Hoje foi mais um dia daqueles bem positivos para os ativos de risco em todo o mundo, começando logo na madrugada pelos mercados da Ásia, passando pela Europa e EUA e embarcando a Bovespa na quarta sessão consecutiva de boa valorização. Aqui o dólar também voltou a cair forte.

O motivo segue sendo a reabertura de diferentes economias e sem relatos de incidência de uma segunda onda de contágio. Além disso, o apetite ao risco foi ampliado, depois de intenso período de aversão ao risco e fuga para o dólar. O dólar vem se mostrando mais fraco nos últimos dias exatamente por conta desse apetite, com o fluxo revertendo para mercados acionários e moedas periféricas.

Além disso, tivemos bons indicadores de conjuntura sendo anunciados. Os indicadores de atividade em serviços melhoraram em maio para todos os países como analisado durante a manhã, e nos EUA o PMI subiu para 37,5 pontos e o ISM de Chicago para 45,4 pontos, quando o previsto era 44 pontos.

Até no Brasil esse indicador PMI evoluiu em maio para 27,6 pontos, de anterior em 27,4 pontos. Ainda nos EUA, as encomendas à indústria encolheram 13% em abril, mais que o previsto. A pesquisa ADP sobre criação de vagas no setor privado precede ao payroll e saiu na sexta-feira com -2,76 milhões, mas o previsto era queda de 8,7 milhões.

Dado importante foi o anúncio do FED de expansão do programa de empréstimos para governos estaduais e municipais como parte daquele programa de US$ 2,3 trilhões. O presidente Trump disse não estar feliz com nada do que tem acontecido na China e disse que a participação russa na reunião do G-7 era questão de bom senso, pois muitos assuntos versam sobre Rússia. Já o banco central do Canadá (BOC) manteve a taxa de juros inalterada em 0,25%.

O G-7, FMI e Banco Mundial vão rever pagamentos de dívidas de países de baixa renda, o que é mais um alívio. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,33%, com o barril cotado a US$ 36,69, mesmo depois de ter sido anunciada queda nos estoques de óleo e derivados na semana passada nos EUA. O euro era transacionado em alta e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,69%. O ouro e a prata em queda na Comex pelo maior apetite ao risco e commodities agrícolas com comportamento de alta na Bolsa de Chicago.

Aqui o IBGE anunciou a produção industrial de abril em queda de 18,8%, no ano com queda já de 8,2%, a maior queda da série histórica. Bens de capital encolheram em abril 41,1%, e podemos citar a contração em veículos de 88,5%. Pior que essa queda já esperada será retomada desequilibrada da produção e o que isso pode trazer de transtornos para aquelas cadeias de produção que dependem de fornecedores, muitos sem o capital de giro para reiniciar a produção.

Também tivemos notícias de que o Brasil perdeu espaço nas aplicações de fundos estrangeiros, retroagindo ao nível de 2015, muito por conta das complicações políticas e descoordenação no combate a covid-19. Mas lembramos que o Tesouro fez hoje captação externa de US$ 3,5 bilhões para cinco e dez anos, antecipando vencimentos que irão ocorrer. Do lado político, Rodrigo Maia disse ter tido informação que os recursos devem começar a chegar aos Estados e Municípios em 9/6.

O Banco Central também anunciou que o fluxo cambial de maio foi positivo em US$ 3,08 bilhões, mas no ano, o saldo é ainda negativo em US$ 9,65 bilhões. Os Bancos encerraram o mês de maio vendidos em US$ 25,5 bilhões e a posição cambial líquida estava em US$ 299 bilhões.

No mercado, dia de DIs com comportamento de queda para os juros e dólar em mais um dia de forte queda chegando em R$ 5,01, para encerrar o dia em queda de 2,28% e cotado a R$ 5,09. Na Bovespa, na primeira sessão de junho os investidores estrangeiros sacaram R$ 65,4 milhões, deixando o saldo de 2020 com saídas líquidas de R$ 76,9 bilhões.

No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de 2,61%, Paris com +3,36% e Frankfurt com +3,88%. Madri e Milão com valorizações de respectivamente 2,95% e 3,54%. No mercado americano, dia de Dow Jones com +2,05% e Nasdaq com +0,78%, principalmente depois da fala do FMI sobre ajudas e gastos pelos países. Na Bovespa, dia de alta de 2,15% e índice em 93.002 pontos, e na máxima atingindo 93.710 pontos.

Na agenda de amanhã teremos a produção de veículos pela Anfavea e nos EUA os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior, saldo da balança comercial de abril e dados da produtividade do trabalho no primeiro trimestre.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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