O conselho de administração, colegiado responsável pelas decisões estratégicas das organizações, tem muito a ganhar com a diversidade, com a riqueza de diferentes vivências e perspectivas. No entanto, ainda precisamos evoluir muito nesta direção, em 2023, apenas 15,9% dos assentos em conselhos no Brasil eram ocupados por mulheres, segundo o estudo “Women in the Boardroom 2024” (Deloitte).
Como a primeira mulher a ocupar um assento no conselho da ABRH-RS e também no Grupo Panvel, compartilho alguns fatores que considero essenciais para mulheres que desejam contribuir com o desenvolvimento de empresas mais sustentáveis e adaptáveis ao cenário de grandes transformações.
Referências inspiradoras
Referências são essenciais para nos inspirar e desafiar a expandir nossos próprios horizontes. O papel dessas referências (femininas ou não) é nos ajudar a compreender e construir o caminho para uma posição estratégica. Ter uma liderança inspiradora fez diferença na minha trajetória.
Planejamento de carreira
Para estar em um conselho, é preciso trazer uma bagagem consistente, que vem da vivência e da experiência diante de inúmeras tomadas de decisão. Pense onde deseja chegar e construa uma trajetória que reúna conhecimento e credibilidade, sempre com foco em aprendizado contínuo.
Networking estratégico
A construção de uma rede de relacionamentos também é fundamental para atuar em conselhos e consolidar a presença nesses colegiados. Participar de entidades como o IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, o Grupo Mulheres do Brasil, bem como de fóruns e eventos sobre governança, contribui muito neste sentido.
Independência financeira
Uma base financeira sólida permite autonomia tanto na escolha quanto na permanência em conselhos de empresas alinhadas com seus valores e com os princípios de governança.
Valorização do olhar feminino
Mulheres nos conselhos trazem diversidade cognitiva, uma visão única e valiosa. Não é preciso adotar uma abordagem idêntica à masculina. Capacidade de leitura dos ambientes e empatia, entre outros atributos, são algumas das competências que enriquecem as decisões, por exemplo.
Impacto social
Que legado desejamos deixar? Que projetos sociais e iniciativas podem impactar positivamente a comunidade e, em especial, outras mulheres? Ser conselheira é também uma oportunidade de gerar transformação social.
Visão de futuro
O papel de conselheira é olhar para o longo prazo e preparar a organização para os desafios futuros. Diferentemente da executiva, a conselheira antecipa tendências, analisa riscos e indica o caminho a ser seguido. Desenvolvimento de novas competências faz parte do aprimoramento desta visão.
Equilíbrio
Harmonizar as dimensões física, intelectual, emocional e espiritual é a base para uma carreira duradoura, além de fortalecer nossa capacidade e decisão.
Que cada vez mais mulheres contribuam com a criação de um futuro próspero para todos!
Clarisse Martins Costa
É formada em psicologia, com especialização em gestão de RH. Atuou por 28 anos como executiva de RH de Lojas Renner S.A., onde tinha sob sua responsabilidade as áreas de Gestão de Pessoas, Sustentabilidade e Centro de Serviços Compartilhados. É conselheira independente do Grupo Panvel, da Madesa e do CIEE-RS. Atua como membro do Comitê de Pessoas da Copersucar, do Grupo Panvel e da Unimed POA. É coordenadora do Capítulo RS do IBGC e membro da Comissão de Pessoas do IBGC. Autora do livro Gestão de Pessoas na Estratégia Empresarial.