Ontem, os mercados tiveram dia mais para negativo no mundo, basicamente por conta da preocupação com a possibilidade de uma segunda onda de contágio e óbitos pelo covid-19. A Bovespa na parte da tarde acabou desacelerando forte e perdeu novamente o patamar de 80.000 pontos do índice, depois de transitar por muito tempo entre positivo e negativo. O mercado americano terminou o dia com comportamento misto. Aqui Bovespa em queda de 1,49%, aos 79.064 pontos e queda, em 2020, acumulada em 31,6%. O Dow Jones com -0,45% e Nasdaq com +0,78%.
Hoje, mercados da Ásia terminaram o dia no campo negativo, Europa começando mista, mas já melhorando e futuros do mercado americano levemente positivos. Aqui precisamos passar novamente o patamar de 80.000 pontos e ganhar maior consistência para firmar recuperação, depois de acumular muitos pregões nessa faixa.
Mercados hoje seguem absorvendo o temor com segunda onda do covid-19 e aqui as estatísticas mostram que são 11.519 óbitos e mais de 160 mil infectados pelo vírus. Além disso, nas regiões Norte e Nordeste, as UTIs estão já próximas de 100% de ocupação. Ainda assim, o presidente Bolsonaro decretou a abertura de salões de beleza e academias como atividades essenciais.
Na China, a inflação medida pelo CPI de abril (consumidor) mostrou desaceleração para 3,3% anualizada, quando o previsto era que ficasse em 3,6%. Também anunciou que isentou alguns produtos vindo dos EUA de tarifas punitivas, o que melhora um pouco a relação entre os dois países. Hoje o petróleo tem alta forte nesse início de manhã, depois de notícias que a Arábia Saudita cortará a produção de petróleo em 1,0 milhão de barris dia.
A ONU declarou que o Brasil está voltando para o mapa da fome no mundo. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 5,39%, com o barril cotado a US$ 25,44. O euro era transacionado em alta para US$ 1,082 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,71%. O ouro e a prata mostravam altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago.
Aqui, o relator do socorro aos Estados e Municípios acha pouco provável que a Câmara mantenha o veto de reajuste de servidores que o presidente disse que irá fazer em 100%, atendendo pleito de Paulo Guedes. Já o centrão pressiona o governo por mais gastos públicos.
A ata do Copom, que começa a ser divulgada, diz que na próxima reunião o reajuste da Selic não será maior que os 0,75% praticados. Isso mesmo considerando que dois membros do Copom queriam produzir todos os estímulos de uma só vez. O Copom optou pelo gradualismo. Também ampliou a vigilância sobre o balanço de riscos, falou em primeiro semestre ruim com queda da demanda agregada, e recuperando a partir do terceiro trimestre. Citou ainda a fuga de capitais de países emergentes e o desequilíbrio fiscal.
A FGV também anunciou a primeira prévia do IGP-M de maio com deflação de 0,32% e inflação em 2020 de 2,1%, acumulando em 12 meses alta de 5,87%. O IPC da Fipe da primeira quadrissemana de maio também teve queda de 0,47%.
Na agenda do dia, ainda teremos indicadores que podem mexer com os mercados, como o volume de serviços prestados em março que deve ser bem fraco, a inflação dos EUA de abril pelo CPI e o resultado fiscal de abril, além de discurso de quatro dirigentes do FED. Ainda assim estimamos que a Bovespa possa tentar recuperação (petróleo e minério com fortes altas), dólar ainda pressionado, mas podem do realizar e juros em queda.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado