Ainda que não tenha deslanchado, a percepção dos consumidores brasileiros sobre o ambiente macroeconômico tem apresentado melhoras. O Indicador de Confiança do Consumidor mensurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) encerrou o ano de 2019 com 47,0 pontos. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que quanto maior o número, mais confiantes estão os consumidores. O dado alcançado no último mês de dezembro supera os 45,8 pontos observados no mesmo período de 2018. Já com relação a novembro de 2019, o número ficou praticamente estável (47,2 pontos).

A percepção geral dos consumidores, tanto sobre a sua vida financeira quanto com a economia, permanece negativa, mas em um nível pouco mais otimista do que em períodos anteriores. Em cada dez brasileiros, seis (62%) avaliam como ‘ruim’ o atual momento econômico do país – há um ano, esse número era 10 pontos percentuais mais alto, alcançando 72% dos entrevistados. Já o percentual de brasileiros que consideram ‘bom’ o momento econômico atual avançou de 2% para 7%, um número ainda pequeno. Outros 30% consideram regular.

Observando a própria vida financeira, apenas 14% dos consumidores avaliam a condição como ‘boa’. A notícia positiva é que o percentual dos que avaliam a situação como ‘regular’ (47%) supera os que consideram a própria vida financeira ‘ruim’ (38%), que diminuiu dois pontos percentuais em 12 meses.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a melhora gradual da percepção dos consumidores é resultado da reação econômica do país, mas como essa evolução se dá a passos lentos, a percepção dos consumidores também cresce a um ritmo devagar e cauteloso. ‘Espera-se que com um cenário econômico mais estável, o brasileiro encontre razões para voltar ao consumo de forma mais confiante e comece a pagar suas dívidas’, avalia a economista.

Mesmo com a inflação abaixo da meta, 71% dos entrevistados que avaliam o quadro macroeconômico como ‘ruim’ atribuem essa percepção negativa à alta dos preços. Já o desemprego é responsável pela avaliação negativa para 62% das pessoas ouvidas. Os juros elevados são citados por um terço (33%) dos pessimistas com a economia.

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Para 55% dos entrevistados, o custo de vida é o que mais tem pesado no seu orçamento, seguido do desemprego (20%). Na visão desses consumidores, as despesas que mais subiram nos últimos meses foram os produtos de supermercados (90%), conta de luz (88%), combustíveis (86%) e medicamentos (77%).

Olhando para os próximos seis meses, nota-se um equilíbrio entre as opiniões: 26% dos brasileiros estão otimistas com a situação do país no futuro e igual percentual (26%) está pessimista. Outros 44% se mantêm neutros.

Entre os otimistas com o futuro, o fator que mais pesa é a expectativa de que haverá mais estabilidade política do país (38%). Já 28% creem que coisas boas devem acontecer, embora não saibam apontar uma razão clara, enquanto 28% concordam com as medidas econômicas adotadas pelo governo. Já entre os pessimistas, a opinião é fundamentada, principalmente, pelo sentimento de que os preços continuam altos (56%), discordâncias com as medidas econômicas tomadas pelo governo (40%) e a percepção de que não há melhora no emprego (35%).

O otimismo é maior, contudo, quando os consumidores são indagados sobre o futuro da sua própria vida financeira. De acordo com o levantamento, 56% dos brasileiros possuem boas expectativas para o seu bolso nos próximos seis meses. A opinião é fundamentada, sobretudo, pela crença de que a economia do país irá melhorar (39%) e a esperança de conseguir um emprego ou aumento de renda (28%). Apenas 8% dos consumidores acreditam que a vida financeira estará ruim nos próximos seis meses e 32% pensam que ela continuará igual.

‘Pode parecer contraditório observar uma expectativa maior com as próprias finanças do que com a economia brasileira. O fato é que por mais que a situação econômica do país impacte a vida financeira do consumidor no seu dia a dia, ele sabe que assumir um controle efetivo sobre seu bolso e fazer adaptações podem ajudar a enfrentar um ambiente adverso e se a desgarrar da crise’, explica a economista Marcela Kawauti.

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(MR – Agência Enfoque)

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