Atualização de metodologia amplia campo de dados supervisionados e aumenta precisão na análise da Autarquia
A partir de janeiro de 2020, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) atuará com novo sistema de supervisão para gestão de risco de liquidez em fundos de investimentos.
O sistema foi desenvolvido pela Superintendência de Fiscalização Externa (SFI), que atuou estrategicamente na elaboração de metodologia que aumentasse o campo de dados trabalhados pela área técnica responsável pela supervisão, a Superintendência de Relações com Investidores Institucionais (SIN), além da ampliação na precisão de análise dos índices de liquidez.
Segundo Jorge Alexandre Casara, Gerente de Inteligência em Supervisão de Riscos Estratégicos (GRID/SFI), foram elaborados quatro índices (classificações) de liquidez, com os quais, de acordo com as combinações de análise, será possível identificar, com mais clareza, possíveis inconsistências nos fundos. “O grande ganho com o novo sistema é aprimorar a identificação do que é problema de liquidez em um fundo de investimento e o que é problema informacional. Com isso, nossa atuação de supervisão fica mais precisa, pois podemos definir de forma, ainda mais eficiente, que decisão tomar: seja envio de ofício, para orientar como prestar corretamente a informação, ou regularização de determinada atividade do fundo”, comentou Casara.
Outro destaque é que a nova metodologia funciona de forma similar às metodologias utilizadas pelos administradores fiduciários. “O sistema utiliza dados de liquidez por tipo de ativo e distribui ao longo dos dias de acordo com o que pode ser negociado naquele ativo, já fazendo um confrontamento com os resgates demandados por cada fundo”, acrescentou o gerente.
Além disso, o sistema trabalha com os dados mais detalhados dos Informes Diários dos Fundos de Investimento, ampliando o rol de informações supervisionadas pela CVM.
“O sistema vai alavancar a efetividade de nossa supervisão, na medida em que calcula, com base em critérios próprios, a liquidez da carteira dos fundos. Ou seja, além de termos visão mais ampla das informações prestadas pelos fundos, também validar a consistência desses dados. Nossa atuação estará ainda mais adequada a cada necessidade observada” – Daniel Maeda, Superintendente da SIN/CVM.
Projeto Piloto
Para lançar o novo modelo, a SFI implementou projeto piloto da nova sistemática, que mostrou o ganho que seria possível obter na qualidade da informação divulgada pelos fundos. “Com base nesse trabalho, observamos dados que poderiam ser melhor disponibilizados pelos fundos de investimento. Diante disso, enviamos ofício para cerca de 60 administradores, que já perceberam a nova movimentação de supervisão macro da CVM”, comentou a Superintendente da SFI, Vera Simões.
Além disso, o piloto auxiliou na construção de controles de índices de liquidez, destacando-se como diferencial no novo sistema os controles 2 e 3. “Os fundos para os quais são atribuídos o controle 3 são aqueles em que o administrador provavelmente adota uma metodologia de gestão de liquidez mais conservadora que a CVM, uma vez que ele considera o fundo ilíquido e a Autarquia considera como líquido. O contrário ocorre com os fundos para os quais são atribuídos o controle 2. E é nesta situação que sistema agrega maior valor, pois indica, com maior precisão, se a causa do problema está na liquidez ou na informação prestada”, disse Vera.
A superintendente da SFI também revela que outra novidade é a possibilidade de determinar qual é a falha informacional que precisa ser corrigida.
Análise da atividade atual para desenvolvimento da nova supervisão
As inspetoras da SFI, Amanda da Silva Esposito e Maria Lúcia Macieira de Mello, estudaram o sistema atual utilizado na supervisão da SIN, para compreender tecnologia, lógica e metodologia adotadas, a fim de aprimorar a sistemática e, consequentemente, a supervisão.
“O sistema atual utilizado pela SIN foi desenvolvido pela Assessoria de Análise Econômica e Gestão de Riscos (ASA), após a realização do estudo Ferramentas para gestão de risco de liquidez em fundos de investimento, divulgado no site da CVM em setembro de 2015. Mas observamos que melhorias poderiam ser implementadas e, depois de muita análise e do piloto, chegamos a esse novo modelo”, informou Amanda.
Ainda de acordo com a inspetora, foram diversas reuniões realizadas com superintendências da CVM (de planejamento, de TI e de Análise Econômica e Gestão de Riscos) e com participantes do mercado, como administradores de fundos e representantes da Anbima.
Osvaldo Ramos Mateos, analista da Gerência de Acompanhamento de Fundos (GIFI/SIN), espera que o novo sistema aumente ainda mais a eficiência da atividade de supervisão de liquidez desempenhada pela gerência, indicando de forma objetiva aqueles fundos de investimento que possam apresentar um maior risco potencial de não conseguirem monetizar os seus ativos sem grande sacrifício de preço, o que pode causar prejuízo aos seus cotistas especialmente em momentos de estresse no mercado.
“Esse trabalho realizado pelos servidores da CVM é de alta qualidade, sendo benéfico para o mercado, uma vez que a supervisão da Autarquia para liquidez em fundos de investimento estará ainda mais efetiva” – Marcelo Barbosa, Presidente da CVM.
Orientações ao mercado
Em breve, será disponibilizado, no site da CVM, ofício circular da SIN com esclarecimentos sobre a nova forma de supervisão. Também será promovido Webinar para apresentação ao mercado. Novas informações serão divulgadas oportunamente.