Entrevista com Sérgio Akira Sato, especialista em gestão estratégica de riscos corporativos e inovação em tecnologia, com mais de três décadas de experiência como sócio fundador da Arew Sistemas e Diretor Executivo da InFormaSeg Sistemas de Inteligência e Riscos. Foi Diretor de TI na Prefeitura de Atibaia (2001-2005) e é conselheiro certificado pela Board Academy, além de professor na pós-graduação do Mackenzie. Graduado em Análise de Sistemas com mestrado pela UNICAMP em Engenharia Mecânica, destacou-se em estudos de produtividade sustentável. Palestrante e autor de obras sobre governança, atua como conselheiro fiscal e consultivo em organizações renomadas, com forte compromisso na mentoria de jovens em situação de vulnerabilidade social.

Para Sérgio Akira Sato: “Em tempos de crises climáticas severas, a adoção de soluções tecnológicas avançadas, como inteligência artificial integrada a sistemas de monitoramento contínuo, é essencial. Com o uso de dados georreferenciados e modelos matemáticos robustos, podemos não apenas prever eventos climáticos com maior precisão, mas também mitigar riscos às pessoas, ao patrimônio e ao meio ambiente, promovendo uma gestão de crises mais eficaz e sustentável.”

Iniciemos a entrevista com Sérgio Akira Sato:

Acionista: Como o senhor vislumbra as novas tendências da gestão de riscos organizacionais, nas esferas pública e privada, em um contexto de mudanças climáticas?

As novas tendências em gestão de riscos apontam para uma abordagem cada vez mais integrada e orientada por dados em tempo real, utilizando tecnologias como inteligência artificial, sensores climáticos avançados e plataformas de monitoramento preditivo. Em tempos de mudanças climáticas, a gestão de riscos precisa incorporar variáveis complexas e dinâmicas, como eventos climáticos extremos e padrões de instabilidade ambiental. Além disso, cresce a demanda por planos de contingência mais robustos e políticas públicas que promovam infraestrutura resiliente. A colaboração entre setor público e privado também se torna crucial para desenvolver soluções inovadoras e garantir respostas rápidas e coordenadas. O futuro da gestão de riscos passa pela criação de sistemas capazes de evoluir conforme o cenário externo se transforma, sempre com o foco na proteção de pessoas, produtos e patrimônios.

Acionista: A seu ver, como a legislação ambiental pode criar um melhor nível de prevenção de desastres urbanos e rurais?

A legislação ambiental é essencial para proteger ecossistemas e regular o uso sustentável de recursos naturais. No entanto, é necessário encontrar um equilíbrio entre preservação e segurança, gestão, controle e monitoramento. A legislação ambiental no Brasil é eficiente, mas veja esse exemplo: a proibição de dragagem em rios como o Guaíba (Rio Grande do Sul) teve um impacto significativo na capacidade de armazenamento de água, contribuindo para enchentes em períodos de chuvas intensas. Portanto, ao implementar normas ambientais, é crucial considerar seus efeitos sobre a dinâmica dos riscos e assegurar que haja planos complementares para mitigar eventuais consequências negativas e, principalmente, gestão, controle e monitoramento, com respostas eficientes, eficazes e rápidas.

Acionista: Quais são os indicadores mais relevantes para avaliar a ocupação de áreas de risco e propor políticas públicas mais eficazes?

Existem diversos indicadores que ajudam a monitorar a ocupação e a vulnerabilidade das áreas urbanas, como o Índice de Vulnerabilidade a Desastres Naturais (IVDN), que mede a exposição de determinadas regiões a diferentes tipos de desastres, e o Índice de Resiliência Urbana (IRU), que avalia a capacidade de uma cidade se recuperar após eventos críticos. Outro indicador importante é a Taxa de Ocupação de Áreas Seguras (TOAS), que calcula a proporção de edificações localizadas em áreas classificadas como seguras. Esses dados ajudam a direcionar investimentos e a priorizar ações preventivas, como a desapropriação de construções em áreas de risco.

Acionista: Quais são os principais desafios enfrentados pelo setor público na implementação de tecnologias avançadas para gestão de riscos?

No setor público, os processos de aquisição e implementação de tecnologias frequentemente enfrentam dificuldades devido às exigências legais e burocráticas previstas pela Nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021). Isso pode tornar a contratação de serviços especializados mais demorada, mesmo quando o risco identificado exige uma resposta imediata. Além disso, muitas vezes o orçamento e a infraestrutura disponíveis não acompanham as necessidades tecnológicas. Entretanto, com um planejamento estratégico robusto, é possível integrar soluções inovadoras e realizar aquisições de forma eficiente, sempre assegurando a transparência e a idoneidade dos processos. No setor privado, há mais flexibilidade, mas o desafio está na manutenção do equilíbrio entre o investimento em tecnologia e os custos operacionais.

Acionista: Como empresas privadas podem contribuir para tornar as cidades mais seguras em situações de crise?

Em minha opinião, o setor privado tem um papel essencial na viabilização de parcerias público-privadas para financiar e implementar soluções de infraestrutura, como sistemas de monitoramento, diques e estações de bombeamento. Além disso, empresas podem investir em projetos socioambientais e fomentar inovações que fortaleçam a resiliência urbana. Outro ponto importante é a participação ativa em fóruns e conselhos de gestão de riscos, oferecendo expertise e recursos. Ao adotar medidas como a promoção de simulados de emergência e a disponibilização de recursos tecnológicos, as empresas ajudam a construir comunidades mais preparadas para lidar com crises.

Acionista: Como as organizações públicas e privadas podem se adaptar às mudanças climáticas para mitigar os impactos de desastres naturais?

As organizações precisam adotar uma abordagem proativa e considerar eventos climáticos extremos como parte do cenário de riscos. Isso envolve a criação de planos de contingência, o uso de ferramentas de monitoramento climático em tempo real e a revisão periódica de infraestruturas críticas. Além disso, a colaboração com especialistas em meio ambiente e a realização de auditorias periódicas podem ajudar a identificar pontos vulneráveis e implementar ações preventivas. Eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul mostram que não basta ter planos de ação: é preciso garantir que os sistemas de proteção, como diques e casas de bombas, estejam sempre em pleno funcionamento.

Acionista: Como a cultura organizacional, que por vezes recebe insuficiente atenção, pode influenciar no sucesso de programas de gestão de riscos?

A cultura organizacional é um dos pilares mais importantes da gestão de riscos. Afinal, a responsabilidade pela gestão de riscos é coletiva e a cultura organizacional termina por determinar como as pessoas enxergam e lidam com riscos em suas atividades diárias. Uma organização com uma cultura de transparência e aprendizado contínuo está melhor preparada para identificar, analisar e mitigar riscos de forma ágil. Empresas que não estimulam uma comunicação clara ou negligenciam treinamentos podem criar lacunas que aumentam os riscos internos, como erros operacionais e falhas de gestão. Um programa eficaz de gestão de riscos deve fomentar o engajamento em todos os níveis, promovendo treinamentos periódicos e incentivando práticas de conformidade.

Acionista: Por fim, qual é o papel da liderança na preparação das futuras gerações para lidar com riscos e inovar em tempos de crise?

O papel da liderança vai além da tomada de decisões estratégicas. Envolve a inspiração e o preparo de novas gerações para pensar criticamente e agir com responsabilidade. Um líder eficaz deve incentivar a cultura de aprendizado constante, promover resiliência e estimular a inovação em momentos de adversidade. É fundamental criar espaços para troca de ideias, mentorias e projetos colaborativos que conectem os talentos às soluções práticas de gestão de riscos. Assim, formamos profissionais que não apenas reagem às crises, mas as antecipam com visão estratégica e capacidade de adaptação, garantindo a continuidade e o crescimento sustentável das organizações.

Voltamos com força total e desejamos aos nossos leitores um excelente 2025!

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