Na semana passada, a Bovespa ainda conseguiu encerrar com valorização de 1,68%, mas o ano de 2020 ainda se mostra bastante negativo com o Ibovespa registrando desvalorização de 31,7%. O Dow Jones teve alta na semana de 2,2% e o Nasdaq com valorização de 6,1%, por conta das ações de tecnologia, algumas empresas mostrando até melhores horizontes de resultados como a Amazon contratando cerca de 14 mil pessoas. O Nasdaq já se mostra positivo em 2020.
Hoje mercados da Ásia majoritariamente com quedas, Europa também no negativo e aprofundando perdas e futuros do mercado americano em idêntica condição. Aqui, a semana se apresenta complicada para os mercados de risco, e seria muito bom que não perdêssemos o patamar de 75 mil pontos, sob pena de acelerar quedas. A situação melhor seria se conseguíssemos passar definitivamente o patamar de 80 mil pontos do Ibovespa.
Os investidores no exterior se dividem entre a expectativa positiva da reabertura progressiva de economias, liderada por EUA, Alemanha e Dinamarca; mas também outros países, e o preço disfuncional do petróleo no exterior, novamente com forte queda e já na casa de US$ 13, por barril do WTI. Hoje temos vencimento de petróleo o que dificulta a avaliação, mas para vencimentos futuros a situação e um pouco mais tranquila. Pesam os elevados estoques e a forte queda de demanda projetada pela AIE – agência internacional de Energia e OPEP.
Durante a madrugada no Japão foi anunciado que as exportações de março encolheram no comparativo com igual período 11,7%, forçando queda da Bolsa de Tóquio de 1,15%. Já na China, o PBOC (BC chinês) anunciou redução da taxa de empréstimo para 3,85%, vindo de anterior em 4,05%. Na Alemanha, foi anunciada deflação anualizada de março de 0,8% e na zona do euro o saldo da balança comercial de março mostrou superávit de 25,8 bilhões de euros em alta.
Nos EUA, foi divulgadO a suspensão de tarifas alfandegárias para alguns produtos por 90 dias o que pode ajudar na recomposição da economia. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 34,6%, com o barril em US$ 11,94, valor insuspeito de ocorrer. O euro era transacionado em queda para 1,086 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,62%. O ouro e a prata em altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento de queda na bolsa de Chicago.
Aqui a situação é só um “pouco mais complicada”, notadamente no ambiente político, com a ruptura do presidente Bolsonaro com o congresso, demonstrada na sua adesão aos movimentos do final de semana, que pediam entre outras coisas a presença do exército, falavam em AI-5 (sempre existem excessos), originando severas críticas de formadores de opinião do Legislativo e também do Judiciário. Alegam que o presidente fugiu ao respeito aos preceitos constitucionais e democracia.
Aparentemente Bolsonaro optou por governar com sua base de apoio, mas para que isso persista, seria fundamental bons resultados na economia, situação praticamente impossível nos meses que ainda restam para o término de 2020. Essa situação de rompimento vai gerar muitos ruídos numa semana já complicada pelo feriado de amanhã.
Portanto, com os mercados no exterior fracos, a tendência é de Bovespa também enfraquecida e ainda descontando esse efeito político e feriado, além dos preços disfuncionais do petróleo afetando Petrobras. Dólar também deve ficar pressionado, assim como os juros dos DIs.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado