Ontem foi dia de alívio nos principais mercados de risco do mundo, com a Bovespa mostrando alta de 2,15% e índice em 68.331 pontos, com o Dow Jones com valorização de 0,95% e Nasdaq com 2,30%. Dólar por aqui também arrefecendo, em queda de 1,80% e cotado a R$ 5,10, depois de já ter batido R$ 5,25 e com grande atuação do Bacen em leilões de linha e venda de moeda à vista.
Motivo da melhora dos mercados pode ser atribuída aos anúncios de bancos centrais pelo mundo de reduções de juros e atuação no sentido de ampliar a liquidez e tornar os mercados mais funcionais. Também tivemos a decisão do DOE (Departamento de Energia dos EUA) de comprar 30 milhões de barris de petróleo americano para suas reservas e declarações do presidente Trump de que em algum momento poderia interferir nas disputas entre a Rússia e Arábia Saudita sobre produção e preço do óleo.
Hoje mercados voltaram a operar em alta na Ásia (Japão não operou por conta de feriado), Europa com boa alta, mas arrefecendo das máximas do início do dia e futuros do mercado americano em boas altas e em dia de vencimento quadruplo de índice e opções, o que sempre agrega alguma instabilidade. Aqui, como temos dito, há muito espaço para recuperações e seria bom que fossemos na direção de recuperar patamar ao redor de 73 mil pontos.
Ontem o BCE (BC europeu) anunciou 3 trilhões de euros disponíveis para refinanciamento e, além disso, deixou a porta aberta para mais atuações, na tentativa de retirar a região do euro de processo recessivo, o que está difícil diante do impacto do coronavírus. Nos EUA, o programa de US$ 1 trilhão deve ser aprovado pelo Congresso em acordo de democratas e republicanos.
Já na China, o PBOC (BC chinês) manteve a taxa de empréstimo estabilizada em 4,05% para operações de 1 ano em março. Lá, ontem não registraram nenhum caso de contaminação, mas hoje apareceram 39 novos casos e 3 mortes pelo coronavírus. Já nos EUA, o número de casos ascendeu para 10.442 e as mortes atingiram 150 pessoas. A Itália é que passou ontem a China em número de óbitos e a Espanha tem a situação também agravada.
Vários países estão adotando sérias restrições à circulação de pessoas (inclusive Brasil e muitos Estados) com a Argentina proibindo a circulação, exceto em situações extremas.
No Peru, o banco central reduziu os juros básicos em 1% para 1,25% e a Rússia manteve a taxa inalterada em 6%. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 5,31%, com o barril cotado em US$ 26,56, já afastado das máximas do dia, mas podendo ajudar as cotações de Petrobras na Bovespa. O euro mostrava alta para US$ 1,071 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,98. O ouro e a prata mantinham altas na Comex e commodities agrícolas também em altas na Bolsa de Chicago.
Aqui, Eduardo Bolsonaro pediu desculpas ao governo e embaixador da China sobre twitters disparados, mas a China não aceitou a interferência do Itamarati. Hoje o Bacen faz operação compromissada em moeda estrangeira (ontem também fez) e o Tesouro faz operação de compra/venda de NTN-Bs.
Já a FGV anunciou que a confiança da indústria em março caiu 3,2 pontos, para 98,2 pontos e a utilização da capacidade encolheu para 75,2%. Os governadores aproveitam o momento para pedir a suspensão das dívidas com a União e bancos públicos, e a ABIMAQ fez boas sugestões ao governo para reduzir o impacto do coronavírus e prover liquidez para as empresas, principalmente em capital de giro. Lembrando que muitos shoppings ficarão fechados por muitos dias.
No mercado local, o dia parece ser de novo alivio de tensões e recuperação na Bovespa, com o dólar podendo cair mais, assim como os juros. A agenda do dia não tem condição de mudar a tendência e os investidores vão se pautar pelo noticiário de momento e operações com derivativos nos EUA.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado