O dia foi de comportamento misto nas Bolsas asiáticas, alta nas principais Bolsas europeias e alta também na Bovespa em dia de exercício de opções e com os mercados nos EUA fechados por conta do feriado do Dia dos Presidentes. O volume de exercício de opções na Bovespa foi de R$ 8,47 bilhões, pouco abaixo de janeiro.
Sem o mercado americano funcionando, a liquidez internacional se contrai bastante, assim como perdemos um pouco do referencial de preços dos ativos. O dólar teve mais um dia de alta, mesmo com o Bacen fazendo a rolagem integral de operação swap envolvendo 13.000 contratos.
No cenário externo, a Moody’s, uma das três principais agências de classificação de risco, cortou a expectativa do PIB do grupo do G-20 no ano em curso para 2,4%, com os países avançados crescendo somente 1,3%. Os emergentes devem crescer em média 4,2% em 2020 e 4,7% em 2021. Na zona do euro, é esperada expansão de 1,2% e o Brasil com +2%. Os cortes foram provocados pela redução do otimismo com o coronavírus, justamente quando a economia global começava a dar sinais de estabilização.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) deu entrevista contabilizando 70.635 infectados na China, com 1.772 mortes, com os casos desacelerando nas últimas 24 horas para 2.051. Cerca de 90% das incidências de infecção estão na região de Hubei e 80% dos casos são leves e curáveis e 2% fatais. Fora da China são 694 casos de infecção em 25 países e três mortes, sendo que Cingapura é o segundo em número de casos, com 77. Os investidores seguem estressados e tentando dimensionar os efeitos possíveis sobre a economia global nesse aspecto.
O FMI disse que não pode oferecer desconto em empréstimos concedidos à Argentina e os EUA consideram elaborar medida para limitar o acesso da China à tecnologia de chips. A China considera isso represália. No mercado, o petróleo WTI negociado em NY mostrou alta de 0,54%, com o barril cotado a US$ 52,33. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,08. Durante a madrugada na China o minério de ferro foi negociado em alta de 2%, com a tonelada sendo cotada a US$ 90,48.
No segmento local a pesquisa semanal Focus trouxe a inflação pelo IPCA de 2020 em queda para 3,22% (anterior em 3,25%) e 2021 mantida em 3,75%. A Selic foi mantida em 4,25% e o PIB de 2020 projetado em queda para 2,23%, de anterior em 2,30%. O dólar de final de ano também foi mantido em R$ 4,10% e a produção industrial em +2,33%. O saldo da balança comercial mostrou superávit encolhendo para US$ 35,4 bilhões, de anterior em US$ 36,4 bilhões. O déficit nominal crescendo para 5,60% do PIB, mostra o que temos dito sobre alguma deterioração de nossas contas externas.
Aliás, falando em balança comercial, a segunda semana de fevereiro mostrou superávit de US$ 684 milhões, deixando o acumulado do mês em US$ 1,79 bilhão. No ano, o superávit acumulado está em US$ 52 milhões. No mercado, os DIs tiveram dia de queda para os principais vencimentos e o dólar fechou com alta de 0,68% e cotado a R$ 4,33. Na Bovespa, na sessão de 13/2, os investidores estrangeiros sacaram recursos no montante de R$ 419 milhões, deixando o saldo negativo de fevereiro em R$ 6,6 bilhões. No ano, o saque líquido atinge 25,8%, cerca de 58% de todo o saque ocorrido em 2019.
No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres com 0,33%, Paris com +0,27% e Frankfurt com +0,29%. Madri e Milão com altas de respectivamente 0,66% e 1,02%. No índice futuro do mercado americano, o Dow Jones registrou alta de 0,21% e Nasdaq com +0,36%. Na Bovespa, dia de alta de 0,81%, com índice em 115.309 pontos.
Na agenda de amanhã, teremos o IPC da segunda quadrissemana de fevereiro e a segunda prévia do IGP-M de fevereiro. Nos EUA, teremos o índice de atividade industrial de NY, a confiança dos construtores de fevereiro e o fluxo de investimentos líquidos em títulos de dezembro.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado