Passado o vencimento de opções e pressões por ajustes de carteiras, o dia pode ser melhor para a Bovespa, recuperando perdas. Ontem, no final do dia, a Bovespa virou para o campo negativo interrompendo sequência de alta. Dois fatores contribuíram para tal: o vencimento de opções para o prazo de dezembro com exercício de R$ 12,1 bilhões e ajustes de posições no final do dia, e a fala de Bolsonaro trazendo novamente a CPMF para discussão, ao dizer que todas as opções estavam sobre a mesa.
Hoje, mercados da Ásia encerraram o dia com boas altas em função do acordo entre EUA e China e ainda de indicadores de conjuntura da China de novembro mostrando recuperação. Já a Europa, segue operando majoritariamente com quedas, com o espectro do Brexit sem acordo voltando a rondar. Futuros do mercado americano também começando o dia com comportamento negativo. Aqui, vamos ver como os investidores se comportam com a discussão da CPMF e a divulgação da ata do Copom da última reunião podendo sinalizar alterações. Apesar disso, ontem o CDS (credit default swap) do Brasil, uma espécie de seguro de crédito, bateu em 96 pontos, no nível mais baixo desde outubro de 2010.
Na China, o governo vai isentar produtos agrícolas dos EUA de tarifas, e isso pode complicar um pouco as exportações de produtos primários do Brasil. Lembrando que a China deve comprar cerca de US$ 40/50 bilhões nos próximos dois anos dos EUA. Na Austrália, a moeda ficou mais fraca, depois de o banco central declarar que juros devem ficar baixos por período prolongado.
No Reino Unido, a taxa de desemprego do trimestre encerrado em outubro ficou estável em 3,8%, de previsão de 3,9%. Já na zona do euro, o superávit na balança comercial subiu para 24,5 bilhões de euros em outubro, vindo de 18,7 bilhões de euros no mês anterior. O Brexit sem acordo é que voltou a ser discutido, mesmo depois de o presidente do BOE (Banco Central Inglês) dizer que a probabilidade reduziu com as eleições e que o sistema financeiro estava preparado para qualquer alternativa.
Nos EUA, o fluxo de capital de outubro foi negativo (saídas) em US$ 48,3 bilhões e o presidente do FED de St. Louis quer esperar a respostas da economia para decidir posição sobre juros. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava estabilidade, com o barril cotado a US$ 60,21. O euro era transacionado em alta para US$ 1,116 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,855%. O ouro e a prata mantinham altas na Comex e commodities agrícolas com viés de queda na Bolsa de Chicago.
Aqui, Sérgio Cabral ex-governador do RJ, acertou colaboração premiada com a Polícia Federal, mas surgiram contestações. Já o relator do orçamento no Congresso, declarou que o fundo eleitoral será de R$ 2,0 bilhões.
A instituição JP Morgan está otimista com o Brasil dentre os emergentes e considerando reformas. O mercado hoje pode retomar processo de alta, mas fraqueza externa inibe. Juros devem seguir com viés de alta e dólar mais fraco, mesmo depois de quedas ocorridas.
Alvaro Bandeira
Economista-chefe do banco digital Modalmais