Câmbio

O dólar à vista renovou o patamar recorde na segunda-feira (16), alcançando R$ 6,0942, em alta de 0,99%. A valorização aconteceu apesar de duas intervenções realizadas no câmbio: uma já programada desde sexta-feira, com oferta de US$ 3 bilhões, com compromisso de recompra (leilão à vista), e uma de linha, sem acordo para recomprar, no total de US$ 1,6275 bilhão.

O dólar à vista encerrou a sessão bem perto da estabilidade, na terça-feira (17), depois de ter disparado mais cedo e atingido R$ 6,20 na máxima intradiária. O movimento do dia foi resultado de um alívio no prêmio de risco fiscal e de duas intervenções do Banco Central no mercado, totalizando uma injeção de quase US$ 3,30 bilhões. A valorização firme da moeda americana refletiu tanto o mau humor dos agentes financeiros com a seara fiscal brasileira quanto a falta de liquidez comum do fim do ano. Pelo lado fiscal, comentários do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre a votação de medidas de cortes de gastos ainda nesta terça, ajudaram a amenizar o tamanho do prêmio de risco embutido no câmbio. Já as intervenções do BC ajudaram a irrigar o mercado com dólares, em momento de escassez.

Nos últimos dias, tem sido comum ver o dólar renovar seus recordes nominais. Desde que o preço da moeda norte-americana passou dos R$ 6, só fez aumentar, chegando ao pico de R$ 6,27 na quarta-feira (18). Para além das implicações políticas e no mercado financeiro, o impacto de um dólar tão alto é, principalmente, no bolso do brasileiro. A moeda do Brasil é o real, mas quase tudo que é comercializado por aqui tem uma parcela de dólar envolvida.

O dólar iniciou a manhã da quinta-feira (19) cotado a R$ 6,25 após os últimos dias de alta e recorde histórico. Na parte da tarde, a moeda norte-americana estava cotada em R$ 6,13, no recorte feito antes das 15h (de Brasília). A cotação da moeda norte-americana já disparou 4,5% em dezembro. A alta fez o dólar saltar de R$ 6,0005 para R$ 6,2672 nos 18 primeiros dias do mês. No período, cinco dos 13 pregões resultaram na queda do valor da divisa ante o real. A decisão não unânime, as mudanças nas projeções econômicas, os comentários de Powell ao balanço de riscos inflacionários durante a entrevista coletiva e sua ressalva acerca das incertezas olhando à frente, indicam que devemos ver uma pausa nos cortes de juros na reunião de janeiro.

O dólar operava com baixa ante o real nesta sexta-feira (20), mas estava a caminho de fechar a semana em alta, com os investidores reagindo a nova intervenção no câmbio pelo Banco Central, enquanto digerem o avanço do pacote fiscal do governo no Congresso. O Banco Central vendeu um total de 3 bilhões de dólares à vista em um novo leilão realizado na manhã desta sexta-feira, no que foi a sétima operação do tipo desde a semana passada e um dia após injetar 8 bilhões de dólares à vista no mercado de câmbio, informou a autarquia em comunicado. Às 15h44, o dólar à vista caía 1,18%, a R$ 6,050 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 1,17%, a 6.091 pontos. Desde quinta-feira da semana passada, a autarquia já vendeu mais de 23,75 bilhões de dólares em uma série de intervenções no câmbio, incluindo vendas à vista e leilões de linha (dólares com compromisso de recompra) em meio à forte desvalorização da moeda brasileira em decorrência dos receios fiscais dos investidores.

Além das intervenções do Banco Central, a aprovação do pacote fiscal também contribui para o alívio da pressão cambial. O mercado considera positiva a aprovação do pacote fiscal na Câmara e Senado, mas persiste a insatisfação com a desidratação das medidas e vê necessidade de mais medidas de contenção de despesas para o cumprimento do arcabouço fiscal em 2025.

Ibovespa

O Ibovespa operou, na sessão da segunda-feira, 16, ligeiramente em queda, com o mercado de olho na piora das perspectivas macroeconômicas pelo Boletim Focus. Na semana passada, o principal índice acionário da B3 recuou mais de 1% e passou a operar na casa dos 124 mil pontos, ainda com os temores fiscais no radar.

O Ibovespa operou, na sessão da terça-feira, 17, em alta, com investidores repercutindo a ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar do documento confirmar a elevação da Selic para, no mínimo, 14,25% — o que, na teoria, prejudica a bolsa — a posição firme do BC é tida como positiva, o que ajuda o humor do mercado. Basicamente, a bolsa já está muito barata, principalmente se olharmos preço/lucro, com o pessimismo já bem precificado, de forma que um BC mais conservador e duro acaba sendo bom para uma tentativa de aumento da confiança no país.

O Ibovespa fechou, na sessão da quarta-feira, 18, em forte queda de 3,15%, aos 120.771,88 pontos, após oscilar entre 120.457,48 e 124.698,50. Em comunicado, o Fed afirma que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido e a taxa de desemprego ainda permanece baixa. “A inflação progrediu em direção ao objetivo de 2% do Comitê, mas continua um pouco elevada.”

Após a forte queda de mais de 3% na sessão anterior, o Ibovespa operou, no pregão de quinta-feira, 19, em alta. O principal índice da Bolsa acelerou a alta de 0,66% no fim do dia com a aprovação da PEC dos gastos em 2º turno, chegando aos 121.569 pontos.

O Ibovespa abriu a sessão desta sexta-feira, 20, levemente em queda, com investidores de olho no pacote fiscal. Apesar do avanço do projeto no Congresso, a proposta sai das votações com 19 trechos desidratados, o que preocupa o mercado.

Galípolo

O Ibovespa ganhou gás após vídeo publicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais, ao lado de Gabriel Galípolo, que comandará o Banco Central a partir de 2025. No vídeo, Lula reforçou a mensagem de autonomia do BC e disse que a estabilidade econômica e o combate à inflação são “as coisas mais importantes para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras.” “Você vai ser o presidente com mais autonomia que o BC já teve. Certamente você vai dar uma lição de como é governar o BC com autonomia”, diz Lula no vídeo.

Além de Galípolo, os ministros Fernando Haddad, Simone Tebet e Rui Costa participaram do vídeo. O principal índice da Bolsa, que operava perto da estabilidade, ganhou força e chegou a subir 0,64%, a 121.967 pontos, perto das 15h50. O núcleo do índice subiu 0,1%, na margem, e 2,8% ano a ano em novembro. O avanço mensal foi o mais lento desde maio, o que ajuda a aliviar as preocupações do Fed sobre pressões inflacionárias citadas na última reunião do Comitê de Política Aberta (Fomc, na sigla em inglês) e impulsionam os treasuries para baixo.

Por Luiz Felipe Bazzo é CEO do transferbank, uma das 15 maiores soluções de câmbio do Brasil. O executivo também já trabalhou em multinacionais como Volvo Group e BHS. Além disso, criou startups de diferentes iniciativas e mercados tendo atuado no Founder Institute, incubadora de empresas americanas com sede no Vale do Silício. O executivo morou e estudou na Noruega e México e formou-se em administração de empresas pela FAE Centro Universitário, de Curitiba (PR), e pós-graduado em finanças empresariais pela Universidade Positivo.

Publicidade

Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte