Ela afirmou que criou junto com Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) um sistema chamado De Para que leva informações aos pequenos e médios empresários para informá-los onde pegar os recursos. “São nas pequenas e médias empresas que está a maioria dos empregos. Mas as medidas, a princípio foram boas. Minha preocupação é que elas cheguem na ponta”, disse Luiza Trajano.
Luiza também disse que é preciso destravar os bancos, que têm dificultado o dinheiro chegar na ponta. Ela lembrou que em 2008, foram a Caixa e o Banco do Brasil que destravaram as portas para os recursos chegarem aos beneficiários.
Ela criticou ainda a necessidade de que as medidas, como a suspensão de contratos de trabalho, passem pelos sindicatos antes de serem efetivadas – na segunda-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou decisão nesse sentido.
“Nesse momento, não dá para passar pelo sindicato. A falta de fluxo de caixa quebra uma empresa em 15 dias, estão todos assustados”, completou a empresária.
Luiza disse que não demitiu nenhum empregado de suas lojas, mas teve que desligar quem estava em contrato de experiência e que está fazendo campanha para que outros empresários não demitam. “A empresa não será a mesma depois do coronavírus, nossos sistemas, tamanhos de escritórios não serão os mesmos”, acrescentou.
Isolamento
A presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza afirmou ainda que a discussão sobre isolamento total ou vertical já passou e que é preciso olhar agora para o pós-pandemia. “Se eu abrir minhas lojas hoje, não tem clientes nas ruas. Posso fazer mal para a saúde no médio prazo, é muito pior”, avaliou.
Ela disse que as medidas de isolamento poderiam ter sido mais brandas, mas já aconteceram. “Já estamos vivendo, temos que trabalhar a partir do que temos agora”, concluiu.
Jovens
Instada a deixar uma mensagem para os jovens neste momento de crise, Luiza Trajano, disse que o jovem precisará aprender a combater a desigualdade e a trabalhar conectado, em equipe. De acordo com ela, um funcionário pode até ser contratado por critérios técnicos, mas é pelo comportamento que ele é demitido. “Comportamento demite mais que técnica”, comentou a empresária.
Ela disse que hoje em dia os processos de seleção de funcionários não começam mais perguntando de onde a pessoa vem ou em que faculdade estudou, mas avaliando o comportamento e a capacidade da pessoa trabalhar conectada.
“Os head hunters só perguntam depois de onde a pessoa vem e em que faculdade estudou. Não estou dizendo que o estudo não é importante, mas que o comportamento é muito importante”, afirmou Luiza. “Os jovens vão ter que entender que, se tem uma coisa que a gente vai ter que aprender, é lutar contra a desigualdade social e a trabalhar coletivamente, adotar um diálogo que conecta”, reafirmou.