O vetor de alta dos mercados acionários na sessão de hoje foi todo derivado do bom noticiário sobre o covid-19 no final de semana, conforme antecipamos em nosso comentário de abertura e em “live” de profissionais do modalmais ontem de noite. Além disso, lembramos de boas notícias, apesar do adiamento de reunião, sobre a OPEP+ poder chegar na quinta-feira com decisão importante sobre corte de produção de seus membros e também fora do cartel.
Durante o final de semana foi possível observar desaceleração na curva de contágio do covid-19 em países como Itália (menor número de infectados em 20 dias), Espanha (que vinha liderando ranking negativo) e nos EUA, notadamente NY. Também citamos declarações de Trump dizendo que os estudos americanos sobre contágio e óbitos poderiam estar superdimensionado e as expectativas não serem exatamente aqueles de quase 300 mil óbitos.
Já sobre a OPEP, o noticiário internacional dá conta de que a Rússia estaria pronta para corte substancial da produção junto coma Arábia Saudita e outros membros. Durante o dia, ficamos sabendo que foram convidados também para essa reunião grande produtores como o Brasil, Noruega e Rei o Unido; mas com o México dizendo que não prevê corte de produção. Já ao grupo do G-20 marcou reunião de seus ministros do petróleo para a próxima sexta-feira, depois da reunião da OPEP+. De qualquer forma, algum acordo é sempre melhor que nenhum acordo, não acham?
Também lembramos que as medidas adotadas por países para tentar reduzir impactos do covid-19 começa a dar resultados e a chegar na ponta de quem precisa. A União Europeia anunciou que liberou 8,0 bilhões de euros para financiamento de 100 mil pequenas e médias empresas. O PBOC (BC chinês) está comprando US$ 6,3 bilhões em ativos de bancos e, nos EUA, o FED segue muito ativo na compra de títulos (inclusive detidos por estrangeiros, operações de swap com outros bancos centrais e na compra direta de créditos de empresas. O BOE (BC inglês) começa seu programa de incentivos para pequenas e médias empresas no próximo dia 15/04.
Já o secretário do governo americano Kudlow disse que os cheques para 107 milhões de pessoas começarão a chegar e que o momento é de vender bônus em esforço de guerra e fazer tudo que estiver ao alcance. Ainda nos EUA, o índice de tendência de emprego do Conference Board despencou para 60,39 pontos em março com queda de 45% no ano. A Fitch estima o PIB brasileiro em 2020 em -2,0%, México com contração de 4,0%, Argentina com -4,5% e a América Latina com contração de 2,6%.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 7,48%, com o barril cotado a US$ 26,22, evidenciando a apreensão com a reunião do final da semana. O euro era transacionado em queda para US$ 1,08 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,66%. O ouro e a prata em altas fortes na Comex e commodities agrícolas com altas na bolsa de Chicago. O minério de ferro não teve mercado hoje por conta de feriado.
Aqui, com a liberação de fundos constitucionais, o Bacen vai liberar R$ 100 mil para capital de giro e R$ 200 mil para investimentos de pequenas empresas. Já a Febraban indica que os bancos já repactuaram R$ 200 bilhões em meio à crise e os cinco maiores já processaram mais de 2.000 pedidos. Além disso, vão começar a deduzir do compulsório a prazo os valores de financiamento da folha de pagamentos.
Já a pesquisa Focus, divulgada cedo, veio com números fracos conforme se previa. A inflação em queda para 2,72% em 2020, Selic em queda par 3,25%, PIB em contração de 1,18% e produção industrial encolhendo para +0,50%. O saldo da balança comercial também em queda para US$ 34,1 bilhões; tudo referente ao ano de 2020. A poupança teve captação líquida de R$ 12,2 bilhões e no ano R$ 3,4 bilhões. Já o saldo da balança comercial acumulado até a primeira semana de abril estava em US$ 6,4 bilhões.
Os mercados no Brasil sofreram mais para o final da tarde quando saiu a notícia de que o ministro da Saúde poderia ser demitido pelo presidente Bolsonaro. O dólar recuperou um pouco da queda e a Bovespa teve a alta reduzida. No mercado, dia de DIs com comportamento de alta nos juros e dólar com contração de 0,65% e cotado no fechamento em R$ 5,293. No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres com 3,08%, Paris com +4,60% e Frankfurt com +5,77%. Madri e Milão com altas de, respectivamente, 3,99% e 4,00%. No mercado americano, dia de alta do Dow Jones de 7,59% e Nasdaq com +7,33%. Na Bovespa, valorização de 6,52% e índice em 74.072 pontos.
Na agenda de amanhã, teremos as vendas no varejo referentes ao mês de fevereiro e indicadores do mercado de trabalho pela FGV. Nos EUA, o volume de crédito ao consumidor de fevereiro e as primárias dos Democratas.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado