Hoje foi um daqueles dias que os mercados até começaram bem, mas foram perdendo força ao sabor do noticiário negativo. Além disso, podemos citar certa prudência dos investidores na atuação, aguardando coletiva de Donald Trump, onde pode anunciar diretrizes para reabertura progressiva da economia americana. Certamente se isso ocorrer e não for ainda muito restritiva, será bem interpretada pelos investidores, já que outros países poderão seguir, e se isso não acelerar novamente a curva de contágio, pode ser um alento para recuperação mais rápida das economias.

Mas o dia foi pesado em termos de notícias sobre o petróleo, com os analistas e importantes formadores de opinião, o presidente do FED de Dallas (Kaplan) disse que com esses cortes da OPEP o mercado não se equilibra e pode forçar petroleiras americanas a quebrarem. John Williams do FED de NY diz que essa pandemia global não tem precedentes e vai provocar profundos efeitos nas economias e mercados.

No Japão, o primeiro-ministro Shinzo Abe decretou estado de Emergência Nacional, mesmo depois de todo o esforço já realizado, enquanto o BCE (BC Europeu) disse que a quarentena provocou aumento substancial em emissões soberanas e trouxe pressões sobre os juros. Países como a Alemanha, França, Itália, Espanha e Holanda já passam de 1 trilhão de emissões programadas.

Falando do G-7 (sete maiores economias), esse grupo terá que ter grande liderança na retomada da recuperação e ajudar os países pobres. O ordenamento do comércio internacional será importante para a retomada. Já o FMI disse que até o final de abril já terá ajudado 50 países com recursos e que busca “funding” de US$ 1 trilhão para emergentes.

Nos EUA, os números anunciados seguem ruins como esperado. O índice de atividade industrial de Filadélfia mostrou queda acentuada para -56,6 pontos em abril, quando o esperado era queda para -30 pontos. Os pedidos de auxílio-desemprego é que melhoraram um pouco com queda de 1,37 milhão, para 5,24 milhões, mas o previsto era que ficasse em 5 milhões.

A Fitch, uma das três maiores agências de classificação de risco do mundo demonstrou piora dos ratings na América Latina, segundo ela, uma região já bem negativa. A OPEP também deu suas tintas alterando a demanda global de +6,9 milhões de BPD, para -6,8 milhões de BPD num processo de grave recessão e sem precedentes. Isso afetou o preço da commodity no mercado internacional, revertendo alta do início da manhã.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava, próximo do encerramento leve alta de 0,45%, com o barril cotado a US$ 19,96. O euro era transacionado em queda para US$ 1,084 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros em 0,61%. O ouro em queda e prata em alta na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto. O minério de ferro também teve dia de queda de 1,72% na China, com a tonelada em US$ 85,37.

Aqui o Bacen criou novas regras para o câmbio facilitando exportadores, ampliando prazo para pagamentos antecipados para 360 dias (anterior em 180 dias), mas também sofreu restrições de operação nas votações do Senado. A Petrobras anunciou que começou a reduzir a produção em grandes campos marítimos como Roncador por conta dos preços e mercado desequilibrado. Petrobras ainda ficou mais deprimida na Bovespa.

Já o presidente da Câmara Rodrigo Maia voltou a criticar o governo no projeto de ajuda aos Estados, claramente uma disputa do presidente contra os governadores do Rio e São Paulo, e disse que não vai entrar nesse conflito que também tem o ministro Paulo Guedes no meio. A Câmara também começou a votar projeto de ampliação do auxílio emergencial. No final da tarde, o ministro da Saúde Mandetta foi demitido e quem assume é Nelson Teich.

No mercado local, os DIs tiveram dia de queda de juros e o dólar oscilou muito, exigiu interferência do Bacen com operação de swap, para fechar em alta de 0,29% e cotado a R$ 5,257. Na Bovespa, na sessão de 14/4, os investidores estrangeiros voltaram a sacar recurso no montante de R$ 192,8 milhões, deixando o saldo de abril negativo em R$ 1,19 bilhão e o ano com saídas líquidas de R$ 65,5 bilhões.

No mercado acionário, dia da Bolsa de Londres em alta de 0,55%, Paris com -0,08% e Frankfurt com +0,21%. Madri registrou queda de 1,11% e Milão com alta de 0,29%. No mercado americano, dia de Dow Jones com +0,14% e Nasdaq com +1,66%. Na Bovespa, queda de 1,29% e índice em 77.811 pontos. Na máxima do dia chegou a 80.167 pontos.

Na agenda de amanhã teremos que absorver a bateria de indicadores da China com o PIB do primeiro trimestre, vendas no varejo e produção industrial de março e investimentos em ativos fixos urbanos. Aqui teremos a segunda prévia do IGP-M de abril e o IPC da segunda quadrissemana.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado


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