O último pregão do ano de 2019 foi em clima de realização de lucros, depois de sucessivos recordes batidos pelos mercados dos EUA e Bovespa, e ainda em diferentes mercados da Europa e índice Stoxx-600. A Bovespa terminou o ano em queda de -0,73% e índice em 115.686 pontos, o que deve ser considerado ainda positivo, diante de tudo que aconteceu e as dificuldades encontradas pelo governo de Bolsonaro, notadamente na aprovação de reformas e ajustes e na morosidade do Congresso Nacional, dito reformista. Isso fica retratado pela revisão pelo Congresso de quase 30% dos vetos de Bolsonaro.
Os investidores seguem apostando na melhora do quadro político e na agilidade de aprovar medidas em 2020, com empresas bem ajustadas para um ano que promete crescer mais que o dobro do ano que está terminando, com inflação contida e juros ainda bastante baixos. Mas será preciso enorme celeridade, considerando o recesso do Congresso e Judiciário, as eleições de final de ano aqui e nos EUA.
Na verdade, teremos os primeiros sete meses para aprovar mudanças essenciais, pois depois não haverá ambiente.
Hoje, foi dia de rescaldo nos mercados, baixa liquidez e poucas oscilações de vulto. Nos EUA, tivemos os estoques no atacado de novembro permanecendo estável, o índice de atividade industrial de Chicago com alta para 48,9 pontos (previsão era 47,4 pontos). Já o índice de atividade industrial de Dallas observou alta para 3,6 pontos em dezembro e as vendas pendentes de imóveis cresceram 1,2%, quando o previsto era 1%. Mas nada disso fez preços para os ativos nos EUA e em outros mercados. Lembramos que amanhã ainda teremos pregão encurtado em NY. Na China, foi divulgado que o vice-primeiro-ministro chinês Liu He deve ir aos EUA para assinar a primeira fase do acordo comercial.
Na sequência, a S&P elevou a classificação de risco da Argentina de default seletivo (SD) para CC com perspectiva negativa. No mercado internacional, o petróleo WTI era negociado NY com queda de 0,10%, com o barril cotado a US$ 61,66. O euro era transacionado a US$ 1,12, em alta e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,89%. O ouro e a prata com comportamento de alta na Comex e commodities agrícolas majoritariamente com altas na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China teve dia de queda de 0,47%, com a tonelada em US$ 91,08.
Internamente a nova pesquisa semanal Focus do Bacen mostrou inflação de 2019 em 4,04% (anterior em 3,98%) e a de 2020 subindo para 3,61%. O PIB previsto para 2019 subiu na margem para 1,17% e 2020 em alta para 2,30%. A produção industrial de 2019 mostra projeção de -0,73% e alta de 2,19% em 2020. O saldo da balança comercial previsto para 2020 é de superávit menor que o do encerramento de 2019, com superávit de US$ 44,5 bilhões. A relação dívida/PIB piora um pouco em 2020 para 58%, do previsto para 2019 que foi de 56,2%.
O Bacen também divulgou o déficit primário do setor público em novembro de R$ 15,3 bilhões e no ano acumulando R$ 48,4 bilhões (cerca de 0,73% do PIB). Os gastos com juros em 2019 estão em R$ 342,4 bilhões e o déficit nominal de novembro em R$ 53,2 bilhões e acumulando R$ 390,7 bilhões, algo como 5,91% do PIB. A dívida bruta atinge 77,7% do PIB em novembro, vindo de 77,3%. A queda se prende mais ao fato do IBGE ter reavaliado o PIB projetado. Segundo dirigente do Bacen, a receita de ICMS para Estados cresceu real 1,3% até outubro e as transferências pelo governo até novembro (nominal com +7,9%.
No mercado, dia de DIs com comportamento de queda para os prazos mais líquidos e dólar fechando com queda de 0,95% e cotado a R$ 4,012. O dólar PTAX de encerramento de 2019 ficou em R$ 4,03, com alta anual de 4,02%. Na Bovespa, na sessão de 26/12, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 172,3 milhões, deixando o saldo de dezembro negativo em R$ 3,75 bilhões e o ano de 2019 com saídas líquidas de R$ 43,0 bilhões.
Dia de queda da Bolsa de Londres de 0,76%, Paris com -0,91% e Frankfurt com -0,66%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 0,74% e 1,06%. No mercado americano, o Dow Jones com -0,64% e Nasdaq com -0,67%. Na Bovespa, dia de queda de 0,76% e índice fechando o ano em 115.645 pontos. Em 2019 registrou valorização de 31,6%.
Alvaro Bandeira
Economista-chefe do banco digital Modalmais