da empresa caiu de R$ 12,20 para R$ 6,30, tendo chegado em R$ 3,66 em abril.

“É mais uma empresa que a ação ficou barata nos últimos meses em razão da crise. No entanto, em razão da paralisação do setor educacional e da alavancagem da própria empresa, é uma ação para pensar em retorno apenas em três ou quatro anos”, analisa o especialista.

Uma das preocupações de longo prazo dos investidores são os efeitos na educação enquanto a vacina do coronavírus não for descoberta. Em diversas sessões da bolsa em junho, o setor caiu em bloco com a perspectiva de retomada mais lenta das atividades presenciais em meio à pandemia. Um dos alertas foi o fechamento de escolas em Pequim após o surgimento de um segundo pico de coronavírus. Isso, para analistas, indica que a retomada das aulas pode ser mais incerta do que o previsto, cenário que também se aplica ao Brasil.

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