A inflação oficial do país fechou novembro em 0,39%, segundo os dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a outubro (0,56%), houve uma desaceleração, mas não significa que os preços ficaram mais baratos, mas que subiram menos. O custo da alimentação foi o que mais pressionou o IPCA em novembro.
No acumulado de 12 meses, a inflação oficial soma 4,87%, acima da meta do governo de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para mais ou para menos. É também o maior acumulado desde setembro de 2023. No acumulado do ano, ou seja, de janeiro e novembro, o IPCA sobe 4,29%.
“Caso o IPCA seja superior a 0,20% em dezembro, o IPCA ficará acima da meta”, calcula o gerente da pesquisa do IBGE, André Almeida.
Expectativas
Para os analistas do Inter, o resultado de novembro ainda indica uma piora do processo inflacionário, mas a desaceleração frente a outubro é uma boa notícia. O resultado do IPCA não justificaria uma aceleração do ritmo de alta da Selic, no entanto, a deterioração nas expectativas de inflação e a recente desvalorização cambial devem ser os fatores que mais pesarão na decisão do Copom desta quarta-feira (11).
“Mantemos nosso call de 0,75 p.p. com uma expectativa de um comunicado ainda duro com o objetivo de reancorar as expectativas, mas o cenário permanece de cautela e assimetria no balanço de riscos.”
Ao Infomoney, Leonardo Costa, economista do ASA, disse que o balanço qualitativo do IPCA foi preocupante. Ele destacou o impacto do aumento no preço da carne e dos serviços de alimentação e recreação, o que levou à maior média móvel trimestral dos núcleos de serviços desde abril de 2023. “A aceleração dos serviços indica mais custo para ancorar as expectativas de inflação”, afirmou o especialista, que projeta inflação de 4,8% para 2024 e 5,2% para 2025.
Apreensão
Para Lucas Sharau, economista e assessor na iHub Investimentos, “o mercado está bastante apreensivo. A meta estabelecida pelo Banco Central para o final deste ano prevê que o índice fique entre 2,5% e 4,5%, considerando a faixa de tolerância de 1,5% para mais ou para menos.”
Entretanto, Sharau destaca que já se está acima do limite superior, com a inflação acumulada nos últimos 12 meses atingindo 4,87%. “Diante disso, a expectativa do mercado é de que o índice não se encaixe dentro da faixa de tolerância até o final do ano. Esse cenário também reflete a incerteza quanto à capacidade do governo em controlar a inflação.”
A expectativa agora, conforme o economista, é que as reformas enviadas ao Congresso, propostas pelo Ministério da Fazenda, comecem a surtir efeito e tragam alívio, principalmente no atual contexto inflacionário do Brasil.”
(Fontes: Ag. Brasil/InfoMoney)