Caro Investidor!
Não é legal abandonar aquilo que fez você feliz durante muito tempo só porque vive uma fase ruim. Lembrando que tudo piora até melhorar e ser um investidor de Fundos Imobiliários (FIIs) é viver essa emoção nos últimos meses. No entanto, analistas mantêm o otimismo e ele pode contagiar você. O IFIX encerrou o mês de janeiro em -3,07%, aos 3.020,63 pontos, e mesmo com uma parte da queda revertida, o primeiro mês do ano foi marcado por muita volatilidade. O índice registra quedas mensais consecutivas desde setembro. Em 2024, o indicador teve queda de quase 6%. Nos primeiros dias de fevereiro, o indicador acumula perdas de 0,83% (6/2).
“Não fossem os dois últimos dias do mês, em que tivemos duas altas consecutivas, o índice teria apresentado sua pior performance mensal desde maio 2018 – excluindo o período da pandemia”, diz o relatório de projeção para fevereiro da Genial.
De acordo com seus analistas, “boa parte da queda ainda pode ser explicada pela expectativa de aumento de juros no Brasil devido ao cenário macroeconômico complexo, impulsionado principalmente pela falta de perspectiva de uma melhora no quadro fiscal. Além disso, durante o mês de janeiro, tivemos o veto da isenção da tributação de FIIs, que intensificou o movimento de queda da classe”.
Mas como ninguém morre de véspera, o time da Genial segue otimista. “Esperamos que a derrubada do veto ao longo do mês de fevereiro contribua com uma melhora nas performances dos ativos, que na nossa visão seguem sendo negociados a preços descontados.”
Cenário para os FIIs
Com o atual cenário macroeconômico desafiador, o mercado de FIIs também levou o baque com um veto à isenção tributária para fundos de investimento na regulamentação da Reforma Tributária. E esse movimento abriu margem para perguntas sobre uma possível cobrança de impostos sobre as receitas dos fundos imobiliários. Conforme o Ministério da Fazenda o veto se trata de um equívoco de interpretação e o governo não pretende tributar os FIIs.
Somou-se a isso os juros altos e os questionamentos do mercado financeiro sobre o quadro fiscal brasileiro que tem ferido as cotas dos fundos de investimentos imobiliários (FIIs). Conforme publicação do BB Investimentos, embora com IFIX negativo, o atual cenário traz a vantagem de aumentar a taxa dos dividendos. Na média de todos os fundos listados no Ifix, o dividendo mensal representa cerca de 15% do valor das cotas atualmente, segundo levantamento da Suno.
Os desafios dos FIIs
Para Felipe Paiva, sócio na área de Mercado de Capitais de TozziniFreire Advogados, o mercado de FIIs enfrenta um desafio este ano, “principalmente devido à manutenção da taxa Selic em patamares elevados, o que aumenta a atratividade da renda fixa e pressiona os preços das cotas, reduzindo a liquidez no setor”.
Mas ele destaca que setores como FIIs de papel, indexados ao CDI ou à inflação, continuam atrativos para os investidores. “A desvalorização das cotas pode representar oportunidades para investidores com foco no longo prazo, especialmente em fundos com ativos de qualidade e inquilinos sólidos. Além disso, discussões recentes no Congresso sobre ajustes na tributação de FIIs podem trazer mudanças no ambiente regulatório, exigindo atenção dos investidores às possíveis alterações fiscais”, comenta.
Sidney lima, analista da Ouro Preto Investimentos, diz que os FIIs podem enfrentar desafios em um ambiente de juros altos, que tornam a renda fixa mais competitiva. “No entanto, segmentos como logística e propriedades essenciais podem manter resiliência. A análise criteriosa da qualidade dos ativos e dos contratos de locação é fundamental. Outro ponto importante a se observar, é a inadimplência dos contratos dentro desses fundos, para que se entenda a saúde do fundo.”
Já para Marcello Carvalho, economista na WIT Invest destaca que após diversas ameaças de taxação, “o investidor pessoa física está evitando adquirir fundos imobiliários com receio de perder uma das maiores atratividades do investimento, que é a isenção de imposto de renda para pessoa física”.
Entretanto, o economista afirma que um ponto importante de se ressaltar é que, caso se retire essa isenção, “existe chance considerável de investidores institucionais começarem a trabalhar o ativo como já trabalham as demais classes de renda variável, o que atrairia uma maior estabilidade para os fundos”.
Carvalho diz, por fim, que “no mês de fevereiro, continuará uma montanha russa para os FIIs, entretanto, eles devem seguir descontados e pagando ótimos aluguéis mensais”.
(Colaborou na produção: Márcia Sobotyk)