“Se não houver um comprometimento firme com a responsabilidade fiscal e o controle da inflação, poderemos enfrentar um cenário semelhante ao do governo Dilma Rousseff, quando a inflação chegou a 10% ao ano e até superior no acumulado de 12 meses”, diz com veemência Lucas Sharau, economista e sócio da iHUB Investimentos. Isso em vista da divulgação do IPCA de 2024 pelo IBGE na manhã desta sexta-feira (10), leia-se inflação, que ficou em 4,83%.
Conforme Sharau, o índice registrou alta de 0,52%, “e isso traz algumas reflexões importantes sobre o momento econômico que vivemos”. O economista explica que dezembro historicamente é um mês de inflação mais elevada no Brasil, impulsionado por fatores sazonais como o pagamento do 13º salário, férias, e um aumento no poder de compra da população. “Este cenário tende a estimular o consumo, o que pressiona os preços e reflete tendências preocupantes para o futuro econômico do país”, disse.
Sharau recorda que o cenário de um ano atrás, havia uma expectativa mais otimista. “O câmbio estava em R$ 5 por dólar, projetavam-se cortes na taxa de juros e a inflação parecia controlada. Contudo, ao longo de 2024, políticas fiscais e econômicas, como o aumento de ministérios, expansão de programas sociais e isenções tributárias, ampliaram os gastos do governo, que já estava endividado”, afirma.
Logo, segundo o economista, embora o governo tenha implementado medidas para aumentar a arrecadação, não houve efetividade porque não houve cortes nos gastos públicos. “Na minha opinião, o pacote anunciado pelo Ministério da Fazenda focou exclusivamente em ampliar a receita, sem abordar de forma estrutural a necessidade de conter as despesas”, afirma.