Hoje, as oscilações dos mercados ficam quase que inteiramente por conta dos efeitos da propagação do coronavírus, que o presidente Xi Jinping caracterizou como grave. O líder da província de Wuhan colocou seu cargo à disposição por não ter alertado logo sobre o contágio. Resultado disso, fechamos na última sexta-feira com 800 infectados, inciando essa semana com 2.835 casos de infecção (provavelmente agora mais), e 81 mortes. A OMS (Organização Mundial da Saúde), mudou a classificação de risco global do coronavírus de “moderado” para “elevado”.
O presidente Donald Trump, ofereceu qualquer ajuda que o presidente Xi Jinping precisar e a OPEP já estuda corte de produção de óleo até o fim de 2020. A expectativa dos investidores é dimensionar o efeito para a economia. Na China, o Ano Novo Lunar sem comemorações e com bloqueio de inúmeras províncias, e ainda por conta do feriado ter sido estendido por mais três dias, o que pode significar menor produção de bens e serviços no primeiro trimestre.
Em termos de indicadores, nos EUA tivemos as vendas de imóveis novos encolhendo 0,4% em dezembro e o índice de atividade industrial de Dallas de janeiro expandindo para 10,5 pontos, de anterior em 3,6 pontos. E já que estamos falando de pragas e pestes, cabe lembrar que a gripe suína já eliminou 7,9 milhões de animais.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 2,23%, com o barril cotado a US$ 52,98, depois de estar caindo na parte da manhã mais de 3,3%. O euro era transacionado em queda para US$ 1,10 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros em forte queda para 1,606%. O ouro operava em alta e a prata em queda na Comex e commodities agrícolas com comportamento de queda na Bolsa de Chicago. O CDS (Credit Default Swap) de cinco anos do Brasil também subiu para 108 pontos, voltando ao patamar do início do mês de dezembro.
No segmento local, o Bacen anunciou o déficit em conta-corrente do mês de dezembro em US$ 5,69 bilhões, cumulando déficit em 2019 de US$ 50,7 bilhões. Os investimentos diretos no país (IDP) em dezembro foram de US$ 9,43 bilhões, e em 2019 chegaram a US$ 78,6 bilhões, cobrindo o déficit em conta-corrente, mas dessa feita, com leve folga. As remessas de lucros e dividendos em 2019 atingiram US$ 31.1 bilhões. A dívida bruta estava em US$ 323,5 bilhões, os gastos com juros atingindo US$ 25,1 bilhões no ano.
Convém destacar ainda que, os investimentos em ações brasileiras encolheram US$ 4,7 bilhões, os fundos captaram recursos de US$ 2 bilhões e a renda fixa perdeu volume de US$ 4 bilhões. O saldo da balança comercial na quarta semana de janeiro foi negativo em US$ 561 milhões, mas no mês de janeiro ainda estamos com superávit de US$ 356 milhões. O fluxo cambial até 23/1 estava em US$ 325 milhões, fruto exclusivamente do fluxo financeiro de US$ 1,29 bilhões.
No mercado local, os DIs tiveram dia de queda dos juros para os vencimentos mais líquidos e o dólar se aproximou de R$ 4,23, mas fechando em alta de 0,60% e cotado a R$ 4,21. Na Bovespa, na sessão de 23/1, os investidores estrangeiros voltaram a sacar recursos de forma forte no montante de R$ 1,3 bilhões, deixando o saldo líquido de janeiro negativo em R$ 11,3 bilhões.
No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 2,29%, Paris com -2,68% e Frankfurt com -2,74%. Madri e Milão com quedas de respectivamente 1,94% e 2,31%. No mercado americano, o Dow Jones com -1,57% e Nasdaq com -1,89%. Na Bovespa, chegamos a perder mais de 3.500 pontos no índice ao longo da manhã, fechando em queda de 3,29% e aos 114.481 pontos.
Na agenda de amanhã, teremos a confiança do setor de construção pela FGV em janeiro, o INCC (construção civil) de janeiro e o relatório mensal de dezembro da dívida pública. Nos EUA, sairá as encomendas de bens duráveis de dezembro, o índice de preços de imóveis Case-Shiller de novembro, a confiança do consumidor do Conference Board de janeiro e o índice de atividade de Richmond de janeiro.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado