O dia acabou sendo positivo para os mercados de risco em todo o mundo, exceto para a Bolsa de Londres e Milão, e principalmente para o petróleo que registrou forte queda, chegando a -10%. O motivo principal está no Covid-19 com a curva de contaminação desacelerando em diferentes países, inclusive em NY, agora o principal foco. Sobre o petróleo, os analistas acharam os cortes tímidos para o período e a Arábia Saudita voltou a vender forte mesmo com compras da Índia e a termo dos EUA.
 
Podemos juntar ainda que alguns países começam a preparar a saída do isolamento, e segundo o secretário de Trump, Kudlow, o presidente deve fazer importantes comunicados versando sobre a reabertura da economia. Sobre isso, o presidente do FED de ST. Louis, James Bullard, disse que a economia perde por dia US$ 25 bilhões. Aliás, Bullard disse acreditar em recuperação em “V” para a economia, já a partir do segundo semestre, apesar do segundo trimestre se avizinhar como horroroso.
 

Outros dirigentes regionais do FED também falaram ao longo do dia, todos indicando que o FED pode fazer mais se for preciso e destacando que a quarentena é adequada para o momento. Ainda nos EUA os preços dos importados de março encolheram 2,3%, de previsão de -2,9%.

 
Também tivemos o FMI divulgando suas estimativas de crescimento global. O organismo projetou que a economia global encolha 3% em 2020, de projeção anterior de expansão de 3,3%. Para compensar, espera expansão em 2021 da ordem de 5,8%, mas destacando que a queda do PIB nesse ano será maior que a da grande depressão. Já para os EUA estima queda do PIB de 2020 de 5,9%, quando a projeção anterior era de expansão de 2%. Novamente, para 2021 projeta crescimento compensatório de 4,7%, de antes projetado em somente +1,7%.

 
Para a zona do euro suas estimativas são ainda piores com o PIB de 2020 encolhendo 7,5%, de alta anterior de 1,3%. Induz ainda a expectativa de que a região possa crescer em 2021 em 4,7%, de estimativa anterior de +1,4%. Falando de Brasil, projeta encolhimento do PIB nesse ano de 5,3% (fica entre as maiores quedas projetadas), e ele é sempre conservador e um pouco atrasado e para 2021 com alta nada compensadora de somente 2,9%. Por aqui, ainda estimam que a taxa de desemprego suba até 14,7%. A Moody’s prevê que o Brasil encolherá 6% em 2020, a América Latina 5,5% e EUA com -5,8%. O único país que escapa de ter retração no PIB é a China onde projetam ainda expansão de 1,2%.

 
Na África do Sul, o banco central reduziu juros em 1% para 4,25%. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 9,37%, com o barril cotado a US$ 20,31. O euro era transacionado em alta para 1,098 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,75%. O ouro na maior cotação em sete anos e a prata em alta na Comex e commodities agrícolas com viés de queda na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China fechou com alta de 1,66%, com a tonelada em US$ 85,02.
 

No segmento doméstico, depois da derrota do governo na votação da ajuda para os Estados ontem, a equipe econômica negocia com o Senado para fazer os devidos reparos e voltar para a Câmara sem o ônus de ter que vetar. A discussão está no tamanho da ajuda, no prazo mais dilatado e na distribuição dos recursos. Hoje a equipe econômica fez coletiva sobre isso e Waldery, secretário disse que a ajuda já está em R$ 127 bilhões.
 
Na economia tivemos a divulgação do IBC-BR, uma prévia do PIB de fevereiro mostrando que a economia já vinha desacelerando antes mesmo da crise do Covid-19. Em fevereiro houve expansão de 0,35% contra igual período de 2019 +0,60%. Em 2020 cresce 0,33% e em 12 meses com +0,66%. Mas todos esses dados já não fazem sentido diante dos efeitos da pandemia.

 
No mercado, dia de DIs com comportamento de queda dos juros para os principais vencimentos e o dólar com alta de 0,13% e fechando cotado a R$ 5,19. Na Bovespa, na sessão de 9/4, os investidores estrangeiros alocaram recursos no montante de R$ 632, 8 milhões, deixando o saldo negativo de abril em R$ 1,4 bilhão e o ano de 2020 com saídas líquidas de R$ 65,7 bilhões.
 

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,88%, Paris com +0,38% e Frankfurt com +1,25%. Madri em alta de 0,54% e Milão com queda de 0,36%. No mercado americano, o Dow Jones em alta de 2,39% e Nasdaq com 3,95%. Na Bovespa, dia de alta de 1,37% e índice em 79.918 pontos, mas com Petrobras pesando sobre o mercado. Na máxima do dia o índice atingiu 81.667 pontos.
 

Na agenda de amanhã teremos o IGP-10 de abril e o fluxo cambial e nos EUA as vendas no varejo e produção industrial de março, dados do Livro Bege e índice de atividade de NY; além dos estoques de petróleo e derivados na semana anterior.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

Publicidade

Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte