Apesar da pancada do coronavírus em praticamente todos setores da economia, refletida nas desvalorizações da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), algumas ações de menor visibilidade têm resistido com mais vigor do que grandes companhias.
Desde o início de março, o índice de small caps da bolsa (SMLL) caiu de 2.742 pontos para 1.766 pontos, mas há companhias neste contexto que estão no radar de analistas.
Muitas Mid Caps e Small Caps, embora com menor volume diário de negociações do que as blue chips, as ações mais desejadas pelos investidores, atravessam o cenário turbulento com saúde financeira e gestão sólida, portanto, são vistas como oportunidade para o atual momento de derretimento na bolsa. Muitas delas estão em setores resilientes à crise.
Confira a seguir as recomendações de duas casas de análise dentro deste perfil.
Marfrig – A sua presença importante em um segmento essencial e distribuído em locais que permanecem em pleno funcionamento são trunfos da Marfrig para atenuar os efeitos da crise. As vendas de carnes em supermercado não cessaram com a paralisação da economia.
“Seus produtos são encontrados nas principais cadeias de restaurantes e supermercados em cerca de 100 países onde está presente”, detalha Régis Chinchila, analista de investimentos da Terra.
A empresa é a segunda maior produtora de carne bovina do mundo e trabalha em três segmentos distintos: serviços alimentares (food service), varejo e processamento de alimentos, o que sugere fôlego para suprir a demanda da população. O preço atual de R$ 8,66 a ação é projetado para até R$ 11,30 no curto prazo pela Terra.
Instituto Hermes Pardini – A área da saúde é mais uma que tem resistido relativamente bem à crise, jé que a demanda por seus serviços só cresce. Neste contexto, a Pardini entrou no radar de analistas por ser uma das maiores empresas de medicina diagnóstica no Brasil.
As principais linhas de receita são o segmento PSC, que oferece diretamente aos clientes os serviços de exames por meio das suas marcas, e o Lab-to-Lab, onde realiza exames para outras empresas do setor de saúde, atendendo mais de 6 mil clientes.
“Acreditamos que este setor tem grande potencial de crescimento por conta da inversão da pirâmide geográfica no Brasil e maior penetração de planos de saúde”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton.
Klabin – A companhia possui importante participação em um segmento essencial, e tem 18 unidades industriais, sendo 17 no Brasil, em oito estados, e uma na Argentina. Está dividida em quatro unidades de negócios: Florestal, Celulose, Papéis e Conversão, o que dá um escopo amplo em suas fontes de receita em momentos turbulentos.
Conforme a Terra Investimentos, a empresa é líder na produção de papéis e cartões para embalagens, embalagens de papel ondulado e sacos industriais, comercializando também madeira em toras para serrarias e laminadoras. Atualmente em R$ 16, o preço alvo da ação, conforme Sandra Peres, da Terra, é de até R$ 19,50 no curto prazo.
Banco ABC – Em meio a um temor generalizado com calotes em razão da crise econômica anunciada pela Covid-19, abre-se espaço para novas empresas do sistema financeiro entrarem na mira de investidores.
Conforme a Necton, o banco ABC Brasil é uma small cap atraente pela exposição forte ao segmento de large corporate e corporate, teoricamente menos expostos a uma eventual crise de crédito que pode ocorrer com a piora do quadro do coronavírus. Além disso a estrutura de capital é resiliente em momentos de cenários adversos.
“Em nosso cenário-base, a retomada de IPOS e follow on no Brasil deve ocorrer entre o segundo semestre de 2020 e 2021, favorecendo os resultados no banco no médio e longo na divisão de investimentos”, avalia André Perfeito, da Necton.
O ABC Brasil também negocia a preços atrativos, com um múltiplo de preço/valor patrimonial de 0,78x e preço/lucro de 5,6x, afirma Perfeito.