Ontem, a Bovespa registrou recuperação de 3,86%, com o índice fechando em 78.238 pontos, com a melhora de todos os mercados no exterior, por conta da perspectiva de reabertura das economias de diferentes países. Porém, a nota negativa ficou por conta do petróleo em queda forte no mercado internacional e aqui com o dólar pressionado durante todo o dia obrigando atuação forte do Bacen e, mesmo assim, voltando a atingir a marca de R$ 5,72. No final, fechou praticamente estável em R$ 5,66.
Hoje, mercados da Ásia encerraram com comportamento misto, Europa operando novamente com boas altas e futuros do mercado americano seguindo na mesma direção e todos se fortalecendo em relação ao início do dia. Aqui, fica a expectativa de buscarmos ultrapassar de forma mais definitiva o patamar de 80 mil pontos do Ibovespa, para buscar em seguida o objetivo de 83 mil pontos nos próximos pregões.
Foi importante ontem que o governo fizesse a blindagem com coletiva do presidente Bolsonaro e ministros da área econômica, dando força para Paulo Guedes, que confirmou a intenção de retomar as reformas assim que a crise do Covid-19 estiver mais tranquila. Também as importantes declarações do presidente da Câmara Rodrigo Maia com tom conciliatório e larga prudência.
No exterior, os balanços de instituições financeiras dão o tom positivo hoje com Santander (29% do lucro obtido no Brasil) e UBS e ações em alta. Também outras empresas ajudam, como 3M e Pepsico.
Nos EUA, o setor automotivo se prepara para começar a retomar a produção e o presidente Donald Trump declarou que o quarto trimestre da economia dos EUA será de incrível expansão. Já o FED anunciou que vai comprar US$ 500 bilhões em títulos de estados e condados.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 8,9%, com o barril cotado a US$ 11,64. O euro era transacionado em alta para US$ 1,088 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,66%. O ouro e a prata tinham quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento de alta na Bolsa de Chicago.
No Brasil, o vice-presidente Mourão deu declarações ontem sobre relacionamento com o Congresso e parcerias importantes com a China, nosso maior cliente. Sugeriu ainda interesse na China em adquirir ações da Embraer, depois de a Boeing ter declinado e da Embraer entrar com arbitragem internacional. O FMI também acha importante que o país retome o encaminhamento das reformas estruturantes, sendo essa uma unanimidade nacional, mas terão de ser bem mais profundas para ajustar gastos.
O ministro do STF Celso de Mello autorizou abertura de inquérito para apurar declarações de Moro contra o presidente, encaminhada pela PGR. E a Petrobras identificou melhora na demanda por óleo e começa a reativar algumas plataformas.
Expectativa para o dia é de Bovespa tentando se manter em alta, dólar com comportamento mais fraco e juros em queda. A agenda do dia não tem grande capacidade de mexer com a tendência dos mercados.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado