O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na última quinta-feira (6) a criação de um “gabinete da fé” na Casa Branca caso seja reeleito, prometendo medidas contra o que classificou como preconceito anticristão dentro do governo federal.
A iniciativa será liderada pela procuradora-geral da Flórida, Pam Bondi, e terá como principal objetivo monitorar casos de suposta discriminação contra cristãos em órgãos como o Departamento de Justiça, FBI e IRS (órgão equivalente à Receita Federal nos EUA).
O anúncio foi feito durante o Café da Manhã Nacional de Oração, evento religioso anual realizado no Capitólio. Em seu discurso, Trump reforçou a ideia de que os cristãos enfrentam perseguição e prometeu ações para garantir a liberdade religiosa.
Força-tarefa contra ‘vandalismo anticristão’
Além da criação do gabinete, Trump assinou um decreto determinando que Bondi lidere uma força-tarefa dedicada a combater a violência e o vandalismo anticristãos.
O republicano não citou exemplos concretos de ataques a cristãos dentro do governo, mas já havia alegado anteriormente que a administração de Joe Biden usou agências federais para perseguir religiosos.
O anúncio ocorre meses após o governo Biden lançar iniciativas para combater a intolerância contra árabes, muçulmanos e judeus, levantando discussões sobre a atenção dada a diferentes grupos religiosos nos EUA.
Polêmica sobre separação entre Igreja e Estado
A decisão de Trump reacendeu o debate sobre a separação entre Igreja e Estado, princípio garantido pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que impede o endosso governamental a qualquer religião.
Especialistas jurídicos apontam que o gabinete da fé pode gerar questionamentos sobre favorecimento religioso e uso da máquina pública para atender interesses de grupos específicos.
Trump, que tem forte apoio de cristãos conservadores e evangélicos, frequentemente usa referências religiosas em seus discursos, especialmente após sobreviver a uma tentativa de assassinato em 2023.
Base evangélica e estratégia eleitoral
A relação de Trump com o eleitorado cristão tem sido uma peça-chave em sua estratégia eleitoral.
Durante seu primeiro mandato, ele criou um escritório semelhante para dialogar com líderes religiosos e frequentemente consultava conselheiros evangélicos, incluindo a pastora Paula White, que voltará a integrar seu governo caso ele seja reeleito.
Além do gabinete da fé, o ex-presidente prometeu criar uma nova comissão sobre liberdade religiosa e criticou Biden por supostamente perseguir grupos pró-vida que se opõem ao aborto.