A fuga de capital na B3 chegou principalmente pelos investidores estrangeiros em 2024.
A bolsa brasileira caminha para fechar o ano com desempenho fraco. O Ibovespa, principal índice, chegou a renovar máximas históricas este ano, mas o rali durou pouco.
Incertezas fiscais pressionaram o mercado, empurrando o Ibovespa para uma queda acumulada de 6,35% até o fechamento de novembro.
A recepção do mercado ao anúncio do pacote de contenção de gastos que prevê economias de aproximadamente R$ 70 bilhões nos próximos dois anos não foi nada boa.
Isso, somado à disparada do dólar para máximas histórias contra o real, fez com que o interesse por ativos de risco domésticos diminuísse ainda mais.
Até novembro, investidores estrangeiros retiraram mais de R$ 20 bilhões na B3.
Estrangeiros na B3: saídas de R$ 25,9 bilhões
Até novembro, o saldo de investimento estrangeiro, considerando IPOs e follow-ons, atingiu volume negativo de R$ 25,9 bilhões no ano. As saídas somaram –R$ 3,05 bilhões no último mês, pior resultado mensal desde junho, quando chegaram a –R$ 4,23 bilhões.
Mas a fuga de capital teve seu pico mesmo em abril. As vendas superaram as compras em R$ 11,09 bilhões.
De janeiro a novembro de 2024, o fluxo estrangeiro só marcou três meses de saldo positivo.
Veja:
Pior ano desde início de série
Com volume negativo acumulado de R$ 25,9 bilhões, o fluxo de investimento vindo do exterior quebrou a sequência de entrada de capital dos últimos quatro anos.
O resultado também é o pior desde 2016, quando a B3 passou a disponibilizar dados da série.
Até então o desempenho mais fraco tinha sido em 2019, quando as saídas totalizaram R$ 6,49 bilhões.
O peso da participação dos estrangeiros na bolsa
Investidores estrangeiros representam com folga a maior parcela de participação no mercado de investimentos no Brasil.
Desde 2021, a representatividade desse grupo é superior a 50% de toda a participação dos investidores na bolsa brasileira.
Em 2024, o percentual representado pelos investidores estrangeiros é de 55,70%.
Enquanto isso, investidores pessoas físicas e institucionais têm perdido espaço, chegando aos atuais 13,50% e 26,30% em representatividade, respectivamente, do quadro de participantes.
Ano | Pessoas Físicas** | Institucionais | Estrangeiro | Instituições Financeiras | Outros*** |
2019 | 18,20% | 31,50% | 45,00% | 4,60% | 0,80% |
2020 | 21,40% | 27,20% | 46,60% | 4,00% | 0,90% |
2021 | 19,00% | 25,00% | 50,50% | 4,30% | 1,20% |
2022 | 14,90% | 25,70% | 54,90% | 3,70% | 0,90% |
2023 | 13,80% | 27,10% | 54,70% | 3,60% | 0,80% |
2024* | 13,50% | 26,30% | 55,70% | 3,70% | 0,80% |
Fonte: Quantum Finance/B3
Obs.: Considerada a soma do volume de compra e venda.
*Até 2 de dezembro de 2024
** Pessoas Físicas + Clubes de Investimento
*** Empresas Públicas e Privadas + Outros
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