Será que 2025 será um bom ano para economia brasileira? Com tantas previsões e a taxa Selic em nível elevado, fica difícil traçar um cenário para o Brasil neste ano.
Com a taxa Selic estimada em 14,25% no início do ano e podendo alcançar 15% nos meses seguintes, a política monetária continua restritiva.
O objetivo do Banco Central é conter a inflação, que deve encerrar o ano em 4,7%, acima do teto da meta de 4,5%, segundo a Diretora de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências Consultoria do JOTA, Alessandra Ribeiro.
Mesmo com a desaceleração da inflação, o cenário macroeconômico para 2025 pode ser desafiador. Veja algumas previsões para economia do Brasil neste novo ano.
Economia brasileira em 2025
Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus Research, destaca que o pessimismo generalizado sobre a economia brasileira em 2025 pode, paradoxalmente, ser um indicativo de oportunidades futuras.
“Estão todos pessimistas para 2025 no Brasil. E essa é a primeira coisa que me anima”, afirmou em sua newsletter Day One.
A inflação deve permanecer como um dos principais desafios para a economia brasileira em 2025.
Com expectativa de encerrar o ano em 4,7%, acima do teto da meta de 4,5%, a pressão inflacionária decorre de fatores como a desvalorização cambial e o aumento nos preços de alimentos.
Assim, o Banco Central deve adotar uma política monetária ainda mais restritiva, elevando a Selic a 14,75% em maio de 2025 e mantendo-a nesse patamar até o final do ano.
Crescimento econômico em 2025
Segundo o Boletim Focus, a inflação pode chegar a 4,99% em 2025, com a taxa Selic em 15%. Porém, o crescimento de toda a economia alcançaria 2,02% nesse cenário.
Entenda de vez o que é a taxa Selic e como ela afeta seus investimentos
Felipe Miranda também aponta que o pessimismo atual pode ser o prelúdio de um cenário mais otimista, especialmente se o governo avançar na condução responsável do arcabouço fiscal e consolidar medidas de equilíbrio econômico.
1º Focus de 2025: Selic deve encerrar o ano em 15%
Contas públicas
As contas públicas seguem como uma fonte de preocupação. O pacote fiscal aprovado em 2024 foi considerado insuficiente para estabilizar a dívida pública no longo prazo.
Segundo o Itaú: “além do ajuste possivelmente ser insuficiente para cumprir o limite de crescimento de despesas do arcabouço fiscal, foram elencadas poucas medidas estruturais de contenção de gastos à frente”.
De acordo com o Tesouro Nacional, há uma projeção que as contas públicas do governo terminarão com um déficit primário equivalente a 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2025. E esse movimento segue para o ano seguinte.
Salário mínimo em 2025
Uma das questões centrais da economia brasileira para 2025 é o reajuste do salário mínimo.
Projeções da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda apontam que o piso salarial pode alcançar R$ 1.521. Isso representa um aumento de 7,71% em relação ao valor atual de R$ 1.412.
Além disso, a política de valorização permanente do salário mínimo combina a inflação do ano anterior com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes para definir esse reajuste.
Por isso, como o PIB de 2023 cresceu 2,9%, esse índice foi incorporado à fórmula de cálculo. No entanto, há debates sobre limitar o aumento real do mínimo ao teto de 2,5% estabelecido pelo arcabouço fiscal, o que reduziria o impacto na economia.
O aumento do salário mínimo tem efeito cascata nos gastos públicos. Benefícios como aposentadorias, seguro-desemprego e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) são ajustados pelo mesmo índice do piso salarial.
Estima-se que cada R$ 1 de aumento no mínimo gera um impacto de R$ 392 milhões nas despesas do governo.
Assim, o reajuste para R$ 1.521 pode elevar os gastos obrigatórios em R$ 42,7 bilhões.
Cenário global e economia global brasileira
O contexto internacional também deve impactar a economia brasileira. Assim, a política econômica de Donald Trump, nos Estados Unidos, com aumento de tarifas comerciais e cortes de impostos, pode gerar volatilidade no mercado global.
Ao mesmo tempo, a desaceleração econômica na China e os desafios enfrentados pela Europa criam um ambiente externo mais desafiador para países emergentes como o Brasil.
Além disso, internamente, a pressão fiscal e a falta de reformas estruturais agravam a percepção de risco e dificultam a estabilização da dívida pública, afetando câmbio, juros futuros e a confiança dos investidores