CENÁRIO EXTERNO: SEMANAS DE VOLATILIDADE
Mercados… Bolsas asiáticas iniciaram a semana com viés predominantemente negativo. Na zona do euro, ativos de risco abriram negociações sem direção única, oscilando entre terreno positivo e negativo ao longo da sessão. O STOXX 600, índice que abrange ativos de diversos países do bloco, registra queda de 0,6% até o momento. Em NY, futuros também operam sem tendência bem definida, ensaiando mais uma sessão volátil para as bolsas americanas. Enquanto isso, o dólar (DXY) interrompe sequência de quedas e volta a se valorizar contra seus principais pares do G10. No plano das commodities, ativos voltam a operar em queda livre. Como destaque, o preço do petróleo (Brent Crude) recua 7,58%, negociado próximo aos US$ 23,00/barril, após chegar a ficar abaixo dos US$ 20, menor patamar em 17 anos.
Semanas de volatilidade… Mais uma semana se inicia com sessão altamente volátil, com ativos de risco flutuando entre ganhos e perdas ao longo da manhã. Investidores continuam ponderando as medidas de estímulo econômico que estão sendo implementadas nas economias do mundo contra os recentes avanços da Covid-19 na Europa e nos Estados Unidos. Por ora, apesar de considerarmos positivas as atuações dos BCs e dos governos até o momento, além de enxergar uma melhora no quadro técnico do mercado; acreditamos que uma mudança de tendência só virá quando tivermos sinais mais concretos de que a situação está sendo controlada na Itália, Espanha e Estados Unidos – países que teoricamente estão em estágio mais avançado de contágio.
Os números… Segundo a última atualização oficial da Organização Mundial de Saúde (WHO, na sigla em inglês), os EUA superaram 142 mil casos confirmados e 2.400 mortes, levando o presidente americano, Donald Trump, a estender o período de quarentena da população até o final de abril. Segundo o chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, calculou no fim de semana, os EUA poderão ter registrado mais de 200 mil mortes ao fim da epidemia. Na Europa, apesar da recente redução no número de novos casos na Itália (98 mil) e na Espanha (85 mil), a situação ainda continua crítica, com mais de 300 mil infectados na região. Ao todo, o número de infecções ultrapassou os 727 mil ao redor do mundo, que tem a contagem de mortes relacionadas pela doença se aproximando de 35 mil.
Barril em baixa… O petróleo voltou a cair de forma acentuada ao longo do final de semana, chegando a ser negociado abaixo do limiar de US$ 20,00/barril (Brent crude). A forte queda na demanda que deriva das medidas de contenção que estão sendo adotadas ao redor do mundo; acompanhada da guerra de preços atualmente em curso entre Rússia e Arábia Saudita impõe forte pressão baixista sobre o preço da commodity. Por ora, ainda não há uma resolução para a segunda questão à vista, com Russos voltando a defender que o preço do petróleo a níveis atuais “incomoda”, mas não é catastrófico para os produtores do país. Vamos acompanhar…
Na agenda… Além de movimentada nos mercados, a semana promete agenda carregada na frente dos indicadores. Na China, o destaque fica com os Índice de Gerentes de Compra (PMI, na sigla em inglês) medidos pelo Escritório Nacional de Estatísticas (hoje), seguido pelo mesmo dado mensurado pela Caixin (cia privada) na 3ªf (indústria) e na 5ªf (serviços). Na zona do euro, o investidor avalia o mesmo dado, por lá medido pela IHS Markit, na 4ªf (indústria) e na 6ªf (serviços), além da última leitura para a taxa de desemprego em fevereiro (4ªf). Por fim, nos EUA o ISM industrial (4ªf) e serviços (6ªf) referentes a março devem ser acompanhando mais de perto, enquanto os investidores aguardam ansiosamente pelo Relatório de Empregos (payrolls) de março, que deve registrar a primeira destruição de postos de trabalho em um mês em mais de 10 anos.
BRASIL: GUEDES ABRE O JOGO
Guedes desmente rumores da sua saída… Durante a semana passada, rumores em torno da possível saída do ministro Paulo Guedes (Economia) do governo foram publicados pela mídia. As matérias até cogitaram possíveis nomes para substituí-lo. Durante a participação em uma live realizada no sábado, Guedes desmentiu os rumores explicando que a sua ausência na mídia resultou da necessidade de formular as medidas emergências contra a epidemia em uma bateria de reuniões, além do fato dele ter retornado para o Rio de Janeiro em razão do fechamento do hotel que habitava em Brasília. Guedes deixou claro que não abandonaria a nação em um momento que o Brasil mais necessita da sua liderança.
Guedes aborda cronograma da quarentena… O ministro da Economia não arriscou uma data rígida, mas ressaltou dois fatores importantes: (i) a maioria das empresas relataram que aguentam entre 30 e 60 dias em situação de faturamento reduzido (ii) o ministro da Saúde acredita que a crise da saúde deve durar três messes. Em vista disso, Guedes acredita que é provável que as empresas terão que aguentar um pouco além do que gostariam e a quarentena terá de ser cessada um pouco antes do planejado. Assim, será possível encontrar um meio termo que minimiza danos em ambos os campos. Apesar desta realidade, o ministro frisou que será necessário monitorar a curva de infecções e o seu achatamento antes de tomar qualquer decisão.
Senado vota ajuda aos informais… Após a aprovação de um pacote de auxilio econômico para informais na quinta-feira pela Câmara dos Deputados, hoje (30) o Senado deve analisar o mesmo projeto. A medida pretende garantir R$ 600 nos próximos três meses para dar sustento aos 38 milhões de trabalhadores do setor informal durante a epidemia do coronavírus. O auxílio deve ter impacto fiscal de R$ 40 bilhões caso os pagamentos perdurem por três meses.
STF permite descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal… O ministro Alexandre de Moraes concedeu medida cautelar que permite o descumprimento de certos trechos da Lei de Responsabilidade Fiscal, que determina, entre outras coisas, que governantes não podem criar novas despesa sem indicar sua fonte de receita ou sem reduzir outras despesas já́ existentes. O principal afrouxamento concedido pela medida cautelar envolve a não especificação do impacto orçamentário de novos gastos e desonerações. Estas serão necessárias para alentar a compra, produção e importação de produtos para combater a epidemia do Covid-19.
Na agenda… Hoje, o boletim Focus traz as projeções atualizadas do mercado (8h), enquanto o investidor aguarda a divulgação do resultado primário de governo em fevereiro (sem hora definida). Ao longo da semana, saem a PNAD-Contínua de fevereiro (3ªf), que deve mostrar uma taxa de desemprego mais próxima dos 12% (11,7%, segundo mediana da Bloomberg); a produção industrial para o mesmo mês (4ªf), que deve voltar a contrair 0,5% após alta em janeiro; e a arrecadação federal em fevereiro (sem data definida), que deve trazer um resultado de R$ 115 bi para o mês.
E os mercados hoje? Bolsas internacionais iniciaram a semana sem direção única, dando início à mais uma semana que promete forte volatilidade nos mercados. Apesar dos novos estímulos que foram anunciados nas principais economias agradarem, investidores continuam pesando seus efeitos contra a falta de clareza sobre o controle do surto de Covid-19, que continua impedindo uma recuperação mais sustentável. No Brasil, a equipe econômica, em conjunto com o BCB, continua trabalhando de forma a garantir a funcionalidade dos mercados, assim como garantir que os recursos liberados cheguem à ponta final (famílias). Dado a manutenção do ambiente de indefinição, esperamos que o mercado local continue acompanhando os movimentos do exterior. Em função disso, esperamos um dia de viés neutro/negativo para ativos de risco brasileiros.