Nos últimos dias, depois de quase bater a R$ 7,00, o Dólar deu uma trégua em relação ao Real. Na manhã desta sexta-feira (31), a moeda norte-americana operava com baixa ante a brasileira (R$ 5,83, por volta do meio dia) , após uma abertura positiva, com mercado de câmbio sob pressão técnica em dia de formação da Ptax do fim de janeiro, após queda acumulada pelo dólar de 5% em janeiro.

Além disso, os investidores também repercutem dados dos EUA, incluindo o custo do emprego, que subiu 0,9% abaixo da previsão de 1%, e a inflação medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE), em linha com as expectativas.

Inflação dos EUA

O PCE (Personal Consumption Expenditures) dos EUA de dezembro ficou em linha com o esperado pelo mercado, ao apresentar variação de 0,3% em relação a novembro. O núcleo do PCE, que exclui os preços de alimentos e energia e é o índice de referência para a meta de inflação do Fed, também ficou em linha com o esperado, ao acelerar para 0,16% no mês, variação mensal considerada baixa e alinhada à meta anual de 2,0%.

A composição do PCE mostra que a inflação de bens desacelerou mais na ponta, enquanto a inflação de serviços segue resiliente e mantendo a inflação em 12 meses elevada.

De acordo com Andressa Durão, economista do ASA, “o PCE confirma mais um dado benigno, com a média móvel anualizada do núcleo da inflação voltando a ficar próxima de 2%, mas a inflação em 12 meses permanece estagnada em nível acima da meta, o que deve manter o Fed cauteloso. Diante dos riscos altistas relacionados à inflação, esperamos que o Fed mantenha os juros parados nas próximas duas decisões”, disse.

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Especialista analisa o comportamento do câmbio em janeiro

Lucas Tavares, especialista em câmbio na WIT Exchange, analisa o comportamento do câmbio e os principais fatores que impactaram a volatilidade do dólar no mês de janeiro.

Quais foram os principais fatores que influenciaram o comportamento do câmbio em janeiro de 2025?

Em janeiro de 2025, o real apresentou uma valorização significativa frente ao dólar, maior desde junho de 2023, impulsionada por fatores internos e externos.

Internamente, o governo divulgou resultados bem recebidos pelo mercado, como o encerramento de 2024 com um déficit de 0,1% do PIB, dentro da meta estabelecida. Além disso, reafirmou seu compromisso com o equilíbrio fiscal e sinalizou possíveis medidas adicionais para conter gastos e manter a meta fiscal de 2025.

No cenário externo, a posse de Donald Trump e a política comercial protecionista que ele desenvolveu nos primeiros dias de governo geraram incertezas. Ao mesmo tempo, os preços internacionais de commodities aumentaram, beneficiando as exportações brasileiras, aumentando a entrada de moeda estrangeira no país e favorecendo a valorização do real.

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Como as oscilações cambiais impactaram os setores da economia brasileira?

As oscilações cambiais impactam a economia de diferentes maneiras, beneficiando alguns setores e prejudicando outros. A valorização do real tende a favorecer os importadores, diminuindo os custos de produtos e insumos importados, enquanto os exportadores podem enfrentar desafios à menor competitividade de seus produtos no mercado internacional.

Como as expectativas em relação à política monetária dos Estados Unidos influenciaram o câmbio em janeiro?

O mercado confirmou nesta quarta-feira a interrupção do ciclo de cortes de juros promovidos pelo Fed. No entanto, apesar da posse de Donald Trump e das expectativas de fortalecimento do dólar, o real se valorizou em janeiro de 2025, impulsionado por fatores internos e pela antecipação do mercado às políticas anunciadas.

Quais fatores políticos e econômicos têm mais influenciado a volatilidade do dólar?

Atualmente, a posse de Donald Trump e suas políticas econômicas protecionistas, como a imposição de tarifas sobre importações da China, têm sido fatores de grande impacto. Do ponto de vista econômico, o surgimento da empresa chinesa DeepSeek causou perdas bilionárias no valor do mercado das big techs americanas.

Como o cenário político interno no Brasil e eventos internacionais, como eleições e mudanças em governos, estão afetando o câmbio?

O cenário político interno foi positivo, isso porque a polêmica recente do Pix não afetou no câmbio. Entretanto, houveram divulgações importantes sobre o compromisso com a meta fiscal. No cenário internacional, mudanças de governo, especialmente nos EUA, trouxeram incertezas sobre políticas comerciais que podem afetar economias emergentes, incluindo o Brasil.

Como a volatilidade do dólar impacta os investidores brasileiros?

A volatilidade do dólar afeta os investidores brasileiros de diversas formas. Investimentos em ativos denominados em dólares, como ações de empresas estrangeiras ou commodities, podem sofrer grandes oscilações de valor. Além disso, as empresas brasileiras com dívidas em dólares podem enfrentar custos financeiros mais elevados em caso de desvalorização do real. Para mitigar esses riscos, os investidores podem recorrer a instrumentos como contratos de câmbio futuros.

Que setores da economia são mais afetados por um dólar instável e por quê?

Setores como agronegócio, mineração e manufatura exportadora são altamente sensíveis às variações cambiais, pois dependem das exportações. A desvalorização do real torna os produtos brasileiros mais competitivos no exterior, enquanto uma valorização pode reduzir essa competitividade. Por outro lado, setores que dependem de insumos importados podem se beneficiar de um real mais forte, que reduz os custos de importação.

Quais estratégias de proteção cambial você recomenda para empresas e investidores neste momento?

Para proteção cambial, as empresas podem recorrer a hedge, câmbio futuro e instrumentos de crédito para mitigar riscos. Para os investidores, mesmo com o dólar em alta, é importante manter parte do patrimônio dolarizado, além de diversificar mercados e investimentos.

Como a posse de Donald Trump e suas primeiras medidas impactaram o dólar e outras moedas emergentes no mês de janeiro?

A posse de Donald Trump em janeiro de 2025 gerou expectativas de fortalecimento do dólar devido às propostas políticas econômicas. No entanto, algumas das suas primeiras medidas, como a imposição de tarifas sobre importações de países vizinhos e da China, geraram incertezas nos mercados. Além disso, o efeito DeepSeek contribuiu para a valorização de algumas moedas emergentes frente ao dólar.

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