Ontem, foi dia de desastre nos mercados acionários de todo o mundo, com fortes quedas registradas. Na Bovespa não foi diferente com perda de 3,29% e índice em 114.481 pontos, perdendo importante zona de suporte ao redor de 115.200 pontos.
Quase tudo que ocorreu pode ser explicado pela propagação do coronavírus, cujas estatísticas aumentaram muito nessa manhã. São 4.515 infectados, 106 mortes e só na província de Hubei já são mais 1.200 infectados.
Mas os mercados amanheceram um pouco mais tranquilos, o que não é garantia de nada. A Bolsa de Hong Kong anunciou que vai operar amanhã, mas a de Xangai só deve começar na próxima segunda-feira. O período também inclui a reunião do FOMC do FED com decisão amanhã, que deve ser de manutenção de juros, apesar do coronavírus. Mas certamente pode haver espaço para surpresas.
O PBOC por exemplo, promete ampla liquidez quando os mercados reabrirem na segunda-feira. Já a OPEP, indicou que pode manter os cortes de produção de petróleo até junho, ou levar também ao final do ano.
Na Alemanha, tivemos o primeiro caso comprovado do vírus e já são 15 países com incidências. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,56% com o barril em US$ 52,84. O euro era transacionado em queda parta US$ 1,102 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,59%. O ouro em alta e a prata em queda na Comex e commodities agrícolas com viés de queda na Bolsa de Chicago.
Aqui, Bolsonaro na volta da viagem à Índia disse que foi excelente e que bons acordos foram firmados. A JBS também fechou acordo com empresa chinesa de proteína que pode gerar algo com R$ 3 bilhões. A FGV anunciou que o INCC de janeiro foi de 0,26%, vindo de anterior em 0,14%. A confiança do setor de construção subiu em janeiro 2,1 pontos, para 94,2 pontos.
Também começa a crescer as apostas de que o Copom pode voltar a reduzir a taxa Selic em 0,25%, para 4,25%, por conta da pressão internacional e inflação voltando ao eixo depois dos efeitos da carne. Já a agenda do dia, inclui aqui a divulgação do relatório da dívida pública de dezembro e no exterior Trump encontra o primeiro-ministro de Israel, saem as encomendas de bens duráveis e a confiança do consumidor do Conference Board.
Mercados podem conseguir reagir, mas isso vai depender do noticiário internacional sobre o coronavírus. A Bovespa terá que voltar para cima de 115.200 pontos para mostrar que pode reagir.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado