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O Beige Book do FED (coletânea de evidencias anedóticas da economia coletado pelos distritos do BC americano) reforçou o cenário já antecipado de retração severa da atividade ao longo do mês de março e começo de abril.
A título de ilustração, “Covid-19” (ou ”Coronavirus”) foi citado 87 vezes ao longo do relatório, enquanto o anterior mostrava 57 citações à doença. O Beige Book de janeiro mostrou zero citações aos mesmos termos.


O relatório em questão foi coletado até o dia 06/04 e mostra uma economia vivenciando sudden stop e hoarding de mantimentos básicos, com todos os setores da indústria mostrando desaceleração. Exceção feita evidentemente a bens essenciais (o que foi corroborado também pela leitura de vendas no varejo hoje pela manhã).


O mercado de trabalho mostra evidente desaceleração, com redução das horas trabalhadas, suspensão de contratos e demissões. A maioria dos entrevistados esperam manutenção deste movimento no futuro próximo.


Vale destacar que o setor de energia já responde aos menores preços com redução de investimento e produção.


Por outro lado, chama atenção a questão de preços. Enquanto o choque do coronavirus é visto, no geral, como desinflacionário, alguns setores essenciais relataram aumento de preços por conta de diversas rupturas nas cadeias logísticas. Esta caracterização está mais em linha com um choque de oferta do que um choque puro de demanda. A expectativa, no entanto, é de que após ajustes, o choque seja majoritariamente desinflacionário.


Em suma, as evidencias anedóticas reforçam a tese de uma economia sofrendo as consequências severas da restrição de movimento, da incerteza e do choque do petróleo.

Felipe Sichel
Estrategista do banco digital modalmais
Fonte: https://www.modalmais.com.br/blog

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