Desde cedo os mercados de risco no mundo já mostravam comportamento mais para positivo, apesar de modesto. Ao longo da parte da manhã seguiram firmando tendência positiva, mas na parte da tarde algumas notícias acabaram provocando inversões de tendência, inclusive no mercado americano, por breve período.
O noticiário internacional chegou a vazar um relatório sobre o tratamento do Covid-19 com o medicamento remdesivir, com resultados decepcionantes. A OMS veio a público dizer que o relatório ainda estava inconcluso, mas já era tarde para os mercados. Da mesma forma, no segmento local chegou a ser anunciado que o ministro Sérgio Moro teria pedido demissão, em função da segunda tentativa de Bolsonaro de tirar o chefe da Polícia Federal. Depois foi dito que Valeixo, chefe da PF alegou cansaço e teria pedido dispensa ao ministro. Da mesma forma, o caso ainda está inconcluso.
O dia nos mercados ganhou força com a divulgação dos pedidos de auxílio-desemprego nos EUA na semana anterior em queda de 810 mil posições, para 4,4 milhões de pedidos, de estimativa que pudesse ficar em 4,3 milhões. Portanto, dentro do esperado. O índice de atividade composto (indústria e serviços) de abril do PMI veio pior que o esperado, em queda para 27,4 pontos, quando a projeção era de 40,9 pontos. As vendas de imóveis novos também encolheram 15,5 pontos em março.
O FED também anunciou que pode expandir seu programa de compra de dívidas estaduais e municipais (lá o Banco Central tem maior autonomia para isso). Mas Trump voltou a advertir o Irã sobre eventuais incidentes com a Marinha americana, mas a resposta veio logo com o chefe da Guarda Revolucionária iraniana autorizando suas forças a atacarem.
A presidente do BCE Christine Lagarde estimou que o PIB da zona do euro pode encolher até 15% em 2020. Já a União Europeia disse que seus membros já distribuíram recursos no montante de 1,8 trilhão de euros, e o BOJ (BC japonês) e estuda a possibilidade de remover o limite para compras de bônus.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY em mais um dia de recuperação mostrava alta de 23,1%, com o barril cotado a US$ 16,96. O euro era transacionado em queda para US$ 1,078 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,61%. O ouro e a prata tinham altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento de alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China em dia de queda de 0,68%, com a tonelada em US$ 84,46.
No segmento local, soou mal aos investidores a apresentação ontem do projeto Pró-Brasil por Braga Neto sem a presença da área econômica e investimentos de R$ 300 bilhões. O projeto foi muito criticado não só por isso, mas por não conter fontes de recursos e ser vazio de conteúdo, numa época ainda inadequada em meio a pandemia. Já o secretário do Tesouro disse que a área econômica vai pedir o veto do texto base do BPC (benefício continuado), pois introduz despesas permanentes sem folga fiscal e acrescentou (sobre Pró-Brasil que o governo não tem folga para puxar investimentos. Também negou que o país tenha problemas para rolagem de dívida. E alegou que hoje captou R$ 10 bilhões.
Já o Bacen teve que intervir duas vezes no câmbio com operações de swap, mas ainda assim a cotação do dólar atingiu R$ 4,50. No mercado, dia de DIs com forte alta de juros (principalmente depois do noticiário sobre Moro) e o dólar encerrando com alta de 2,22% e cotado a R$5,53. Na Bovespa, na sessão de 20/4, os investidores estrangeiros voltaram a alocar recursos no montante de R$ 1,34 bilhões (vencimento de opções), deixando abril levemente negativo em R$ 347,4 milhões e o ano com saídas líquidas de R$ 64,7 bilhões.
No mercado acionário, alta da Bolsa de Londres de 0,97%, Paris com 0,89% e Frankfurt com +0,95%. Madri e Milão com altas de respectivamente 0,40% e 1,47%. No mercado americano, dia de Dow Jones com +0,17% e Nasdaq com -0,01%. Na Bovespa, dia de queda de 1,26% e índice em 79.673 pontos.
Na agenda de amanhã, teremos a confiança do setor industrial e de construção de abril e a nota do setor externo de março. Nos EUA, as encomendas de bens duráveis de março e a confiança do consumidor de Michigan de abril.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado