Na decisão do FED desta quarta-feira (18), a expectativa do mercado é de um novo corte na taxa de juros de 0,25%. Essa decisão reflete o cenário atual de acomodação gradual da inflação, que se encontra em 2,7%, ainda acima da meta de longo prazo de 2%, mas com uma trajetória consistente de queda. Apesar desse progresso, o Federal Reserve deve mantém cautela, dado que a inflação ainda não está totalmente ancorada no nível desejado.
O mercado de trabalho continua forte desde a última reunião, com a taxa de desemprego em 4,2%. Embora esse índice esteja ligeiramente acima da mínima do ano passado de 3,4%, ele demonstra que a economia americana segue aquecida e que há resiliência na capacidade de geração de empregos. Esse equilíbrio, entretanto, exige atenção, pois a manutenção de uma economia aquecida pode voltar a pressionar os preços, especialmente se houver novos impulsos fiscais ou mudanças significativas na política econômica.
O cenário para 2025 traz novas variáveis importantes, com a posse do presidente eleito Donald Trump. Suas promessas de cortes significativos nos gastos do governo federal têm potencial para aliviar a pressão inflacionária, especialmente ao reduzir o peso das despesas públicas na economia. Além disso, medidas que estimulem investimentos e o mercado de trabalho podem gerar um crescimento mais robusto e sustentável no longo prazo, como o pacote de corte de impostos já anunciado previamente.
Essas perspectivas indicam que o Fed pode ter maior margem para continuar reduzindo os juros no futuro, sem comprometer a estabilidade inflacionária. Contudo, o impacto dessas políticas dependerá de sua execução e do equilíbrio entre estímulo econômico e disciplina fiscal. Caso as medidas de Trump se concentrem apenas em cortes de impostos ou estímulos desordenados, o risco de reaquecer excessivamente a economia e desancorar as expectativas de inflação pode aumentar.
Em resumo, a decisão do Fed de cortar os juros nesta reunião deve refletir um cenário econômico relativamente estável, mas que exige atenção para os desafios do próximo ano. O equilíbrio entre crescimento, inflação e mercado de trabalho será essencial para determinar os rumos da política monetária nos Estados Unidos em 2025.
Por Luiz Arthur Fioreze, diretor de Gestão de Fundos da Oryx Capital