O mundo sabe que as economias globais tendem a desacelerar no caso de um segundo mandato de Donald Trump. De acordo com  Alex Falararo, estrategista de Investimentos do PagBank*, “a principal pauta de Donald Trump é aplicar tarifas à importação de produtos de outros países e isso provavelmente irá desacelerar o crescimento de muitas economias”. 

Ele diz que o tamanho do impacto é muito difícil de saber, “pois as propostas dependerão de aprovação no Congresso e no Senado e nem toda tarifa é bem-vinda na ótica democrata, pois o exagero na imposição de tarifas de importação acabará chegando ao bolso dos consumidores através da inflação de preços”.

Com Kamala, conforme Alex, as relações internacionais devem ter uma postura mais equilibrada, mas a dinâmica econômica deve ser afetada de outra maneira, através dos impostos mais elevados para as empresas. “Por mais que os Democratas também defendam a indústria nacional, a taxação de grandes empresas, que é algo de sua plataforma, pode fazer com que outros países sintam o impacto exportando inflação.”

Outros impactos

Ibovespa: Embora Trump tenha uma visão empresarial, suas decisões são voltadas ao lema “America First”, ou seja, que envolve tornar o país menos dependente das relações internacionais e adotando uma postura mais dominante sobre os parceiros comerciais. Sendo assim, sua postura potencialmente puniria a maioria dos países exportadores para os Estados Unidos e suas empresas. “Não acredito que o Ibovespa sofra alguma perda relevante derivada da vitória de Trump, mas com certeza o evento deverá entrar no preço de linhas de negócios de algumas empresas de forma seletiva, principalmente empresas que exportam para os Estados Unidos como o setor de commodities e industrial.”

Kamala, por sua vez, pode encorajar melhores relações com países emergentes, principalmente o Brasil por sua contribuição na questão da sustentabilidade ambiental.

Dólar:Trump por agir de maneira mais protecionista à indústria americana acaba por fortalecer a já principal moeda do comércio global. 

Enquanto Kamala Harris deve adotar uma postura mais equilibrada nas relações comerciais, trazendo menos solavancos para a moeda, ambos candidatos apresentam ideias que devem pressionar o déficit fiscal, o que pode desvalorizar o dólar no médio prazo, caso a dívida pública cresça de maneira excessiva.

Bitcoin: o governo americano, de forma geral, tem um legislativo bastante atuante, enfatizando regulamentar as criptomoedas, assim como o faz com corporações em situação de monopólio/oligopólio, independente do candidato que possa vencer. Portanto, a variação do bitcoin deve vir muito mais da consolidação da regulamentação do que da eleição de um ou outro candidato nesse primeiro momento.

“Vale lembrar, que, com uma volatilidade mais de 10x a do Ibovespa, as criptomoedas são muito mais suscetíveis a boatos e “tweets” do que ativos mais consolidados e fundamentados na economia.”

Imagem: Freepik

Brasil-EUA

Sobre a Relação Brasil e EUA, Alex Falararo diz que Trump não tem um alinhamento ideológico com o governo Lula, contudo, “a questão é muito menos sobre o governo atual e muito mais sobre a relevância do Brasil para os Estados Unidos”.

Logo, para o estrategista, tanto Kamala Harris, quanto Donald Trump devem manter suas relações com o Brasil de forma estratégica, “dado que o Brasil historicamente não se opõe aos negócios dos Estados Unidos e é um exportador de commodities relevante”.

Além disso, ele comenta que os dois partidos americanos devem olhar para o Brasil de maneira mais pragmática e menos individualizada. “Com Kamala devemos ver muito mais cooperação principalmente em termos de tecnologia ambiental, que foi uma das pautas defendidas pelo governo Lula em sua campanha.”

China – Alex ainda destaca que contrariamente a isso, a guerra comercial com a China, em maior ou menor intensidade, é bipartidária nos Estados Unidos, ou seja, “qualquer que seja o candidato as relações com o gigante asiático devem ser sensíveis”. Assim, segundo ele,  se o Brasil de alguma maneira sinalizar mais favorecimento à relação com a China, seu principal parceiro comercial, “pode ser que a relação com o governo americano fique com um gosto mais amargo e a diplomacia ceda espaço para pressões comerciais”.

*(Disclaimer: “As opiniões emitidas são de responsabilidade exclusiva do analista certificado. O PagBank não tem qualquer responsabilidade por tais opiniões.”)

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