Seis meses após ser considerado o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos condenado por um crime, o republicano Donald Trump protagoniza um dos retornos mais notáveis da história política americana.
Nesta quinta-feira (12), ele tocou o sino de abertura da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), a poucos quarteirões do tribunal em Manhattan onde foi julgado.
Paralelamente, a revista Time o reconheceu como sua Personalidade do Ano de 2024 e destacou sua influência esmagadora nos eventos globais do ano.
Trump passou de um político desacreditado a um presidente eleito que conquistou a Casa Branca de forma decisiva. Sua vitória marca uma reviravolta histórica e reafirma sua habilidade de conectar-se a sentimentos profundos da população americana.
“Para o bem ou para o mal, ele teve a maior influência nas notícias em 2024“, declarou Sam Jacobs, editor-chefe da Time, ao anunciar a escolha no programa Today, da NBC.
Ele ressaltou que Trump representa “um retorno histórico” e uma figura que “remodelou a presidência americana“.
Honrarias a Trump no coração de Manhattan
O evento na NYSE, um marco da cultura e política americana, marcou a primeira vez em que Trump tocou o sino de abertura.
A cerimônia ocorre às 9:30 e frequentemente recebe líderes empresariais e celebridades.
De acordo com fontes próximas, Trump compareceu para simbolizar o início de uma nova fase de negociações e para reforçar sua posição como líder econômico e político.
Trump já havia recebido o título de Personalidade do Ano pela Time em 2016, quando foi eleito pela primeira vez para a Casa Branca.
Nesta edição, ele superou finalistas como Kamala Harris, Elon Musk, Benjamin Netanyahu e Kate Middletton, a princesa de Gales.
A campanha dos 72 Dias de Fúria
Em entrevista à revista, Trump descreveu os esforços finais de sua campanha eleitoral como “72 Dias de Fúria“, e reflete sua abordagem agressiva e sua capacidade de mobilizar os eleitores. “Atingimos o nervo do país. O país estava bravo“, afirmou, para explicar como capturou os sentimentos de frustração e incerteza econômica de boa parte do eleitorado.
Trump reiterou planos ousados para seu novo mandato.
Ele prometeu perdoar a maioria dos envolvidos na invasão do Capitólio de 6 de janeiro de 2021, e afirma que esse processo vai começar “na primeira hora” de seu governo, “talvez nos primeiros nove minutos“.
Sobre o uso de militares para deportações em massa, Trump insistiu que suas ações respeitarão a lei, embora prometa ir “até o nível máximo permitido“.
Ele argumentou que situações como a imigração irregular podem ser tratadas como uma invasão, o que permitiria o uso de recursos militares.
Na política externa, Trump enfatizou sua intenção de mediar a guerra em Gaza, mas ressaltou: “Eu não confio em ninguém“, inclusive o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, com quem mantém uma relação delicada.
Críticas à vice-presidente Kamala Harris
Marc Benioff, bilionário dono da revista Time e CEO da Salesforce, usou a ocasião para criticar a vice-presidente democrata Kamala Harris por não conceder entrevistas à publicação.
“Acreditamos na transparência e publicamos cada entrevista na íntegra. Por que a vice-presidente não se envolve com o público no mesmo nível?“, questionou em uma postagem na plataforma X.
Mercado e comunidade empresarial estão divididos em relação a Trump
O retorno de Trump reacende debates na comunidade empresarial.
Líderes do setor aplaudiram suas promessas de redução de impostos corporativos e diminuição de regulamentações, mas demonstraram preocupação com possíveis tarifas amplas e ações contra empresas que ele considera desalinhadas a seus interesses políticos.
A Bolsa de Valores dos EUA historicamente se adapta bem a mudanças de governo, independentemente do partido no poder.
No entanto, analistas alertam que um governo Trump pode redesenhar setores vencedores e perdedores, e consideram sua preferência por tarifas mais altas, impostos mais baixos e regulamentações mais leves.
A fascinação de Trump pela revista Time
Trump, que apareceu pela primeira vez na capa da Time em 1989, possui uma relação peculiar com a publicação.
Ele chegou a pendurar fotos falsas de capas da revista em seus clubes de golfe, conforme revelou o Washington Post em 2017.
Em meio às celebrações de sua vitória, os advogados de Trump continuam a trabalhar para anular sua condenação em Manhattan.
A defesa argumenta que a decisão judicial foi politicamente motivada, enquanto o presidente eleito se concentra em consolidar seu retorno triunfal.
Donald Trump emerge como uma figura polarizadora, mas inegavelmente influente e consolida sua posição como uma das personalidades mais controversas e poderosas da política contemporânea.
Suas ações nos próximos meses serão observadas de perto, tanto por apoiadores quanto por críticos, enquanto ele assume novamente o Salão Oval.
As informações são de NBC New York.