Mercados globais continuam operando com viés positivo, com liquidez abundante e esperança com recuperação econômica se sobrepondo sobre o risco de uma 2ª onda e o crescimento das tensões geopolíticas na Ásia.

Ranking de Ações: Cielo segue no topo do ranking nesta semana. Na lanterna está IRB Brasil (IRBR3). Quer acompanhar alguma ação específica? Sugira algum papel para adicionarmos no ranking.

CENÁRIO EXTERNO: INVESTIDOR NA BALANÇA

Mercados… Mercados asiáticos registraram desempenhos mistos, sem grandes destaques. Na zona do euro, índices de mercado dão sequência, mesmo que em menor magnitude, à melhora verificada nos últimos dias. O Stoxx 600, índice que abrange ativos de diversas regiões do bloco europeu, avança 0,9% até o momento.

Em NY, índices futuros também continuam apresentando ganhos, com variações positivas da ordem 0,5%, enquanto o dólar (DXY) continua a ganhar terreno contra seus principais pares. No plano das commodities, ativos se movimentam sem direção única. O preço do petróleo (Brent crude) recua 0,6%, ainda negociado acima dos US$ 40,50/barril.

Investidor na balança… Mercados globais voltam a abrir em alta nesta 4ªf, dando sequência ao movimento de valorização iniciado na tarde de 2ªf. A abundância de liquidez nos mercados e a expectativa pela continuidade na melhora dos dados econômicos tem levado investidores a marginalizar o aumento de alguns riscos no cenário.

Riscos… O recente salto no número de casos na China e nos Estados Unidos tem sido a principal fonte de preocupação nos últimos dias. A 1ª já passou a adotar medidas agressivas como o fechamento de escolas e cancelamento de centenas de voos para a contenção do que parece ser uma 2ª onda de contaminação da Covid-19. Nos EUA, mais de 20 estados também registraram aumentos no número de casos – destaque para o Texas e a Flórida – acumulando evidências do ressurgimento da pandemia na maior economia do mundo.

No pano de fundo, tensões geopolíticas entre China e Índia, além das recentes ações da Coreia do Norte contra a Coreia do Sul, elevaram a pressão sobre os mercados asiáticos.

Inflação europeia… O Índice de Preços ao Consumidor europeu mostrou uma deflação de 0,1 p.p. em maio, mês marcado pela manutenção das medidas de isolamento social em grande parte da região. No acumulado de 12 meses, a inflação da zona do euro se situa em 0,1%, 1,1 p.p. mais baixa do que o verificado no mesmo período de 2019 (1,2% a/a). Como destaque entre os componentes, os preços de energia lideraram a queda no índice no período (-1,2 p.p.) enquanto a categoria que engloba alimentos, bebidas e tabaco teve a maior contribuição positiva (0,64 p.p.).

A forte diferença entre os resultados dos membros do bloco, com Alemanha e França registrando inflação enquanto Itália e Portugal viram uma queda nos preços, corrobora com a visão de que a recuperação econômica será divergente no continente – fato que aponta para uma maior demora neste processo.

Na agenda… Após a divulgação da inflação europeia, a atenção se volta aos EUA, onde saem as concessões de alvarás para novas construções em maio (9h30) e os estoques brutos de petróleo do Departamento de Energia (11h30).

BRASIL

Moraes e a PF voltam a mirar bolsonaristas… O ministro do STF Alexandre Moraes autorizou a quebra do sigilo bancário de 10 deputados do PSL e um senador do PSD, que também é aliado do presidente Jair Bolsonaro. Simultaneamente, a Polícia Federal voltou a cumprir mandados de busca e apreensão nas casas de vários nomes associados ao presidente, entre eles o blogueiro, Alan dos Santos, e o vice-presidente do Aliança pelo Brasil, Luís Felipe Belmonte. A operação resultou de um inquérito que investiga o financiamento de atos antidemocráticos.

Alguns dos alvos já tinham sidos almejados por uma operação semelhante que ocorreu no final de maio como resultado do inquérito que investiga a disseminação de notícias falsas. Moraes é o ministro responsável por ambos os inquéritos.

Moral baixa… As repetidas operações da PF e a quebra de sigilo bancário dos parlamentares tem afetado o moral de todo o entorno do presidente. Os blogueiros que o defendem nas redes sociais estão especialmente frustrados após terem seus celulares e computadores aprendidos em duas ocasiões em pouco mais de duas semanas.

Já os deputados que foram alvos da quebra do sigilo bancário aumentaram o tom das críticas contra Moraes nas redes socais.

Bolsonaro não presta socorro… O presidente Bolsonaro tem tomado uma postura contida e pouca característica frente às ações orquestradas pelo STF. A sua inação deu vez a uma visível frustração entre os seus aliados que se sentem desamparados frente as “injustiças” impostas pela cúpula do Judiciário. O presidente se limitou a publicar mensagens nas redes sociais exaltando o teor democrático do seu governo. “Luto para fazer a minha parte, mas não posso assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas”, explicou o presidente.

Senado aprova MP da suspensão de contratos trabalhistas… O Senado aprovou ontem a MP 936, que possibilita a suspensão de contratos trabalhistas e a redução da jornada durante a quarentena. O programa torna o governo federal temporariamente responsável pelos salários de trabalhadores para evitar que as empresas sejam forcadas a demitir seus funcionários durante a quarentena.

A aprovação da MP sem alterações relevantes, que ocorreu de forma unanime por parte dos senadores, permitirá que o projeto siga para sanção presidencial. O governo também prepara um decreto para estender o programa de garantia dos salários por mais dois messes.

EUA renega promessa de apoio à candidatura brasileira ao BID… O ministro Paulo Guedes (Economia) foi informado pelo secretário do Tesourou americano, Steven Munchin, que o EUA pretende ter um candidato próprio na próxima eleição para Banco Interamericano de Desenvolvendo (BID). Anteriormente, o país norte-americano tinha prometido apoiar Rodrigo Xavier, ex-presidente do UBS e do BofA no Brasil, escolhido por Guedes como candidato do Brasil.

Os EUA não lançam um candidato próprio desde que o banco foi criado há 60 anos por se contentarem em ser o maior acionista da instituição. Segundo Munchin, o desejo de apresentar uma candidatura própria demonstra o compromisso do presidente Trump “…com a liderança dos EUA em importantes instituições regionais e com avanço da prosperidade e segurança no Hemisfério Ocidental.”

Copom… Depois do fechamento do pregão, o investidor deve se atentar ao Banco Central, onde o Copom profere sua decisão de política monetária. Com base na falta de pressões inflacionárias e forte deterioração da atividade econômica, esperamos que os formuladores de política monetária voltem a reduzir a Selic em 0,75 p.p., levando a taxa básica da economia para uma nova mínima histórica de 2,25% a.a.

Ainda, existe grande expectativa em torno do comunicado, que pode apontar uma pausa no ciclo, como sinalizado pelo Copom após a última reunião ou na continuidade dos cortes, confirmando apostas de grandes players do mercado.

Agenda… Após queda histórica das vendas no varejo em abril, o IBGE divulga o volume de serviços para o mesmo mês (9h). Para o mês, esperamos uma contração do setor da ordem de 10,0%, resultado que representaria uma queda de 15,0% em relação ao mesmo período no ano passado.

E os mercados hoje?… Mercados globais continuam operando com viés positivo, com liquidez abundante e esperança com recuperação econômica se sobrepondo sobre o risco de uma 2ª onda e o crescimento das tensões geopolíticas na Ásia.

Por aqui, há poucas mudanças no cenário. Assim como tem sido nos últimos dias, os atritos ente o presidente e o STF têm dominado as manchetes em Brasília. Com isso, o grande destaque da manhã acontece na fronte sanitária onde, com 34,918 novos casos, o Brasil registrou um novo recorde.

No fim do dia, o investidor ainda se atenta ao Copom, que deve levar a Selic a uma nova mínima e deixar pistas sobre a continuidade (ou não) do movimento de afrouxamento iniciado em meados do ano passado.

Assim, tendo em vista a manutenção do bom humor no exterior e falta de mudanças relevante por aqui, esperamos um dia de viés neutro/positivo para ativos de risco locais. No mercado cambial, a expectativa com Copom deve continuar mantendo o real pressionado contra o dólar.

Por Guide Investimentos

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