O dia foi de mercados tentando manter tendência positiva, mesmo com o agravamento da situação pela covid-19 em alguns países, obrigando Pequim, por exemplo, intensificar medidas restritivas. Mas ao longo do dia, a situação foi melhorando ao ponto dos mercados americanos passaram para o campo positivo e Bolsas europeias encolherem a queda. Aqui, em dia de vencimento de opções, o mercado ficou toda manhã em queda para melhorar e até transitar pelo positivo no meio da tarde.
Alguns fatores serviram para aliviar os investidores. Aqui, o ministro Paulo Guedes disse que deve nomear Bruno Funchal para o lugar de Mansueto de Almeida na secretária do Tesouro, sendo visto como um bom quadro e com experiência, pois foi secretário do Tesouro do Espírito Santo.
No exterior, o FED anunciou que vai comprar títulos corporativos de forma diversificada (o Bacen também quer fazer isso aqui), animando os investidores e mexendo no equilíbrio cambial e taxa de juros por lá e também aqui no Brasil. Podemos citar ainda as declarações do assessor de Trump, Kudlow, que disse que a recuperação americana será em “V” (diferente da projeção do FED, e que o presidente Trump quer seguir reduzindo impostos da folha de pagamentos. Igualmente, Mary C. Daly do FED de São Francisco declarou que os membros do FED precisam ser flexíveis e estar preparados para fazer o que for necessário para mitigar impactos da covid-19.
Outro assessor de Trump, Mike Pompeo, manteve contato com a União Europeia, mas membros da União Europeia negam a busca de uma aliança anti-China liderada pelos EUA. O FMI declarou que 170 países vão terminar o ano de 2020 com renda per capita inferior ao final do ano de 2019.
No mercado internacional, o petróleo também reverteu queda do início da manhã e mostrava alta de 1,96%, com o barril cotado a US$ 36,97. O euro era transacionado em alta para US$ 1,13 e notes americanos de 10 anos com taxa de 0,71%. O ouro em baixa e a prata em alta na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago.
No segmento local, a pesquisa semanal Focus veio com a inflação em alta de 1,60% em 2020, de anterior em 1,53%. A taxa Selic que será definida na quarta-feira estará estabilizada em 2,25% e o PIB encolhendo 6,51% no ano, vindo na pesquisa anterior de -6,48%. O dólar projetado do final do ano caiu para R$ 5,20, de anterior em R$ 5,40. O saldo da balança comercial estimada para o ano subiu bastante para US$ 52,5 bilhões, vindo de US$ 47,7 bilhões.
O Bacen anunciou que em reunião extraordinária de sexta-feira instituiu o sistema de pagamentos instantâneo (SPI) que deve começar a rodar em novembro e vai facilitar bastante as transações. O secretário Mansueto, que está de saída, disse que o desafio das reformas é um bom diálogo político para acalmar os investidores e a Cielo e o Facebook fechou uma parceria para pagamentos usando a plataforma WhatsApp.
No mercado local, o dólar observou grande volatilidade durante o dia chegando a bater em R$ 5,21, para encerrar o dia em R$ 5,13, com valorização de 1,78%. No mercado internacional, dia de queda de 0,66% da Bolsa de Londres, Paris com -0,49% e Frankfurt com -0,32%. Madri em dia de queda de 0,46 e Milão com alta de 0,43%. No mercado americano, o Dow Jones encerrou com +0,62% e Nasdaq com +1,43%. Na Bovespa, dia de queda de 0,45% e índice em 92.375 pontos. Petrobras e Vale em altas são bons indicativos.
Na agenda de amanhã teremos as vendas no varejo de abril, a inflação medida pelo IGP-10 de junho e o IPC-S da segunda quadrissemana de junho. Nos EUA teremos vendas no varejo e produção industrial de maio, a confiança do construtor de junho (NAHB) e discursos de Jerome Powell e Clarida do FED.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado