Oi - OIBR3 OIBR4
Crédito: Estadão Conteúdo/Paulo Vitor

Nesta quarta-feira (13), as ações ordinárias da Oi (OIBR3) mostram recuperação frente ao derretimento de mais de 60% na última terça-feira (12). Por volta das 13:20, os papéis da companhia subiam 8% a R$ 1,08.

A forte queda de ontem levou o papel a ser negociado abaixo dos R$ 1,00, o que acendeu alerta entre investidores sobre o risco de a empresa voltar a ser uma “penny stock” — termo que caracteriza ações negociadas por menos de R$ 1,00.

Diante dessa situação, a companhia foi removida do Ibovespa, já que a permanência no índice exige um valor mínimo por ação, superior a R$ 1,00, por mais de 30 pregões consecutivos.

Enquanto a OIBR3 se recupera, as ações preferenciais OIBR4 operam em forte queda. Por volta das 13:20, os papéis caíam 7,25% a R$ 9,08.

Qual foi o motivo para queda de mais de 60% nas ações ordinárias da Oi?

Segundo Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, a OIBR3 caiu 60% por conta do aumento de capital via emissão de ações anunciado pela Oi.

“Esse aumento de capital serviu para a empresa trocar a dívida que possui diante dos credores em ações. Como as ações foram entregues no dia 12, esse movimento que vimos pode ter justamente parte desses novos acionistas da OI vendendo as ações para “sanar” essa dívida, visto que o que de fato queriam os credores era o valor financeiro e não equity da empresa” afirmou o analista.

Isso resultou em uma mudança na estrutura de acionistas, com credores assumindo o controle — a Pimco, por exemplo, detém agora 36,48% das ações, enquanto SC Lowy e Ashmore têm 12,27% e 9,53%, respectivamente.

Além disso, a queda das ações também está atrelada ao desempenho da Oi no terceiro trimestre, que mostrou dificuldades, segundo analistas.

Com um prejuízo operacional e uma queda de 14,4% na receita líquida anual, a situação da Oi é crítica.

Apesar de ter reportado um lucro líquido de R$ 243 milhões, esse valor reflete ganhos contábeis e não uma entrada de caixa.

Ao fim do terceiro trimestre, a empresa contava com R$ 1,3 bilhão em caixa, uma redução de 31% em relação ao trimestre anterior, enquanto sua dívida líquida alcançou R$ 8,9 bilhões, evidenciando a urgência de medidas de contenção e reestruturação.

Nesse sentido, o mercado agora acompanha com atenção a assembleia-geral de acionistas, marcada para 11 de dezembro, que elegerá novos membros do conselho de administração.

A reunião, além de ajustar a governança para a nova fase da companhia, refletirá o aumento de capital recente da empresa.

Sobretudo, um ponto crítico dessa operação de capitalização foi a ausência de um mecanismo de lock-up, que impediria a venda rápida das ações pelos novos acionistas.

Sem essa trava, eles podem liquidar suas posições, o que aumenta a volatilidade e a incerteza sobre o futuro do preço dos papéis da Oi.

Próximos passos na recuperação judicial

O plano da Oi para os próximos anos, reiterado pela administração na proposta para a assembleia, é focar em serviços B2B (business-to-business) por meio da Oi Soluções, uma divisão que atende mais de 40 mil empresas, incluindo algumas das maiores do Brasil.

No entanto, o fechamento da operação de banda larga, a Oi Fibra, trouxe um rombo inesperado: vendida para a V.tal por R$ 5,4 bilhões, a transação foi realizada sem o pagamento em dinheiro, usando um abatimento de dívidas e entrega de ações, ao contrário do valor inicial esperado de R$ 7,3 bilhões.

Outro fator que impacta a operadora é o atraso na finalização da concessão de telefonia fixa, que depende de aprovação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Esta demora trouxe custos adicionais, como o pagamento de R$ 160 milhões em multas e a manutenção de uma infraestrutura defasada.

A Oi já começou a negociar um financiamento de R$ 1,5 bilhão para fortalecer o caixa, enquanto busca formas de reduzir custos e renegociar prazos com credores.

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