Caro Investidor!

Como diria Luciano Huck, “loucura, loucura, loucura”. Sim, a expressão define o que vem por aí. A poucos dias da posse do republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos pela segunda vez, o cenário macroeconômico segue desafiador frente ao ciclo de cortes de juros em menor velocidade por lá do que se estimava e a aceleração da alta da Selic no Brasil. Soma-se a isso, o Payroll divulgado na última sexta-feira (10): 256 mil novos postos de trabalho nos EUA.

Destaque também para o PIB: o crescimento para o terceiro trimestre nos EUA teve um avanço robusto, de 3,1% no trimestre anualizado, com consumo pessoal avançando 3,7%. Já a inflação, foi observada uma melhora ao longo do ano, mas com alguns desafios para uma desinflação adicional no sentido da meta de 2,0% de núcleo de PCE em meio a um cenário com atividade melhor do que o esperado. O FED (Banco Central dos EUA), realizou mais um corte de 0,25% em sua taxa básica de juros em dezembro, trazendo a banda mínima da taxa básica de juros para 4,25%, e máxima para 4,50%. 

Na China, após os estímulos pelo lado monetário trazerem otimismo para o crescimento no país, o mercado segue esperando esforço pelo lado fiscal, o que poderia alterar as perspectivas de um menor crescimento para o país.

À espera de Trump 

De acordo com Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, em  janeiro pode-se considerar que serão duas “viradas de ano”: a primeira foi no dia 1º de janeiro e a segunda no dia 20, com o início do novo mandato de Trump. 

“Como observado anteriormente, as declarações do presidente costumam fugir do padrão tradicional, gerando volatilidade nos mercados. Assim como no início de seu primeiro mandato, espera-se que ele promova mudanças significativas rapidamente, buscando implementar suas prioridades logo no início. Essas ações podem incluir alterações em tarifas comerciais, políticas de imigração, e convites para visitas diplomáticas internacionais.

Essas iniciativas têm potencial de impactar os planos dos bancos centrais em diversas economias, o que, por consequência, influencia diretamente o desempenho das BDRs (Brazilian Depositary Receipts) listadas no Brasil. É importante observar que certos setores podem ser mais beneficiados que outros durante sua gestão”, comenta.

Um desses setores é o militar, que deve receber maior apoio, com um orçamento mais amplo, segundo Cruz. “O setor financeiro também tende a se beneficiar, já que ele buscou reduzir regulamentações que limitam a operação das instituições financeiras. Por outro lado, setores como saúde e energia renovável devem enfrentar desafios, já que não são prioridades em sua agenda.”

Já o setor industrial, de acordo com Cruz, embora teoricamente favorecido pelas políticas de incentivo à exportação e pelo esforço de repatriar indústrias, “enfrenta incertezas devido a possíveis impactos de políticas de imigração restritivas e guerra comercial, que podem gerar inflação. Além disso, uma valorização do dólar poderia dificultar as exportações das indústrias locais”.

Por fim, o agropecuário. É um setor também sensível às políticas de imigração, já que depende, em grande parte, de mão de obra estrangeira, muitas vezes mais barata. “Assim, o sucesso de alguns setores estará diretamente ligado à capacidade de Trump em equilibrar suas políticas econômicas e comerciais sem causar distorções significativas no mercado.”

BDRs

As perspectivas para o mercado de BDRs no Brasil em 2025 são positivas, impulsionadas pelo interesse dos investidores em diversificação e acesso a empresas globais, conforme Felipe Paiva, sócio na área de Mercado de Capitais de TozziniFreire Advogados. De acordo com ele, setores como tecnologia e saúde se destacam, enquanto a exposição ao dólar oferece proteção cambial. “Entretanto, desafios como volatilidade do câmbio, custos e liquidez limitada exigem cautela”, alerta.

Paiva ressalta que o cenário econômico global também influencia as perspectivas das políticas monetárias dos EUA e o desempenho das empresas emissoras são cruciais. “A vitória de Donald Trump em 2024, por exemplo, gerou incertezas econômicas que podem afetar exportações e investimentos no Brasil. Ainda assim, o mercado de BDRs segue promissor, sendo uma alternativa estratégica para diversificação em 2025.”

Lucas Sharau, economista e sócio da iHub Investimentos, também considera que os BDRs se destacam positivamente, mas impulsionados pela valorização do dólar e pela expectativa de cortes nos juros nos Estados Unidos. “Setores como tecnologia e consumo no mercado norte-americano vêm se beneficiando, tornando os BDRs uma opção atrativa para diversificação internacional.”

“Para ativos internacionais ainda vemos certo risco em relação às primeiras medidas do governo Trump, especialmente as possíveis tarifas e suas consequências para as empresas americanas e países emergentes”, comenta Alex Falararo, CGA, Estrategista de Investimentos do PagBank(*).

Para o estrategista, a surpresa positiva vem sendo o novo relacionamento do presidente americano com o setor de tecnologia e “gerando um bom momento até mesmo para as criptomoedas”.

Falararo destaca ainda que os BDRs, por serem ativos que sofrem impacto cambial, “eles podem ainda se beneficiar de um câmbio mais elevado, conforme o governo demonstra resistência em fazer as reformas necessárias nas contas públicas”.

(*) Disclaimer obrigatório: “As opiniões emitidas são de responsabilidade exclusiva do analista certificado. O PagBank não tem qualquer responsabilidade por tais opiniões.”