O anúncio do pacote de corte de gastos, combinado com pesadas desonerações tributárias, trouxe nova onda de piora dos ativos domésticos nas últimas semanas e, consequentemente, gerou adicional piora nas perspectivas dos principais indicadores econômicos do Brasil, o que motivou a nossa revisão de cenário.
O câmbio foi a variável que mais sentiu com o adicional descrédito da política fiscal do atual Governo. Passamos a projetar taxa de R$6,00/$ ao final de 2024 (desvalorização de mais de 20% no ano, desvalorização de 8% apenas nos últimos 3 meses). Em 2025 o câmbio deve chegar a R$6,15/$.
A inflação de 2024 deve sofrer mais com o choque de alimentos deste final de ano (liderado pela alta de carnes) e pela resistência dos itens inerciais (especialmente serviços). O movimento cambial deve afetar a inflação doméstica, com o repasse cambial se concentrando no começo de 2025 e afetando principalmente a cesta de comercializáveis (alimentos, bens industrializados). O IPCA de 2024 é projetado em 4,8% e o de 2025 em 5,2%.
O impulso fiscal e o bom desempenho do mercado de trabalho explicam boa parte do desempenho do PIB em 2024, com surpresa positiva no dado do 3T (crescimento de 0,9% no trimestre, medido pelo IBGE), o PIB deste ano deve crescer 3,6%. Sem o ímpeto fiscal de 2024 e com juro mais elevado, projetamos desaceleração para 2,5% em 2025 – ritmo de crescimento ainda forte, acima do potencial.
Perante o ambiente doméstico mais adverso, com inflação corrente em elevação, hiato do produto no positivo e piora consistente das expectativas, esperamos que o Banco Central acelere o ritmo de alta de juros na última reunião de 2024 em 100 pontos base, seguindo de mais altas que totalizem 175 pontos base, com a taxa terminal alcançando 14% e se mantendo estável por um longo período. (Em 2024, a Selic encerra em 12,25%, em 2025 em 14%.)
No Fiscal, o sinal vindo do anúncio do pacote, de que o governo não está disposto a abrir mão das suas prioridades políticas ante a necessidade de mais agilidade no caminho do equilíbrio das contas públicas, sustenta a perspectiva de crescimento persistente da relação DBGG/PIB.
Projeções abertas:
PIB 2024: +3,5% (de +3,2%)
PIB 2025: +2,5% (de +2,0%)
IPCA 2024: +4,8% (de +4,6%)
IPCA 2025: +5,2% (de +4,5%)
Selic 2024: 12,25% (de 12,00%)
Selic 2025: 14,00% (de 13,50%)
Câmbio 2024: R$6,00/$ (de R$5,80/$)
Câmbio 2025: R$6,15/$ (de R$5,90/$)
Equipe de Economistas do ASA