O dia foi de muitas informações para serem absorvidas pelos investidores e acabou gerando forte volatilidade, principalmente em função do comportamento do petróleo no mercado internacional devido a reunião da OPEP+. Mas também tivemos novas decisões do Banco Central americano (FED e Tesouro). Por aqui tivemos também decisões do Bacen e da Caixa Econômica que mexeram com os mercados. Certamente, no final de semana prolongado pela Semana Santa, todos terão que se debruçar e avaliar melhor os impactos das decisões na esfera econômica.
No mundo, há melhora nas notícias em relação ao coronavírus (exceto em NY e Brasil com maior contágio), com a desaceleração da curva de contaminação e quantidade de óbitos. Na esfera econômica, as declarações de formadores de opinião evidenciaram forte preocupação.
Christine Lagarde do BCE declarou que as consequências do Covid-19 serão severas, e se o isolamento durar alguns meses, a economia da zona do euro pode encolher entre 9% e 10% (se durar algumas semanas podem cair entre 3,5% e 4%), mas o momento é de usar, sem hesitar, todas as ferramentas para mitigar impactos. A ata do BCE veio mostrando sintonia com as declarações de Lagarde. O FMI também se posicionou dizendo que as consequências dessa pandemia são as piores desde a grande depressão.
O presidente do FED Jerome Powell foi na mesma linha dizendo que a economia ficará muito fraca no segundo trimestre e que o principal foco de agora é garantir crédito para garantir maior fluidez. O papel do FED é de prover liquidez e ajudar na recuperação vigorosa, que talvez será possível a partir do segundo semestre.
Foi em função disso que o FED, junto com o Tesouro dos EUA, anunciou programa de ajuda a Estados e Municípios no montante de US$ 500 bilhões e a compra de empréstimos de 600 bilhões de pequenas e médias empresas com mais de 10 mil empregados e com quatro anos para pagamento. Tudo para minorar o crescimento do desemprego. Mnuchin do Tesouro americano, disse que agora vai se debruçar em salvar as empresas aéreas.
Ainda nos EUA, a inflação medida pelo PPI de março ficou negativa em 0,2%, mas com o núcleo em +0,2%. Os pedidos de auxílio-desemprego da semana encolheram 261 mil posições para 6,6 milhões. A confiança do consumidor de Michigan mostrou queda para 71 pontos em abril e os estoques no atacado em queda de 0,7% em fevereiro. Já a China, que já passou pelo pior do Covid-19 tenta se abrir e promete liberar juros e abrir o setor financeiro. O IIF-Institute of International Finance estima que o fluxo de capitais em 2020 será mais fraco do que o ano anterior.
No mercado internacional, o petróleo levou uma invertida de tendência quando o secretário da OPEP+ projetou que o consumo de petróleo no segundo trimestre deve encolher 15% e que a demanda global deve cair em 2020 cerca de 6,8 milhões de BPD. Disse que os membros acatam redução de 10 milhões de BPD em maio e junho e esperam que outros países cortem no total mais 5 milhões de BPD. Os investidores não gostaram muito da decisão e os mercados ainda abertos tiveram maior pressão vendedora de ativos.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY passou a mostrar forte queda de 8,14%, com o barril retornando ao patamar de US$ 23,08. O euro era transacionado em alta para US$ 1,093 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,72%. O ouro e a prata passaram a subir na Comex e commodities agrícolas com viés mais para positivo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China teve dia de alta de 1,35%, com a tonelada em US$ 84,77.
No segmento doméstico, o Bacen anunciou renegociação de dívidas de instituições financeiras para facilitar crédito para empresas de menor porte, autorizou cooperativas a emitirem LCIs, autorizou bancos a reclassificarem operações de crédito renegociadas (evitar provisões maiores) e reduziu requerimento de crédito para operações com pequenas e médias empresas.
A inflação oficial medida pelo IPCA de março ficou em 0,07% (anterior em 0,25%), acumulando alta em 2020 de 0,53% e em 12 meses com 3,30%. O mês de abril deve ser ainda mais fraco, apesar de a taxa de difusão ter crescido para 58,2%. O IBGE anunciou sua previsão de safra 2020 em 245,2 milhões de toneladas de grãos, com crescimento de 1,5% sobre o ano anterior e com área expandida em 1,7%.
No mercado, dia de DIs com comportamento de queda dos juros, dólar terminando o dia em queda de 0,95% e cotado a R$ 5,094. Na Bovespa, na sessão de 7/4, os investidores estrangeiros alocaram recursos no montante de R$ 199 milhões, deixando abril ainda negativo em R$ 1,77 bilhão e 2020 com saídas líquidas de R$ 66,1 bilhões.
No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de 2,81%, Paris com +1,44% e Frankfurt com +,224%. Madri e Milão com altas de respectivamente 1,71% e 1,39%. No mercado americano, o Dow Jones com +1,22% e Nasdaq com +0,77%. Na Bovespa, inversão de tendência para -1,20% e índice em 77.681 pontos.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado