A possível fusão entre as companhias aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) gerou reações no setor, e o CEO da Latam no Brasil, Jerome Cadier, não ficou quieto. 

Durante a apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2024, o executivo se mostrou com dúvidas sobre a real necessidade da combinação de negócios para garantir a sobrevivência das concorrentes. 

“Tenho minhas dúvidas se uma combinação de negócios é a melhor forma de resolver um problema de dívida”, destacou Cadier.  

Como exemplo, o executivo falou que Latam optou pelo caminho do Chapter 11 (recuperação judicial nos Estados Unidos). Ele lembrou que a companhia saiu da crise financeira “mais forte do que nunca, sem nenhuma necessidade de concentração de mercado”. 

Fusão entre Gol e Azul e impactos no mercado  

A fusão entre Gol e Azul criaria uma gigante do setor aéreo, que controlaria cerca de 60% do mercado doméstico de aviação no Brasil, ultrapassando a Latam, que atualmente detém 40% de participação.  

A possibilidade de uma concentração excessiva no setor preocupa Cadier, que defendeu uma análise rigorosa por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). 

“O que a gente não quer é um mercado mais concentrado, com menos opções para passageiros, preços mais altos e menor crescimento, é isso que a gente tem que evitar”, afirmou Cadier. 

Apesar disso, ele reconheceu que a operação precisa ser analisada com mais detalhes antes de tirar conclusões definitivas.

“Se isso [a fusão] é inevitável ou não, é difícil dizer a essa altura do campeonato. Mas são empresas que operam muito bem, e do ponto de vista de pontualidade, cancelamento e serviço, estão no melhor nível mundial. O ativo é muito bom, o problema é a dívida.” 

Latam promete acompanhar fusão 

Cadier afirmou que a Latam participará das discussões sobre a fusão. No entanto, isso acontecerá quando houver maior clareza sobre os termos do acordo entre a Azul e Gol.  

“A gente tem que esperar um pouco para saber exatamente como vai acontecer, mas vamos participar desse processo, sem dúvida nenhuma. Para conseguir fazer com que a recomendação seja a que faz mais sentido, tanto para a dinâmica do mercado brasileiro quanto para o cliente e passageiro brasileiro”, afirmou. 

Governo vê fusão como solução para fortalecer a aviação 

Enquanto a Latam manifesta preocupações com os impactos da fusão no mercado, o governo do Lula tem um posicionamento mais favorável à união entre Gol e Azul.  

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que a fusão pode fortalecer a aviação brasileira. Assim, isso evitaria uma possível crise financeira nas companhias. 

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Para o governo, o acordo poderia preservar empregos, ampliar a conectividade regional e trazer mais estabilidade ao setor. Para o ministro, “a possibilidade da fusão entre a Gol e a Azul é positiva para o fortalecimento da aviação brasileira”.  

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