No mercado acionário, novos negócios atuam como um gás energético para os papéis das empresas cotadas na Bolsa a todo momento. Nesta semana, o destaque tem sido a Oncoclínicas (ONCO3), que já acumula valorização superior a 140% nos últimos 5 dias, resultado da confiança que tomou os investidores após o aumento de participação por parte de dois fundos da gestora Latache.
Um comunicado da empresa informou, na quarta-feira (19), que os fundos ARCL II Fundo de Investimento Financeiro Multimercado e o Nova Almeida Fundo de Investimento Financeiro Multimercado, da Latache, aumentaram a fatia na ONCO3 para 6,84%.
Esse movimento, está ajudando a empresa a recuperar as perdas em torno de 90% que suas ações tiveram desde a abertura de capital na B3 – Operadora da Bolsa – em 2021.
O que dizem os especialistas sobre o salto da Oncoclínicas (ONCO3)?
- O fato dos fundos da Latache, que pertence a Renato Azevedo, terem comprado mais ações da companhia fortalece a ideia de um retorno atrativo, apesar do negócio ainda representar um risco, avaliam analistas consultados pelo BPMoney.
“Isso foi visto como um ótimo sinal de confiança na empresa. Ainda mais depois de uma queda em torno de 70% a gente olhar no horizonte nos últimos 12 meses. A Latache entrar como acionista mostra que o mercado, de certa forma, reconhece que a empresa ainda tem boas perspectivas de gerar resultado e trazer retorno”, afirmou Acilio Marinello, sócio-fundador da Essentia Consulting.
- O que os agentes do mercado entendem até o momento, é que, dado o histórico da Latache de investir em situações especiais, o desconto das ações da Oncoclínicas ficou tão grande que agora o retorno potencial faz sentido. Além disso, o fato de Lucas Kallas, fundador da Cedro Mineração, ser um dos principais investidores de um dos fundos, também chama atenção, explicou Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.
“Quando uma gestora relevante, com figuras de peso por trás dela, passa confiança ao mercado e atinge quase 7% do volume de aquisição da companhia, suas ordens de compra acabam impulsionando os preços das ações”, reforçou.
- Porém, a realidade financeira da companhia não é das melhores, com o balanço de 2023 e 2024 apresentando estabilidade no Ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Sendo assim, a avaliação de Monteiro é que a Oncoclínicas não tem diferenciais relevantes de retorno aparente, além das expectativas geradas pelo movimento da Latache.
“Para se capitalizar, a companhia precisou emitir novas ações, que foram adquiridas pelos acionistas controladores com um ágio relevante de 89%, levantando R$ 1,5 bilhão para ajudar na alavancagem da empresa. Essa capitalização contribuiu para a gestão do endividamento”, indicou.
- No entanto, o novo negócio ainda não muda o fato de que o investimento na Oncoclínica é de alto risco, visando, inclusive, o rebaixamento que as ações sofreram por parte do banco norte-americano JPMorgan, que anteriormente recomendou a venda dos papéis, considerando o cenário macroeconômico e aumento da Selic (taxa básica de juro). Nesse contexto as ações preferidas do banco para o setor de saúde são a Rede D’Or (RDOR3) e Hapvida (HAPV3).
“O ponto de atenção que fica para o médio longo prazo é que a Oncoclínicas ainda depende muito de acordos feitos com os médicos e parcerias com os planos de saúde, que também estão passando para um momento de dificuldade, com a perda de associados devido ao aumento dos valores e a própria o contexto econômico do país”, disse Acilio Marinello.
- No comunicado ao mercado financeiro, a empresa afirmou que os fundos não demonstraram, até o momento, pretensão de alterar a composição do controle ou a estrutura do negócio, o que, na visão de Acilio Marinello, seria mais uma mensagem de que o grupo está pensando no longo prazo, visto que uma intervenção na cultura e modelo de governança internos da Oncoclínicas seria um movimento muito forte por agora.
“Para o mercado passa uma percepção de estabilidade e muita confiança também na equipe atual que está fazendo a gestão da empresa. Às vezes isso pode, talvez, atrair outros investidores que poderiam ter algum grau de dúvida ou insegurança com a gestão atual. [A Oncoclínicas] se torna um ótimo player para os investidores formarem suas carteiras e diversificarem seus investimentos”, comentou.
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