CENÁRIO EXTERNO: OTIMISMO CAUTELOSO

Mercados… Mercados asiáticos iniciaram a semana em tom predominantemente positivo, com altas para as bolsas de Tóquio, Hong Kong e Xangai. Na zona do euro, índices de mercado também refletem um maior otimismo com a reabertura gradual dos negócios. O Stoxx 600, índice que abrange ativos de diversas regiões do bloco europeu, avança 1,0% até o momento. Em NY, índices futuros operam na mesma direção, com altas da ordem de 1,0%, enquanto o dólar (DXY) registra leve baixa contra seus principais pares. Bolsas não abriram para negociações nos EUA em função do feriado do Memorial Day. No plano das commodities, ativos se movimentam sem direção única. O petróleo (Brent crude) opera estável, negociado acerca dos US$ 35,00/barril.

Otimismo cauteloso… Mercados globais iniciaram a semana em tom positivo, com investidores avaliando o crescente número de evidências que o número de casos da Covid-19 está passando por uma estabilização nas economias desenvolvidas, a reabertura gradual dos negócios em diversos países e sinais de que o nível de atividade está se recuperando na esteira deste movimento. Na contramão, o aumento nas tensões entre China e Estados Unidos se consolida como uma das principais ameaças à recuperação dos mercados. A sessão desta 2ªf promete baixos volumes de negociação, com feriados nos EUA e no Reino Unido mantendo mercados fechados.

Avanços no fronte da Covid-19… Há grande expectativa de que o governo japonês retire a capital, Tóquio, e regiões que a cercam da situação de Estado de Emergência já nesta 2ªf. A medida segue uma maior estabilização do número de casos na região; que vem acompanhada da reabertura de escolas na Austrália e redução considerável no número de mortes na região norte da Itália. Ao todo, os números vão corroborando com o maior otimismo que tem se verificado em relação à sustentabilidade da reabertura dos negócios nas economias centrais.

China alerta para 2ª Guerra Fria… Ao anunciar planos de sancionar uma lei de segurança nacional em Hong Kong; o governo chinês incitou uma onda de protestos na região ao longo do final de semana, além de uma resposta quase que imediata do governo americano. O governo americano adicionou 33 novas entidades chinesas ao blacklist comercial do país; ameaçando levar o conflito ideológico entre as duas maiores economias do mundo para novos patamares. A decisão vem um dia após o ministro de relações exteriores, Wang Yi; acusar os formuladores de política nos EUA de estarem buscando uma 2ª Guerra Fria no conflito com os chineses. Como resposta à medida, o ministério de relações exteriores já publicou uma nota pedindo que os americanos “corrijam seus erros”; voltem atrás em decisões relevantes e parem de interferir em assuntos domésticos da China.

IFO aponta leve melhora na Alemanha… Na madrugada desta 2ªf, o índice IFO de clima de negócios na Alemanha; maior economia europeia, mostrou que o início da reabertura dos negócios já começa a melhorar a percepção das empresas sobre o futuro. O índice avançou de uma leitura de 74,2 em abril para 79,5 pontos em maio; resultado que refletiu uma melhora considerável das perspectivas com relação aos próximos meses. Com relação à situação corrente, diversos negócios continuaram relatando dificuldades.

Mais agenda… Nos EUA, investidores avaliarão o índice de atividade nacional do Fed de Chicago (CFNAI) e a confiança do consumidor em maio medida pela Conference Board nesta 3ªf. Em seguida, o Livro Bege do Fed traz a visão da instituição sobre a situação da maior economia do mundo (4ªf) e a 2ª estimativa para o PIB dos EUA deve confirmar contração de 4,8% (5ªf). Por fim, os dados de renda e gasto pessoal saem acompanhados da leitura de abril para o PCE, medida de inflação preferida pelo Fed.

BRASIL: GRAVAÇÃO DA REUNIÃO MINISTERIAL DOMINA MANCHETES DE SEXTA A SEGUNDA

A tão esperada fita é divulgada… Desde a noite da sexta-feira, a divulgação do vídeo da reunião ministerial; apontada pelo ex-ministro Sergio Moro como prova da intenção do presidente de interferir indevidamente na Polícia Federal, tem dominado as manchetes. Em relação ao inquérito da Procuradoria Geral da República; quase nada novo foi revelado pela determinação do ministro Celso de Mello (STF) que tornou a reunião pública. As falas do presidente que abordavam o assunto em questão já haviam sido transcritas e reveladas a mais de uma semana.

GSI ou Justiça?… A explicação que redireciona a insatisfação do presidente Bolsonaro da PF para a equipe responsável pela sua segurança no RJ continuará sendo usada pelo presidente e seus defensores. A nossa expectativa que o inquérito em torno da possível ingerência do presidente será arquivado pelo procurado geral da República, Augusto Aras, continua inalterada.

Efeitos colaterais… A divulgação da gravação pode não ter trazido novidades para o inquérito da interferência política na PF; mas expos as entranhas de um governo combativo a luz do dia e deu muita matéria prima para os seus críticos. Os ataques aos governadores e prefeitos, que a ministra Damares Alves (Direitos Humanos) entende serem dignos de pedidos de prisão por excessos cometidos durante a quarentena, podem desfazer o processo conciliatório instalado na semana passada durante a última reunião realizada para discutir o veto ao projeto de auxílio emergencial para os estados e municípios. Também será interessante observar se o ministro Abraham Weintraub (Educação) sofrerá alguma represália por ter sugerido a prisão dos “vagabundos” do STF.

Papel do estado na retomada econômica… Fora as possíveis ameaças para o governo Bolsonaro, a parte da gravação mais reveladora mostrou um gabinete ministerial indeciso sobre o papel dos gastos públicos na retomada pós pandemia. De um lado, vimos Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Cidadania) defendo que o governo deve seguir o curso das reformas fiscalistas e reconstruir o Brasil alentado o investimento privado, enquanto os ministros Braga Neto (Casa Civil) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) defendiam que a eclosão da covida-19 requer que a estratégia implementada até então deve ser reconsiderada sem aderência a “dogmas” do passado.

Só existe um superministro… Para os que enxergam a ala militar como uma ameaça para a agenda fiscalista do ministro Paulo Guedes, a gravação deve trazer um certo alivio. A deferência com que o presidente Bolsonaro trata o ministro da economia é notável. Guedes sempre foi concedido mais espaço durante o debate e foi garantido o direito à última palavra. O tratamento preferencial recebido por Guedes sustenta a esperança de que o Brasil retomará a agenda de reformas após o fim do estado de calamidade pública criado pelo coronavírus.

Na agenda… A semana tem agenda recheada de indicadores importantes, começando pelo boletim FOCUS, na manhã desta 2ªf, e o IPCA-15 de abril (3ªf) que deve registrar a maior deflação desde o Plano Real (-0,4%) – resultado que levará o acumulado em 12 meses para próximo dos 2,1% a.a. Em seguida, o investidor avalia as contas do Governo Central, o resultado consolidado do setor público e a PNAD-Contínua de abril – a última deve mostrar uma taxa de desemprego já superior a 13,0%. Por fim, o IBGE divulga o PIB do 1T20; que já promete refletir o início da adoção de medidas de restrição no Brasil, com contração da ordem de 1,0% no período.

E os mercados hoje?… Bolsas internacionais iniciaram a semana em tom positivo, com investidores ponderando os novos sinais de reabertura econômica ao redor do mundo contra as crescentes tensões entre China e Estados Unidos. No Brasil, o mercado deve repercutir o alívio que levou o índice futuro a superar os 84 mil pontos e o dólar a fechar abaixo dos R$ 5,55, movimento que seguiu a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril. Apesar de gerar mal-estar com a mídia e uma parcela da população, o vídeo não trouxe grandes novidades em relação ao que já havia sido divulgado nas transcrições disponibilizadas pela AGU dias antes. Não obstante, a crise política deve continuar, dessa vez com o foco nas acusações de Paulo Marinho sobre vazamentos da Operação Furna da Onça por um delegado da PF para Flavio Bolsonaro. Assim, tendo em vista os movimentos desta manhã no exterior e o alívio, mesmo que momentâneo, na política local, esperamos um dia de viés positivo para ativos de risco brasileiros.

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