Dando continuidade à recuperação dos números operacionais e financeiros, respirando sem aparelhos, o Santander (SANB11) reportou resultados acima do consenso de mercado no 3T24. O Best in Class teve um lucro líquido de R$ 3,7 bilhões no 3T24, alta de 34,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já seu ROE (retorno sobre patrimônio líquido) ficou em 17% (+3,9 p.p.). Entretanto, o banco ainda segue distante de atingir os patamares pré-pandemia, em especial a rentabilidade.
Isso porque até 2020, o Santander possuía um lucro anual superior a R$ 16 bilhões e, agora, de cerca de R$ 12 bilhões. Seu ROE (12 meses) chegou a 18% no final de 2019 e agora está em 9,9%. “Ainda que, anualizando seus números (multiplicando os resultados do 3T24 por quatro), os resultados possam melhorar, não seria a análise mais adequada a ser feita e, mesmo assim, os valores ainda estariam distantes das máximas dos últimos anos”, comentam os analistas da Nord.
A margem financeira bruta (receita de produtos bancários com clientes e com o mercado) foi de R$ 15,2 bilhões, alta de 15,8% na comparação anual. A receita de comissões cresceu 13,3%, atingindo R$ 5,3 bilhões. Dessa forma o banco feiro o 3T com uma a receita total de R$ 20,5 bilhões, incremento de 15,1%.
Destaques
Atenção para o resultado de PDD (provisão de devedores duvidosos), que apresentou leve alta de 4,7%, mas que segue em queda na comparação trimestral (-0,2%). “Sendo assim, com um nível mais controlado de provisões após um período recente desafiador (em especial pelo cenário de juros no país), o Santander pôde registrar um lucro líquido de R$ 3,7 bilhões.”
Com a recuperação de seus resultados, seu retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) recorrente atingiu 17% no trimestre, alta de 3,9 pontos percentuais. No acumulado dos últimos 12 meses, porém, o ROE segue abaixo de 10%.
“Vale ressaltar que o banco ainda entregou um índice de Basileia (patrimônio/ativos ponderados por seus riscos = quanto maior, melhor) de 15,3%, crescimento de +1p.p. em relação ao 3T23 e de +0,9 p.p. na comparação trimestral”, diz a Nord.
Proventos de Santander (SANB11)
O Santander (SANB11) possui um dividend yield de 5,6%. Apesar de se aproximar da média histórica da bolsa brasileira (próximo de 6%), o número ainda fica abaixo de outros grandes bancos do mercado interno, como Banco do Brasil e Itaú, que possuem rendimentos próximos aos dois dígitos.
Na análise da Montebravo, apesar do lucro líquido ligeiramente acima do esperado, os números operacionais vieram em linha com as projeções, “com a menor taxa efetiva de imposto explicando a “batida” do lucro em relação ao consenso”.
Além disso, o banco continua aumentando seletivamente a concessão de crédito para algumas categorias específicas que tem possibilitado o constante aumento dos spreads, mesmo com um cenário ligeiramente mais desafiador para o crescimento da Carteira de Crédito.
“A margem financeira com o mercado continuou positiva, porém com resultados piores
do que no trimestre passado, com maior volatilidade e juros mais altos impactando o resultado. Apesar da retração t/t, os valores continuam positivos.”
Sobre a qualidade de crédito, a Montebravo vê alguma evolução, com a inadimplência entre 15 e 90 dias continuando sua trajetória de queda e atingindo 3,6%. A inadimplência acima de 90 dias se manteve estável em 3,2%.
“O resultado foi neutro pois acreditamos que, apesar da melhora na qualidade da carteira de crédito e na excelente performance na parte de comissões, o banco continua apresentando algumas dificuldades para o crescimento e rentabilização em sua carteira de crédito. A nova estratégia do Santander de aumentar a principalidade deve tornar o banco menos cíclico e possibilitar que ele seja mais disciplinado no crescimento de suas operações ao longo dos anos.”
Otimismo
Os analistas da XP Investimentos esperam uma reação ligeiramente positiva do mercado, refletindo o trimestre consecutivo de crescimento da lucratividade. “No geral, vemos o Santander no caminho certo para entregar resultados ainda melhores no futuro.”
Os analistas ressaltam que nos últimos trimestres, o banco diversificou seu mix de financiamento, aumentou sua exposição a clientes de alta renda (Select), melhorou a qualidade do crédito e alcançou um crescimento saudável da carteira por meio de uma atividade comercial eficaz.
“Em nossa opinião, essas conquistas preparam o caminho para que o banco aumente ainda mais sua lucratividade, deixando para trás os dias de ROE abaixo do custo de capital.”
Melhora das receitas de Santander (SANB11) segue animando
O BTG Pactual vê a melhora das receitas com prestação de serviço/captação de recursos e disciplina como aspectos positivos; mas por enquanto, permanece neutro.
“Em suma, continuamos a ver os resultados do Santander (SANB11) numa tendência de melhoria, com os objetivos do CEO Mario Leão de melhorar a principalidade do cliente, as receitas de prestação de serviços e a captação com varejo contribuindo positivamente, em última análise, reduzindo a ciclicidade do banco”, comentam os analistas.
Isso combinado com a sua maior disciplina de crescimento, é um diferencial para a tese de investimento a longo prazo. “No entanto, a potencial deterioração do ambiente macroeconómico e os spreads menores nos mercados de atacado e de crédito consignado sinalizam possíveis desafios para o crescimento no próximo trimestre, possivelmente atrasando a recuperação total do ROE.”
Para a XP, embora não considere as ações excessivamente caras, com 1,2x o P/VP mais recente, especialmente considerando seu fraco desempenho em relação ao Bradesco (negociado a 1x, mas com ROE muito menor e mais pressão de crescimento), mantém uma recomendação Neutra. “Itaú continua como principal escolha entre os bancos brasileiros.”
Os analistas da Genial dizem que apesar da contínua melhora na rentabilidade e um valuation voltando a patamares atraentes, ainda acreditam que existem melhores opções de investimento dentro do setor.
Negociando a 8,0x P/L 2024e, 6,8x P/L 2025e e 1,15x P/VP 2024e, o banco está com um prêmio em relação a rivais, com exceção do Itaú que tem uma rentabilidade superior e mais consistente ao longo dos ciclos de crédito. Dessa forma, reiteramos nossa recomendação de manter com preço-alvo de R$ 31,80, representando um potencial de valorização de 12%.”
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