A primeira revisão do PIB do primeiro trimestre de 2020 nos EUA mostrou uma queda (qoq anualizada) mais acentuada do que o verificado na leitura inicial (-5%, vs. -4.8% anteriormente).
Por dentro do índice, destaca-se o melhor comportamento do consumo das famílias, que mostrou queda de -6.8% ante leitura inicial de -7.6%. A melhora ocorreu tanto em bens (que havia contribuído negativamente para o índice anteriormente, e passou a contribuir positivamente) como em serviços.
Por outro lado, o investimento mostrou um quadro pior do que o exposto na leitura inicial, com revisão da queda de -5.6% para – 10.5%. Com isso, o índice praticamente dobrou sua contribuição negativa de -0.96% para -1.83% no trimestre. Pela classificação adotada, este movimento foi puxado principalmente por uma revisão significativa em estoques de contribuição de -0.53% para -1.43%.
O que pode ser colocado como alento é que residential investment confirmou o forte avanço verificado inicialmente, apesar de amplamente compensado pela forte retração em nonresidential investiments.
As exportações líquidas contribuíram marginalmente mais do que o visto na leitura inicial (1.32% contra 1.30%), com colapso de importações superando largamente o colapso nas exportações, o que mostra a evidente retração na demanda norte-americana.
Finalmente, os gastos do governo contribuíram positivamente com 0.8% ante suposição anterior de 0.7%.
Em suma, o dado mostra grande contração da demanda agregada nos EUA. Exportações líquidas contribuem positivamente por um colapso nas importações que mais do que compensam o fraquíssimo desempenho das exportações.
Para a frente, o cenário para o segundo trimestre permanece de forte deterioração. Recuperação sequencial do PIB deve ocorrer somente a partir do terceiro trimestre deste ano.
Felipe Sichel
Estrategista do banco digital modalmais
Fonte: https://www.modalmais.com.br/blog